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Hoje é o Dia Mundial de Redução da Mortalidade Materna. |
Muito se fala em mortalidade infantil, mas muita gente não sabe que os índices de outra fatalidade com nome parecido também são preocupantes e merecem uma atenção especial, a mortalidade materna, lembrada neste sábado (28), com o Dia Mundial de Redução da Mortalidade Materna. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), em 2009, o Paraná registrou um número de 47 mortes maternas a cada 100 mil crianças nascidas vivas.
No ano seguinte, a quantidade passou a ser ainda maior, de 53 a cada 100 mil. A estatística mostra que o problema está longe de ser resolvido e o Paraná não chega nem perto do índice apontado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como ideal em 2000, quando estabeleceu os Objetivos do Milênio, 22 mortes maternas a cada 100 mil bebês nascidos vivos.
De acordo com a chefe da divisão de Atenção à Mulher e à Criança da Sesa e coordenadora do Projeto Mãe Paranaense, Rogéria Fadel Ribas, é considerada mortalidade materna quando o óbito é registrado durante o período da gravidez, no momento do parto ou em nos dez primeiros dias do pós-parto.
Para ela, a estatística mostra que é preciso uma atenção maior por parte do poder público em relação à assistência materna durante todo o período de gestação até a criança completar um ano de vida. “Esses valores são altos e servem como indicador de um problema sério de saúde pública devido a uma descontinuidade de políticas públicas, mostrando que é preciso desenvolver ações em cima das falhas apontadas na assistência materna”.
Rogéria garante que com a criação do Projeto Mãe Paranaense, o governo estadual pode atingir a meta proposta pela OMS em 2015. “Esse serviço vai atender mais de três milhões de mulheres férteis e cerca de 150 mil gestantes por ano. Com isso, temos condições de chegar aos números dispostos no 5° Objetivo do Milênio, oferecendo uma redução anual de 7% na mortalidade materna nos próximos quatro anos”, afirma. Para isso, o foco do atendimento deve ser a prevenção. “A maioria dos casos de mortalidade materna é composta de situações evitáveis, nas quais outras doenças fazem com que a gestante tenha complicações na gravidez”, comenta.
Segundo ela, as principais patologias que podem oferecer riscos à gravidez são a hipertensão, a infecção urinária e a hemorragia. Por isso, é necessário que as gestantes façam o pré-natal corretamente para que o diagnóstico dessas patologias seja feito de forma adequada. “A principal função do pré-natal é justamente essa, a prevenção de complicações, mas muitas mulheres ainda sofrem com a falta de informações sobre a necessidade desse acompanhamento”, analisa o ginecologista e obstetra do Hospital Evangélico e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Márcio Almeida.
Além disso, o médico aponta que, quando há diagnóstico de alguma patologia que possa causar complicações na gravidez, a gestante deve ser atendida em uma estrutura adequada. “Alguns serviços não têm condições adequadas para atender as patologias detectadas e oferecer ainda mais risco à gestante, por isso, é extremamente necessário que o acompanhamento e o parto sejam feitos em um local em que haja suporte para atender essa demanda”, ressalta.
A própria Sesa está preocupada com essa questão. “Além do pré-natal de qualidade e a identificação do risco durante a gravidez, é preciso que a gestante tenha uma assistência de acordo com o risco, seja encaminhada para um serviço de referência para atendimentos de alta complexidade e tenha uma assistência qualificada no parto e no pós-parto”, afirma Rogéria.
Cuidado maior
De acordo com Almeida, as mulheres que já apresentam uma determinada doença que possa apresentar riscos à gravidez devem ter um cuidado ainda maior. “Nesses casos, a patologia pode ficar ainda mais evidente durante a gestação e ser um fator contribuinte para as complicações”. Segundo a cardiopediatra e integrante da Sociedade Paranaense de Cardiologia, Márcia Barberata, as cardiopatias seriam as patologias que apresentam mais riscos às gestantes.
“Principalmente em casos em que a doença é congênita, a mulher já nasceu com ela, o risco de complicações e mortalidade é mais elevado. Em alguns casos, dependendo do tipo de cardiopatia apresentada, a mortalidade pode chegar até a 50%”, informa. Quando a mulher já sabe da existência da doença, a orientação de Márcia é para que ela discuta a possibilidade de gravidez junto com seu cardiologista.
“É extremamente necessária essa avaliação antes do início da gravidez para que não haja riscos para a vida da mãe e do próprio bebê”. Já nos casos em que não há um diagnóstico prévio da doença, a médica reforça a necessidade de um pré-natal bem feito para que haja um acompanhamento adequado por um cardiologista, inclusive por conta dos medicamentos que essas doenças exigem.
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