CLIPPING - 22/ago./ 2012
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O pico populacional (artigo)- A demografia não costuma definir o tamanho ótimo de uma população, pois existem dúvidas entre os estudiosos se existe um número ideal de pessoas. No entanto, é comum se ouvir a seguinte pergunta: quantos habitantes a Terra pode suportar? O demógrafo Joel Cohen buscou responder esta pergunta no livro “How Many People Can the Earth Support? (1995)”. Mas a resposta do autor não foi determinística. A quantidade de pessoas que o Planeta pode sustentar depende do padrão de consumo e do estilo de vida. Porém, uma coisa está ficando cada vez mais clara: a humanidade está chegando, já chegou ou vai chegar em breve aos limites do Planeta, pois enquanto a população e a economia mundial crescem, a natureza e as demais espécies murcham e definham.
Descriminalização, planejamento familiar e redução de danos - As complicações decorrentes do aborto são a quarta causa de morte materna, e estima-se que um milhão de gestações sejam interrompidas por ano no país. “O cálculo é feito segundo as internações decorrentes de aborto induzido. Para cada internação, supõe-se que outros três foram realizados sem resultar em complicação”, explica Maria do Carmo Leal, coordenadora do projeto Nascer no Brasil: Inquérito sobre parto e nascimento, realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Os resultados preliminares do estudo revelaram que apenas 45% das mulheres planejaram a gravidez. “A gravidez vem acontecendo por acidente, e o Ministério da Saúde precisa ficar alerta e trabalhar melhor a questão da contracepção”, afirma Maria do Carmo. Já foram entrevistadas 22 mil mulheres grávidas em todos os estados do país, desde 2010, com o objetivo principal de conhecer as complicações maternas e as dos recém-nascidos, de acordo com o tipo de parto no país.“O planejamento familiar é importante não apenas por questões econômicas, mas também psicológicas”, aponta a pesquisadora, “As mulheres mais pobres, as adolescentes e as menos instruídas admitiram com maior frequência que tentaram interromper a gestação. O sistema de saúde tem que discutir a questão do aborto”, defende Maria do Carmo. Desde 2008, não há registro de mortalidade materna decorrente de aborto no país. “A legislação proibitiva não é eficaz para prevenir o aborto e, ao mantê-lo na clandestinidade, não há oportunidade de evitar sua repetição”, observa o médico. “Quando o aborto é legal e realizado dentro do sistema de saúde, se dá aconselhamento em planejamento familiar e se inicia o uso de métodos seguros e eficazes”, ressalta.
Participação de mulheres na política cresceu nos países da América Latina e Caribe - A participação feminina na política latino-americana e caribenha vem crescendo consideravelmente na última década, de acordo com o relatório Estado das Cidades da América Latina e Caribe, divulgado hoje (21) pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat). Nos legislativos locais, o número de vereadoras já alcança 22%. Em 1999, eram apenas 14%. As ações afirmativas são citadas como importantes ferramentas para a diminuição das desigualdades de gênero. Conforme o relatório, os países que implementaram algum tipo de lei nesse sentido são os que apresentaram avanços na participação feminina na política.
Grupos de defesa dos direitos da mulher esperam que leis sejam cumpridas - Os direitos femininos também estão discriminados na Política Nacional de Atenção à Saúde da Mulher, documento do Ministério da Saúde que ressalta a importância de ações preventivas. Para Paula Viana, integrante e fundadora da Rede Feminista de Saúde, prevenção e educação sexual são fundamentais, já que podem diminuir a mortalidade por cânceres de mama e ginecológicos e abortos inseguros, além da contaminação por Aids. Mas, para que todas as reivindicações sejam atendidas, Márcia lembra que é preciso investimento. "Temos as secretarias da mulher, mas, por conta do orçamento, muitos projetos não têm continuidade e, sem continuidade, os projetos sociais não dão resultado". Já Sílvia, do SOS Corpo, aponta a postura dos políticos diante da causa feminina como a grande dificuldade. "Uma coisa é um evento para mulheres, entrega de prêmios de reconhecimento pelo trabalho; outra é ter propostas para promover a igualdade de gênero”, alfineta. Ela acredita que seria interessante para a cidade se os candidatos estudassem os resultados dos congressos feministas.Para essas eleições municipais, o Fórum de Mulheres, articulação feminista que inclui o SOS Corpo, Instituto Papai e o Grupo Curumim, por exemplo, decidiu não apoiar nenhuma candidatura. A atuação do grupo vai se concentrar no diálogo com alguns partidos e com a população, orientando como a política pode assegurar os direitos da mulher.
Sem vacina, País acumula mortes por câncer de colo - Sem política de vacinação contra o Papiloma vírus (HPV), o Brasil enterra uma mulher a cada hora vítima do câncer de colo de útero. Mesmo com a alta incidência — 50 casos novos por dia — nenhuma capital oferece as três doses do antígeno pelo Sistema Público de Saúde (SUS).
Pesquisadores e especialistas no tratamento da doença, que participaram ontem de um seminário fechado em São Paulo, alertaram que os gastos com tratamento superam o que seria investido em campanhas de vacinação em massa. “Sem combate primário ao vírus, perde-se dinheiro em tratamentos cirúrgicos ou a laser. É um caso de cobertor curto”, ressalta Felipe Lorenzato, pesquisador de Patologia Molecular da University College London. O grupo médico sugere a vacinação de mulheres que já têm vida sexual a partir dos 15 anos. E estima que o governo pagaria cerca de R$ 30 por dose, em compras de grandes lotes. O Ministério da Saúde não tem, no entanto, previsão de vacinação.
Brasil relaxou no controle da Aids, afirma manifesto - Manifesto lançado ontem por 14 instituições e 54 pesquisadores e ativistas do movimento anti-Aids aponta sérios problemas no controle da epidemia da doença no país. Entre eles estão o aumento no número de casos e de mortes. Dados do Ministério da Saúde mostram que o número de casos passou de 33.166, em 2005, para 37.219, em 2010 (aumento de 12%). No mesmo período, as mortes pularam de 11.100 para 12.073 (aumento de 8,8%). "Não é uma situação esperada. Com a melhoria do tratamento, deveríamos estar reduzindo o número de óbitos. Se tivéssemos uma política de prevenção efetiva, não teríamos tantos casos novos", afirma Alexandre Grangeiro, pesquisador da USP que assina o manifesto.
Secretário diz que número de casos é estável - O secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, questionou a leitura dos dados da Aids feita pelo manifesto. "O óbito aumentou entre aspas. A população aumentou, então a taxa de mortalidade está estabilizada." Sobre o percentual de gestantes com o vírus em tratamento, Barbosa afirma que dados de 2011 mostram que também há estabilidade.
Segundo o secretário, a política de Aids é aberta no país, discutida periodicamente com especialistas e a sociedade civil. "Algumas questões que eles colocam como inquietações são compartilhadas, estamos fazendo políticas para atendê-las." As preocupações, diz, são a aproximação com os grupos mais vulneráveis (como jovens gays) e testes precoces para a doença.
Baixa adesão no combate ao crack - Presidido pelo ministro Alexandre Padilha, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) vai cobrar, em reunião marcada para amanhã, mais recursos ao programa Crack, é possível vencer, lançado pela presidente Dilma Rousseff no fim do ano passado. O colegiado pretende pedir um extra de até 15% do valor previsto inicialmente - R$ 4 bilhões até 2014. Apesar da reivindicação, a verba mal começou a ser gasta. Até agora, somente R$ 1,3 bilhão foram comprometidos para serem aplicados nos três anos de programa. Das 27 unidades da Federação, apenas 12 aderiram ao plano. Enquanto o governo diz que está tudo dentro do cronograma, especialistas criticam a iniciativa. O conselheiro nacional Clóvis Boufleur reconhece que o programa passa por um momento de fragilidade por não apresentar resultados expressivos. "Certamente a gente tem pouco conhecimento do índice de sucesso para poder, inclusive, pedir aumento. Qual o índice de sucesso dos programas de governo na área de saúde mental? Não tenho essa informação", explica.
Uso de antibióticos em bebês com menos de seis meses de idade pode levar à obesidade - Dar antibióticos a bebês com menos de seis meses de idade pode levá-los a ser crianças gordinhas, de acordo com um estudo [Infant antibiotic exposures and early-life body mass] publicado nesta terça-feira. “Nós normalmente consideramos obesidade uma epidemia provocada por dieta pouco saudável e falta de exercício, mas cada vez mais estudos sugerem que é mais complicado do que isso”, afirmou o co-autor da pesquisa, Leonardo Trasande, da Escola de Medicina da Universidade de Nova York (NYU).
“Micróbios em nossos intestinos podem ter papéis críticos em relação a como absorvemos calorias, e a exposição a antibióticos, principalmente no início da vida, pode matar as bactérias saudáveis que influenciam a forma como absorvemos nutrientes em nosso corpo, e que, caso contrário, nos deixariam magros”. “Embora sejam necessários mais estudos para confirmar nossas descobertas, este estudo cuidadosamente conduzido sugere que os antibióticos influenciam o ganho de peso em humanos, especialmente em crianças”. O estudo foi publicado no International Journal of Obesity.
Frente quer 10% do orçamento para a saúde - A Frente Parlamentar da Saúde no Congresso Nacional não desiste da emenda constitucional que destina 10% dos recursos da União para os serviços de saúde em todo o país. É praticamente a mesma luta desde que a bancada foi criada há 17 anos. A frente hoje reúne 249 deputados e senadores, já conseguiu aprovar a Emenda 29 da reforma constitucional estabelecendo que os municípios destinem 15% e os Estados 12% de seus orçamentos à saúde, mas tem esbarrado sempre na resistência do governo federal em aumentar as verbas para o Sistema Único de Saúde (SUS). "A Frente Parlamentar da Saúde tem sido um instrumento positivo para a sociedade, mas sem conseguir ampliar os recursos da União para o setor não consegue dar a sua maior contribuição à saúde dos brasileiros", diz o deputado Darcísio Perondi (PMDB/RS), que preside a bancada. "Um orçamento de R$ 72 bilhões para um sistema universal de atendimento à saúde de 200 milhões de pessoas num país que está envelhecendo e não investe em saneamento é menos do que gastam alguns países africanos", diz o deputado da Frente Parlamentar.
Software da UFRJ ajuda a detectar a tuberculose-Um software desenvolvido pela Coppe-UFRJ pode tornar mais rápido e eficiente o diagnóstico da tuberculose, a partir da análise de um questionário respondido pelo grupo de risco. O Sistema Neutral TB armazena dados sobre os diversos sintomas dos pacientes com suspeita da tuberculose e avalia as estatísticas das informações, assim como identifica os que têm alta probabilidade de ter a doença e em que grau a enfermidade está. - Com o sistema, as chances de erros do diagnóstico diminuem e fica mais fácil gerenciar recursos dos postos de saúde - diz o engenheiro elétrico e matemático José Manoel de Seixas, professor da Coppe/UFRJ, coordenador do projeto financiado pela Faperj. A tuberculose, frequentemente associada à pobreza, ainda representa um desafio para a saúde pública. O bacilo da tuberculose é uma bactéria transmitida pelo ar, e as casas apertadas, úmidas e tomadas pelo mofo, comumente encontradas nas favelas cariocas, podem acelerar o desenvolvimento da doença. A favela da Rocinha, por exemplo, tem um dos piores resultados e uma das maiores taxas de tuberculose no mundo. A incidência de 2010 foi de 386,7 casos por cem mil habitantes.
Especialistas criticam exagero no Código Penal - Em audiência pública no Senado ontem, representantes de entidades do meio jurídico criticaram o excesso de penas incluídas no projeto de lei sobre a Reforma do Código Penal. O texto elaborado por um grupo de juristas está em análise em comissão especial de senadores que têm até 5 de setembro para apresentar emendas à proposta. Para os especialistas convidados, além de o prazo para discutir o projeto ser curto, o excesso de punição imposto pela matéria poderá sobrecarregar ainda mais o sistema carcerário.O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, disse que o órgão criou um grupo para avaliar o projeto e sugerir mudanças, mas ainda não tem posicionamento fechado. "O Código Penal não pode ser visto como a tábua de salvação de todos os problemas ou um simples instrumento de punição. Da forma como está, daqui a pouco no lugar do Minha Casa, Minha Vida, haverá o Minha Cela, Minha Vida".
Taís Schilling também considerou exagerada a proposta de criminalizar o bullying. Segundo o texto, a "intimidação vexatória" verbal ou física contra crianças e adolescentes poderá ser punida com prisão, no caso de maiores de idade. "Essa de fato é uma questão muito grave, mas me parece um pouco de exagero levar para a delegacia um assunto que deve ser resolvida no ambiente escolar, investindo na conscientização", argumentou a conselheira. Todos os convidados ressaltaram ainda que o tempo para a discussão dos mais de 500 itens do novo Código Penal proposto é insuficiente. Diante da concordância de alguns senadores, o relator do texto, Pedro Taques (PDT-MT), admitiu a possibilidade de que o prazo seja prorrogado. Por enquanto, a data máxima para que o relatório final seja votado, após a apreciação das emendas, é 4 de outubro. Em seguida, o projeto segue ao plenário do Senado e depois para a Câmara dos Deputados.
IBGE e Secretaria divergem sobre número de crianças sem identidade - A menina Yasmin de Moura Camilo, de seis anos, que morreu vítima de bala perdida na comunidade de Costa Barros, na Zona Norte do Rio, no domingo (19), não tinha certidão de nascimento. Para não enterrá-la como indigente, a família teve que tirar, ao mesmo tempo, as certidões de nascimento e de óbito. Mas Yasmin não é um caso isolado. Os dados do Censo de 2010 do IBGE mostram que no Brasil 69.829 crianças de 0 a 10 anos não possuem o registro civil de nascimento (RCN). Pela mesma pesquisa - realizada pela primeira vez no país - no estado do Rio são 6.330 menores nesta situação e no município do Rio, 2.305.
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