CLIPPING - 20/nov./2012
Dia da Consciência Negra
O Dia da Consciência Negra é dedicado à reflexão sobre a
inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir
com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra
procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de
forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro
(1594).
presidente para presidente? (RUTH DE AQUINO) - Esse título é uma
provocação. Ou não. Porque, de fato, esse mineiro de Paracatu, primogênito de
oito filhos de um pedreiro e uma dona de casa, está prestes a se tornar
presidente, mas do Supremo Tribunal Federal. Não escapará do rótulo de “primeiro presidente negro” do STF. É
inevitável. O adjetivo vem a reboque como verdade histórica, o registro de uma
primazia. O segundo negro se livrará desse aposto ambíguo. Um dia não haverá mais “o primeiro negro” e “a primeira mulher”, porque
a cor da pele e o sexo perderão todo o significado. Felizmente.
Mulheres negras são maioria entre jovens que não trabalham nem
estudam - Mulheres pretas, pardas e indígenas são a
maioria entre os 5,3 milhões de jovens de 18 a 25 anos que não trabalham nem
estudam no país, a chamada “geração nem nem”. Cruzamento de dados inédito feito
pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (Uerj), a pedido da Agência Brasil, revela que elas somam 2,2
milhões, ou seja, 41,5% desse grupo. Do total de jovens brasileiros nessa faixa
etária (27,3 milhões), as negras e indígenas representam 8% - enquanto as
brancas na mesma situação chegam a 5% (1,3 milhão). Para o coordenador do
levantamento, Adalberto Cardoso, que fez a pesquisa com base nos dados do Censo
2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), várias razões
explicam o abandono da educação formal e do mercado de trabalho por jovens.
Entre elas, o casamento e a necessidade de começar a trabalhar cedo para
sustentar a família. Cerca de 70% dos jovens “nem nem” estão entre os 40% mais
pobres do país. A gravidez precoce é o
principal motivo do abandono, uma vez que mais da metade das jovens nessa
situação têm filhos. A pesquisa também identificou entre os “nem nem”
jovens com deficiência física grave e os que saíram da faculdade, mas ainda não
estão empregados. Os dados completos constam do estudo Juventude, Desigualdade e o Futuro do Rio de Janeiro, financiado pela
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e deve ter
um capítulo publicado em 2013.
Racismo faz mal à saúde e mata- Um estudo epidemiológico
do Ministério da Saúde apresenta informação específica para ajudar a preencher
esses vazios, ao comparar indicadores como assistência
pré-natal por raça, cor e etnia. Também analisa outros aspectos, como o
direito e o acesso a planejamento familiar, que é mais precário entre as
afrodescendentes. Precisamente este aspecto é o centro do informe mundial do UNFPA, apresentado no dia 14, com o título
Sim à Opção, não ao Acaso – Planejamento da Família, Direitos Humanos e
Desenvolvimento. Por exemplo, 19% das crianças nascidas vivas são de mães
adolescentes brancas entre 15 e 19 anos. Contudo, a incidência de gravidez em adolescentes é de 29% entre as jovens
afro-brasileiras da mesma faixa etária. Além disso, enquanto 62% das mães
de crianças brancas informavam ter realizado sete ou mais consultas pré-natais,
apenas 37% das mães de recém-nascidos mulatos e negros realizaram essa
quantidade de exames antes do parto. A mortalidade infantil também apresenta
disparidades. O risco de uma criança negra ou mulata morrer antes dos cinco
anos de idade por doenças infecciosas e parasitárias é 60% maior em relação a
uma criança branca. E o de morte por desnutrição é 90% superior. O estudo também constatou que morrem mais
grávidas afrodescendentes do que brancas por causas vinculadas à gestação, como
hipertensão. O UNFPA contribui com o governo e o movimento negro para
fortalecer essa política e a formação profissional que deve acompanhá-la. "O desafio é responder por que, em um
país onde a população negra representa 50,3% do total, temos um quadro
sanitário tão diferenciado" entre negros e brancos, admite o Ministério da
Saúde.
Negros ainda estão mais vulneráveis ao HIV e são alvo de
campanha em São Paulo - Embora representem cerca de metade da população brasileira, os
negros ainda não têm acesso igual aos serviços de saúde no país. Em decorrência
disso, doenças como a aids atingem este grupo com mais força. Segundo dados do
Ministério da Saúde, entre 2000 e 2009, o número de casos de aids, quando
analisado apenas nos brancos, caiu de 62,9% para 54,8% (entre os homens) e de
60% para 53,1% (entre as mulheres). Já entre os homens negros, o número diminui
apenas de 10,1% para 9,8%. Em relação às mulheres afrodescendentes, o índice
subiu de 11,5% para 13,2% neste mesmo período. O número de casos de aids entre a população parda também cresceu.
Em 2000, os homens somavam 25,7% dos casos notificados e as mulheres 27,4%. Em
2009, o índice entre os homens chegou a 35% e entre as mulheres a 33%. Um
Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2009/2010, organizado pelo
Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das
Relações Raciais (Laeser), do Instituto de Economia da Universidade do Rio de
Janeiro (IE-UFRJ), mostrou que em todas as grandes regiões geográficas
agrupadas do País essas populações gozam de menor taxa de cobertura do Sistema
Único de Saúde do que a população branca e que o número de óbitos em
decorrência da aids chega a ser quase 10% maior do que em brancos. Cientes do
problema histórico, o Movimento Negro pede por ações de equidade que diminuam
sua vulnerabilidade e o baixo acesso do grupo a serviços essenciais. Entre as
ações defendidas estão as cotas raciais para as universidades e o fim do
racismo institucional. . “É preciso
visibilizar o racismo. Escondê-lo é o próprio racismo. Disseminar a informação
é fundamental”, disse Jurema Werneck, médica focada na saúde da população
negra, durante os Congressos de Prevenção de DST/Aids ocorridos em São Paulo em
agosto de 2012. Segundo ela, a epidemia da aids não trouxe exatamente novidades
na trajetória dos negros. Mas se nada na epidemia foi novo para a população, o
que precisaria ser novidade é o tratamento destinado a ela.
Leitores acreditam que o tráfico entre adolescentes acontece
pela desestruturação da família - A educação começa em casa. A frase resume a opinião de leitores do
portal acritica.com que acreditam que um dos motivos para adolescentes se
envolverem com o tráfico de drogas começa na desestruturação familiar. Para os internautas, a falta de planejamento
familiar acaba deixando os jovens mais vulneráveis ao mundo do tráfico.
"A estrutura familiar sempre foi o alicerce na educação de bons
cidadãos", comenta uma leitora. "Muitos pais pensam que somente a
escola tem a obrigação de educar nossos filhos... engano!", diz postagem. Outra
leitora apresenta uma série de motivos apontados por ela como negativos e
influenciadores para a participação dos jovens no crime. “Medidas socioeducativas
ineficientes, escolas mal preparadas, falta de segurança pública competente,
leis frouxas e famílias em situação financeira precária vivendo em áreas
comandadas pelo tráfico...Um conjunto de problemas sociais muito influenciado
pela incapacidade do estado em se fazer presente nas comunidades”, comenta
outro internauta. As manifestações partem de comentários sobre a matéria
("Crianças e adolescentes se transformam em 'traficantes mirins' dentro
das escolas de Manaus"), publicada neste fim de semana.
ABEP/CCR: Fecundidade em cenários específicos: escolaridade,
gênero e etnia em geografias distintas
A CCR (Comissão Cidadania e Reprodução) assistiu à sessão temática
"Fecundidade em cenários
específicos: escolaridade, gênero e etnia em geografias distintas" que
discutiu as mudanças nas taxas de fecundidade entre as mulheres brasileiras.
Com questões apresentadas por Luciano Oliva Patricio(NEPO/UNICAMP), Débora
Ramos Santiago (UEA) e Morvan de Mello Moreira (Fundaj e UFPE), a região Norte
e Nordeste foi amplamente mostrada como tendo a maior diferença nas taxas de
fecundidade nos últimos anos. Houve uma mudança no modelo de mãe para mulher que trabalha, e com
isso também mudou o planejamento
familiar das mulheres. Como mostrado por Luciano, "quanto mais
mulheres se ausentam do domicílio, por motivo de trabalho ou estudo, menor
tende a ser a fecundidade no universo amostral. Há também um cenário em que as
altas proporções de frequencia à creche na faixa etária de 0 a 1 ano indicaria
a maturidade da transição do modelo "mulher mãe em tempo integral"
para o modelo "mulher no trabalho (ou escola) - criança na escola". A
fecundidade também varia de acordo com a renda e instrução da mulher.
Quanto maior a instrução da mulher, mais acesso ela terá a oportunidades de
trabalho e aos métodos contraceptivos. Com isso, ela adia e planeja a construção
da sua família e consequentemente quantos filhos irá ter no futuro. Também existe uma tendência de
rejuvenescimento da fecundidade: as mulheres têm filhos mais cedo. Mesmo no Nordeste, as taxas de
fecundidade caíram. Em 1980, a taxa de fecundidade total era de 6,2 filhos por
mulher. Em 2010, 2,06 filhos. Apesar dessa queda e o crescimento do Nordeste, a
região concentra a maior fração de população pobre do Brasil - quase 60% dos
mais pobres do Brasil estão no Nordeste.
Transtorno de identidade sexual na infância divide especialistas
–Aos
quatro anos, um menininho inglês que se chamava Jack disse para a mãe: "Deus cometeu um erro, eu deveria ser
uma menina". Aos oito, ele mandou um e-mail para as pessoas da escola
onde estudava (e sofria bullying)
avisando ser "uma menina presa em um corpo de menino". E passou a se
vestir como garota. Aos dez, disse à mãe que se mataria se começasse a
"virar homem". Aos 11, Jack teve uma overdose e fez outras seis
tentativas de suicídio antes de completar 16 anos. Como a lei inglesa não
permite cirurgia de mudança de sexo antes dos 18, Jack foi operado na
Tailândia, aos 16. A história de Jack, que a rede de TV britânica BBC exibe hoje, mostra os contornos e as dores do
transtorno de identidade sexual na infância. Jackie Green tem agora 19 anos, é modelo e foi a primeira finalista
transexual do concurso de Miss Inglaterra. A OMS define o fenômeno como o
desejo, manifesto antes da puberdade, de ser (ou de insistir que é) do outro
sexo. O termo "transexualismo"
só é usado para adultos. Para psicólogos, transexualismo não é doença. A
visão do transexualismo como doença é controversa. Uma ação mundial tenta retirá-lo dos manuais de doenças da OMS e da
Associação Americana de Psiquiatria. A campanha "Stop Trans Patologization" ["Parem de patologizar os
trans"] tem o apoio, aqui, do Conselho Federal de Psicologia. Segundo
a psicóloga Ana Ferri de Barros, que coordena a comissão de sexualidade e
gênero do conselho paulista, o acesso à cirurgia de mudança de sexo pelo SUS
não deveria depender do diagnóstico. "Defendemos
a despatologização das identidades 'trans' e também o acesso universal à
saúde", diz.
Cirurgia bariátrica aos 16 anos - De acordo com o
Ministério da Saúde (MS), o número de cirurgias para redução do estômago saltou
de 1.773 em 2003 para 5.332 em 2011, ou seja, um aumento de 200%. Os recursos
para esses procedimentos também cresceram. Passaram de R$ 5,7 milhões em 2003
para R$ 30 milhões em 2011. Nos três primeiros meses deste ano, foram
realizadas 1.276 cirurgias, sendo gastos R$ 7 milhões. O sedentarismo e os maus hábitos alimentares têm contribuído para o
aumento no número de pessoas que estão acima do peso, o que é verificado com o
índice de massa corporal (IMC) entre 25,1kg/m2 e 29,9kg/m2. De acordo com dados
divulgados pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), quase metade da
população brasileira está acima do peso. O percentual passou de 42,7% em 2006
para 48,5% em 2011. No mesmo período, a proporção de obesos subiu de 11,4% para
15,8%. Dados do Ministério da Saúde mostram que Belo Horizonte tem 45,3% de sua
população com excesso de peso e 14,2% classificada como obesa. A substituição da compulsão por alimento
por sexo, álcool, jogos e até internet é um dos temas mais polêmicos entre os
especialistas que tratam da obesidade. De acordo com o presidente da
Comissão de Especialidades Associadas (Coesas), da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o psiquiatra Adriano Segal, o percentual de
pessoas que desenvolvem outras dependências é pequeno, cerca de 5%. Durante o
Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica,
psiquiatras, psicólogos e outros profissionais de saúde discutiram os aspectos
psicológicos relacionados à cirurgia bariátrica. "Para quem sai de um
momento de privação existencial, dar uma "abusadinha" é normal. Passa
a ser patológico quando se transforma em um comportamento contínuo", diz
Segal. ÁLCOOL - O alcoolismo é apontado como uma das
complicações da cirurgia. O psiquiatra explica que entre os pacientes
obesos que vão fazer a cirurgia, de 12% a 13% sofrem de alcoolismo. Depois da
cirurgia, há um incremento de dois pontos percentuais, passando para 15%. "O
número não é muito diferente da prevalência do alcoolismo na população de forma
geral", afirma Adriano. A psicóloga Alessandra Dias Mattar, da equipe
Clínica LEV, de Uberlândia, reforça a importância do acompanhamento
multidisciplinar por dois anos. Segundo
ela, os problemas mais comuns depois da cirurgia são alcoolismo e compulsão por
compras.
Paciente que usava silicone PIP perde ação - A 6ª Vara Federal de
Porto Alegre negou o pedido para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) fosse obrigada a indenizar uma paciente com implante da prótese de
silicone da empresa Poly Implants Prothese (PIP). "A Justiça reconheceu
que a Anvisa não pode ser responsabilizada pela fraude. O implante usado na
paciente não é o mesmo que havia sido registrado no País", afirmou o
diretor adjunto da agência, Luiz Roberto Klassmann. A ação foi extinta sem
julgamento de mérito. A autora da ação sofreu rompimento da prótese de silicone
PIP, adulterada pelo fabricante. Durante
a cirurgia de remoção, ela teve perda do tecido mamário. Na ação, ela
reivindicava pagamento pela agência por danos morais e físicos.
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