“Mídia, Drogas e HIV: conflitos e possibilidades”. Este foi o lema do Seminário promovido pelo Centro de Convivência É de Lei nesta sexta-feira, 14 de agosto, em São Paulo, reunindo jornalistas, ativistas, especialistas em saúde e representantes do governo. A pernambucana Manuela Estolano, da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids, logo chamou a atenção dos participantes ao revelar que se descobriu soropositiva há apenas cinco meses e usou as redes sociais da internet como primeiro canal de comunicação para conhecer outros jovens infectados. “Dias depois de receber meu diagnóstico, já estava no computador procurando saber mais sobre esta doença e conhecendo pessoas que também têm o vírus”, conta. “Dizem que eu fui muito pró ativa, pois hoje já estou na Rede de Jovens e fazendo ativismo”, acrescenta.
A internet, base de comunicação de várias mídias alternativas, ajudou a democratizar e ampliar os debates sobre aids e drogas, disse Caio Westin, do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo. Caio citou a Agência de Notícias da Aids como um dos veículos exemplares na cobertura desse tema.
Segundo os participantes do Seminário, os mesmos avanços conquistados sobre a abordagem da mídia na questão das doenças sexualmente transmissíveis, como a aids, espera-se ainda em relação às drogas.
Bruno Rico, jornalista e coordenador do Ponto de Cultura – projeto do É de Lei que realiza oficinas de foto e vídeo, buscando redução de vulnerabilidade dos participantes – defende mais “humanização” dos usuários de drogas por parte da imprensa. “Fazemos isso nos nossos vídeos. Mostramos os usuários de droga se vestindo, fazendo alguma atividade do seu dia a dia e não ali apenas naquele ato de fumar o crack”, explica.
Para a também jornalista Laura Capriglione, da Folha de S.Paulo, a recente ação policial na Cracolândia marcou um novo e melhor, na sua opinião, olhar da mídia sobre os usuários de crack. “Pelo fato da Cracolândia estar no centro de São Paulo e muito perto da nossa Redação, conseguimos fazer uma cobertura muito próxima e intensa deste caso... E o que marcou muito pra mim esta cobertura foi ouvir mais os dependentes de crack”, disse.
Antes, segundo Capriglione, os médicos e outros especialistas em drogas eram sempre os primeiros e principais entrevistados sobre o assunto. Agora, no entanto, criou-se uma divisão melhor das fontes. “O que estava claro para muitos jornalista é que os craqueiros eram lixos, que os filhos deles eram coitados e que a internação compulsória era mesmo a única saída. Hoje, isto parece ter caiu por água abaixo. Passamos a ver e ouvir os usuários de crack de fato como seres humanos”, comparou.
Representando o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde no evento, Márcia Colombo reforçou a importância de envolver os públicos-alvo das campanhas de prevenção nos processos de criação. “Quando chamamos os usuários para conversar, o resultado fica melhor”, disse.
O Seminário ocorreu no Hotel Excelsior, no centro de São Paulo, e teve apoio do Programa Estadual de DST/Aids.
FONTE: Agência Aids
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