Ativistas denunciam falta de leitos e de remédios para doenças oportunistas no Rio de Janeiro
03/07/2012 - 19h20
O ativista Cazu Barroz, da Federação de Bandeirantes do Brasil, denunciou que desde 30 de maio está à espera do fornecimento pelo Estado do medicamento Valaciclovir, usado contra herpes, doença oportunista em decorrência do vírus HIV.
Para a Agência de Notícias da Aids, ele contou que está desembolsando cerca de R$ 1200 para fazer o tratamento. “É muito caro, mas ou compro e faço o tratamento ou corro o risco de ficar cego e até de morrer. Depender do governo, infelizmente não é mais possível”, disse.
Renato da Matta, da direção do Fórum de ONGs que lutam contra a Aids no Estado, e Roberto Pereira, do Fórum de ONGs contra a Tuberculose, confirmaram a esta agência a escassez de leitos no Rio de Janeiro.
Segundo Roberto, em recente encontro com o Secretario Estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, foi reiterado a necessidade de um seminário estratégico com a participação do Governador Sérgio Cabral e representantes dos 32 principais municípios do Estado para discutir ações emergenciais para a saúde, entre elas, o enfrentamento da aids e da tuberculose. “A ideia é criar um evento que chame atenção para estes problemas e que tenha a presença da mídia também para cobrar por soluções”, enfatizou.
A previsão é que este encontro ocorra na segunda quinzena do mês de setembro. Antes disso, os ativistas do Estado irão propor como tema exclusivo da próxima reunião da Comissão Estadual de Aids a falta de leitos para pacientes com HIV e a aids, assim como de remédios para doenças oportunistas.
“Revoltado”
Além de integrante da secretaria executiva do Fórum de ONG/Aids do Estado do Rio de Janeiro, Renato da Matta é membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio de Janeiro e do Grupo Pela Vidda, de Niterói.
Renato disse à Agência Aids que ficou revoltado com a maneira que o médico Luis Fernando Correia (à esquerda na foto) tratou a aids em entrevista no estúdio do RJTV. (Assista aqui.)
“Ele afirma que a aids é uma doença crônica, mas não é. Por conta dessa banalização, que segundo suas explicações, parece que hoje ter aids é tranquilo, muitos jovens estão se infectando, pois acham que se pegarem o HIV, um remedinho irá controlar a doença... Ele disse também que as pessoas com HIV e aids têm uma boa qualidade de vida, mas quem são essas pessoas? Eu não tenho uma qualidade de vida boa”, ressaltou.
O ativista discorda ainda quando o médico diz que um doente de aids pode ser atendido em qualquer leito hospitalar. “Isso não é verdade. A reportagem cita um caso de um paciente internado ao lado de um doente de tuberculose. As pessoas com HIV têm o sistema imunológico mais debilitado e vulnerável a doenças como a tuberculose. Para aquele paciente, ficar ali ao lado de uma pessoa com tuberculose, o risco de contrair o bacilo era muito grande”, disse.
O representante do Fórum de ONG/Aids do Rio finalizou dizendo que o Brasil “definitivamente” não tem o melhor Programa de Aids do mundo. “Distribuir remédios é fácil. Quero ver garantir atendimento digno a todos que precisam. Dinheiro para reconstruir o estádio do Maracanã não falta, mas para a saúde falta. Aqui no Rio de Janeiro há escassez de leitos, remédios e as pessoas ficam jogadas à espera de uma vaga nos hospitais”, criticou.
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro foi contatada, mas ainda não respondeu oficialmente às denuncias dos ativistas feitas nesta reportagem.
Em reposta ao ativista Cazu Barroz, a Secretaria informou em maio que o Estado reformulou a grade de aquisição de medicamento, o que inclui o remédio anti-herpes Valaciclovir. Porém, a empresa fabricante não entregou o medicamento, o que obrigou a Secretaria abrir novo processo de compra, que na época estava em fase de tramitação para aquisição.
Lucas Bonanno
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