Documento diz que o programa atual está desatualizado, além de ser insuficiente para resolver os desafios
22 de agosto de 2012 | 3h 05 "O Estado de S. Paulo"
Lígia Formenti, BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Professores,
pesquisadores, médicos e integrantes de movimento social
divulgaram nesta última terça, 21, um manifesto em que
afirmam que, enquanto outros países discutem a interrupção
da transmissão da aids, o Brasil perde o controle sobre a
epidemia.
Arquivo/AE
Segundo
manifesto, o Brasil está perdendo o controle sobre a
epidemia de aids
O
documento, com 54 assinaturas, avalia que o programa está
desatualizado, com elementos insuficientes para enfrentar os
desafios, o que já começa a trazer reflexos para
estatísticas da doença. "A afirmação
de que a epidemia de aids está sob controle no Brasil, além
de falaciosa, tem prejudicado a resposta nacional", aponta o
documento.
Os
integrantes da carta lembram que a cada hora, uma pessoa morre de
aids no País e apontam a redução da oferta de
tratamento para gestantes com HIV indispensável para evitar a
transmissão para o bebê. Segundo o grupo, o tratamento
caiu de 53,8% de gestantes soropositivas em 2005 para 49,7% em 2008.
O
secretário de Vigilância em Saúde do Ministério
da Saúde, Jarbas Barbosa, disse ter recebido o documento com
respeito, mas não concorda com os números. "Parte
deles está desatualizada, outra parte, tem de ser avaliada num
contexto", diz. Como exemplo, ele cita o aumento do número
de mortes: "É preciso lembrar a população
aumentou no período."
Para
a coordenadora do Núcleo de Estudos de Prevenção
da Aids (Nepaids) e uma das idealizadoras do documento, Vera Paiva, o
País perdeu ao longo dos anos a capacidade de inovar
estratégias de combate à doença. "Aids
deixou de ser prioridade, as discussões foram aos poucos se
reduzindo e o resultado está aí: uma epidemia
invisível."
Leitos
em SP. Um dos reflexos dessa desmobilização,
afirma Vera, é a proposta de redução do número
de leitos para aids em São Paulo. "O número de
casos não caiu. Pacientes com HIV precisam de atendimento
especializado, eles ainda sofrem estigma, discriminação",
diz. A migração dos pacientes para atendimento geral,
avalia, deve aumentar o estigma dos pacientes. A falta de ousadia,
afirma, é reflexo da grande influência de grupos
religiosos, que condena ações, por exemplo, nas escolas
ou entre jovens gays.
Provocação. O
título do manifesto Aids no Brasil Hoje: O Que nos Tira o Sono
- mesmo nome do blog oquenostiraosono.tumblr.com/manifesto
- é uma referência a uma resposta dada pelo diretor do
departamento de DST Aids e Hepatites Virais do Ministério da
Saúde, Dirceu Greco, durante a Conferência Internacional
de Aids, realizada em julho. Questionado sobre o que lhe tirava o
sono, ele teria dito que "dormia tranquilo".
Barbosa
defende Greco e afirma que a frase do diretor foi dita em um contexto
em que ele afirmava ter resolvido o problema do abastecimento de
remédios de aids. "Foi uma maldade", disse Barbosa.
FONTE:
Grupo "GTP+ Brasil
Visite
REDE POSITIVO - Viver e Conviver Positivamente com o
Nenhum comentário:
Postar um comentário