Hoje dá pra contar com os dedos os projetos voltados à mudança de comportamento dos homossexuais frente à infecção do HIV
ENVIAR | IMPRIMIr | A+ A- 28/11/2011 - 18h50 A descentralização das ações da saúde do âmbito federal para os Estados e municípios é a principal responsável pela baixas da resposta nacional contra a epidemia de aids, acreditam ativistas que lutam contra a doença. Toni Reis é presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Ele conta que tem participado de vários encontros sobre a saúde dessa população e percebido que os jovens homossexuais têm a falsa sensação de que a aids já não traz mais riscos. “A imagem que eles têm da doença é apenas que há tratamento. Os jovens de hoje não viram o Cazuza e não conhecem aquela aids que definhava as pessoas. Assim, muitos acabam se descuidando e não se previnem do vírus”, explica. Para ele, o estigma na sociedade contra essa população e, sobretudo, a falta de programas específicos de prevenção contribuem para o aumento de novos casos da doença. “Hoje dá pra contar com os dedos os projetos voltados à mudança de comportamento dos homossexuais frente à infecção do HIV”, disse. Toni afirma que, desde que começou o processo de descentralização das ações na área da saúde, as organizações e associações locais ficaram sem recursos financeiros para implementar atividades contra a epidemia. “Já tivemos em todo o País mais de 160 projetos que tinham por objetivo prevenir o vírus nos homossexuais, mas depois que se tornaram também responsabilidades dos Estados e municípios, não chegam a 10. Este processo ficou muito burocrático”, criticou. (Saiba mais aqui) Oseias Cerqueira, de 23 anos, é assessor jurídico do Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (GAPA) da Bahia. Para ele, a educação da sexualidade para jovens deveria ser uma obrigação do Estado. “Precisamos de informação de qualidade. Muitos adolescentes vão se informar sobre as DST/aids na internet, mas encontram lá boas e más informações. A escola é um ótimo local para começar essa discussão formalmente”, disse. De acordo com os mais novos dados da epidemia de aids no Brasil, divulgados nessa segunda-feira em Brasília, a porcentagem de casos registrados na doença entre jovens gays cresceu 10,1% nos últimos 12 anos. Hoje, enquanto a prevalência do vírus atinge 0,6% na população em geral, nos homossexuais de 15 a 24 anos chega a 4,3%. Outro aspecto evidenciado pelo Boletim Epidemiológico da Aids foi o aumento da incidência da doença nos municípios do interior da região Sul do País. Márcia Leão, do Fórum de ONG/Aids do Rio Grande do Sul, acredita que isso se deve também às falhas na descentralização de recursos para a saúde. “No Sul observamos uma grande camada da população muito pouco informada sobre a doença. É como se tivéssemos voltados ao conhecimento de 10 anos atrás sobre a epidemia”, disse. “E isso é fruto da diminuição do trabalho da sociedade civil organizada”, acrescentou. Ela informa que desde que os Estados e municípios passaram a ter mais poder sobre os recursos financeiros destinados ao combate da epidemia, o trabalho das ONG/aids foi prejudicado. “Sem apoio local, as organizações que trabalham com prevenção e ajudam na qualidade de vida dos doentes de aids estão fechando as portas”, finalizou. Lucas Bonanno Dicas de entrevista: ABGLT Tel.: (0XX41) 9602 8906 Gapa Bahia Tel.: (0XX71) 3328-9200 |
Nenhum comentário:
Postar um comentário