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18ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, Boston, USA, 27 de Fevereiro - 2 de Março de 2011
Quarta-feira, 2 de Março de 2011
Conteúdos
- Tratamento para o VIH: inibidor de entrada experimental com bons resultados em estudo
- Tratamento anti-retroviral e doença cardiovascular: sem ligação ao abacavir
- Tratamento do VIH em contextos de recursos limitados: carga viral não é essencial
- Prognóstico: perda de massa muscular nos membros e acumulação de gordura associada a risco de mortalidade
- Prevenir o VIH: PrEP
- Outros recursos da NAM
Tratamento para o VIH: inibidor de entrada experimental com bons resultados em estudo
Actualmente conhecido como BMS-663068, o medicamento demonstrou ser seguro e eficaz contra o vírus.
A entrada do VIH na célula é feita em três passos. O vírus deve, em primeiro, fixar-se ao receptor CD4 na superfície da célula, em seguida, ligar-se a um co-receptor (ao CCR5 ou CxCR4) e, por fim, fundir-se na membrana celular, libertando componentes virais dentro da célula. Entre os medicamentos que funcionam à entrada da célula, o antagonista CCR4 maraviroc (Celsentri® na Europa e Selzentry®nos E.U.A.) funciona no segundo passo e o inibidor de fusão T-20 (enfuvirtide, Fuzeon®) actua no terceiro passo.
O BMS-663068 seria o primeiro medicamento a trabalhar no passo inicial. A formulação activa do medicamento tem o nome laboratorial de BMS-626529.
O estudo envolveu 50 pessoas seropositivas para o VIH. Todos tinham uma contagem de células CD4 acima das 200/mm3 e carga viral de, pelo menos, 5 000 cópias/ml.
Foram divididos em cinco braços e tratados com várias doses do medicamento, uma ou duas vezes ao dia, com ou sem potenciação de ritonavir (Norvir®). O estudo teve a duração de oito dias.
A carga viral desceu substancialmente e houve bons aumentos na contagem das células CD4.
Tanto as doses administradas uma ou duas vezes ao dia foram eficazes, mas a potenciação com ritonavir apenas aumentou marginalmente a potência do medicamento.
Nenhum dos doentes teve efeitos secundários graves. Contudo, foram comuns efeitos secundários leves, como dores de cabeça e rash.
O medicamento será examinado em estudos futuros no final deste ano.
Tratamento anti-retroviral e doença cardiovascular: sem ligação ao abacavir
Conduziu-se uma análise a 26 ensaios clínicos prévios, que envolveram o abacavir, e concluiu-se não existir evidência de que o tratamento com este medicamento aumente o risco de enfarte.
Um grande estudo que observou o tratamento anti-retroviral e o risco de efeitos secundários demonstrou, previamente, que o tratamento com abacavir aumenta o risco de enfarte até 70%. Outros grandes estudos demonstraram, também, que o tratamento com abacavir foi associado ao aumento do risco de enfarte.
Contudo, a GlaxoSmithKline (GSK), produtora do medicamento, sempre insistiu que os seus estudos demonstravam não haver ligação entre o abacavir e o enfarte.
Os 26 estudos que fizeram parte da análise do FDA foram todos ensaios randomizados. Envolveram, no total, 5 028 pessoas que receberam abacavir e 4 804 pessoas que não tomaram este medicamento. Estas pessoas foram seguidas, em média, durante um ano e meio.
No total, foram registados 47 enfartes; estes ocorreram em participantes de 18 dos estudos analisados.
O tratamento com abacavir foi associado a um aumento insignificante de 2% no risco de enfarte.
Tal levou a que o FDA anunciasse haver evidência insuficiente que conclua que o medicamento aumentou o risco de enfarte.
Tratamento do VIH em contextos de recursos limitados: carga viral não é essencial
A monitorização da contagem das células CD4 e de sintomas clínicos demonstraram ser guias fiáveis sobre quando se deve mudar o regime terapêutico.
O primeiro estudo foi conduzido na Tailândia.
Comparou os resultados de doentes que mudaram o tratamento após o aumento da carga viral, com doentes cuja terapêutica foi mudada caso a contagem de células CD4 descesse em 30%.
Não foram associadas vantagens a longo prazo às alterações ao tratamento baseadas na carga viral. As taxas de morte e de doenças definidoras de SIDA foram comparáveis com aqueles doentes que mudaram o tratamento após descidas substanciais na contagem das células CD4.
Um estudo independente, nos Camarões, obteve resultados semelhantes. Este concluiu não haver diferença significativa no risco de morte, progressão da doença, supressão viral ou resistência a medicamentos, independentemente do facto dos doentes serem monitorizados ou mudarem de tratamento com base em sinais clínicos, ou marcadores laboratoriais (CD4 ou carga viral), durante os dois anos de acompanhamento.
Prognóstico: perda de massa muscular nos membros e acumulação de gordura associada a risco de mortalidade
Os investigadores do estudo FRAM (Fat Redistribution and Metabolic Change in HIV Infection) usaram ressonâncias magnéticas para monitorizar a massa muscular e os níveis de gordura em 1 200 doentes.
Três terços eram homens, com média de idade de 40 anos e média de IMC (índice de massa corporal) de 25 – no limite do excesso de peso.
A mortalidade foi monitorizada pelo período de cinco anos.
A perda de massa muscular nos membros e acumulação de gordura na zona da barriga foram ambos associados a um aumento do risco de morte.
Os investigadores tiverem em conta outros factores associados à mortalidade nas pessoas que vivem com VIH.
A análise demonstrou que as pessoas com menor quantidade de músculo nos membros e com maiores quantidades de gordura na zona abdominal tinham o dobro de probabilidades de morrer. Os investigadores calcularam que 15% do excesso de mortalidade observado nas pessoas que vivem com VIH poderia ser atribuído a estes factores.
Contudo, a lipodistrofia – perda de gordura causada por alguns medicamentos anti-retrovirais, em especial o d4T (stavudine Zerit®) e, em menos extensão, AZT (zidovudine, Retrovir®) – não foi associado a um aumento do risco de morte.
Que implicações tem esta investigação?
A perda de músculo e acumulação de gordura fazem parte do processo de envelhecimento.
Os investigadores expressam preocupação pois o IMC nem sempre foi uma medida exacta na composição corporal do indivíduo. Por essa razão, recomendam que a gordura abdominal deva ser avaliada através da medição da cintura.
Estudos em pessoas seronegativas para o VIH demonstraram que o fortalecimento muscular é um importante marcador no prognóstico. Os investigadores concluem que tal é promissor, uma vez que sugere que o exercício pode ajudar a melhorar o prognóstico das pessoas que vivem com VIH.
Prevenir o VIH: PrEP
Os resultados deste estudo foram, pela primeira vez, publicados no ano passado, e demonstraram que tomar a PReP reduz o risco de infecção pelo VIH nos homens gay e em outros homens que têm sexo com homens. Contudo, houve preocupações no que se refere aos baixos níveis totais de adesão.
Contudo, a actualização dos resultados do ensaio demonstram que os níveis de adesão diferiram entre os locais do estudo. Foi observada uma adesão quase perfeita nos E.U.A. Adicionalmente, os homens que tiverem comportamentos sexuais de risco tinham níveis de adesão mais elevados.
Houve também mais informação sobre a segurança da PrEP. Foram observados declínios modestos na densidade mineral óssea, um possível efeito secundário do tenofovir (Viread®), em pessoas sob PrEP.
Outros recursos da NAM
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Este material informativo foi traduzido pelo nosso parceiro, em Portugal,GAT – Grupo Português sobre Tratamentos VIH/SIDA- Pedro Santos, e estão todos disponíveis gratuitamente na secção de traduções do nosso site.
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