28/10/2011 - 12h
Entrevistados pela Agência de Notícias da Aids, os presidentes da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis; Marcelo Cerqueira, do Grupo Gay da Bahia, e Mário Scheffer, do Grupo Pela Vidda (Valorização Integração e Dignidade do Doente de Aids) de São Paulo reforçaram a necessidade de campanhas segmentadas para os jovens homossexuais
Toni Reis parabenizou o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde por ter elaborado mais uma campanha de prevenção a partir dos dados do Boletim Epidemiológico. “Quando pensamos em públicos específicos, favorecemos políticas públicas e ajudamos a diminuir a vulnerabilidade desta população”, comentou.
“Os jovens precisam de uma sacudida”, disse o presidente do Grupo Gay da Bahia, Marcelo Cerqueira. Para ele, “a campanha é muito bem-vinda, mas só informações não bastam, é preciso re-fortalecer as entidades da sociedade civil para trabalhar cada vez mais com essa população”.
O especialista em saúde pública Mário Scheffer também recebeu a notícia de forma positiva, e ressaltou que “finalmente” o Ministério da Saúde está admitindo que a epidemia de é concentrada. “O desafio agora é trabalhar uma mensagem especifica para a população jovem gay e evitar que este grupo seja novamente estigmatizado”, declarou.
Desde o início do enfrentamento desta pandemia, gays, travestis e transexuais sofrem discriminação pelo fato de a aids ter se manifestado primeiramente entre eles. A discriminação, em muitos casos, vem acompanhada de insultos e acusações, como a de que “gays transmitem aids”, mesmo como toda a informação disponível hoje e os dados comprovando que ao HIV atinge a homens e mulheres, independentemente de suas orientações sexuais e condições sociais ou econômicas.
O representante da população homossexual na Comissão de Articulação com os Movimentos Sociais (CAMS), Léo Mendes, informa que os gays têm uma taxa de incidência de HIV acima dos 10%, travestis dos 35%, enquanto a população em geral 0,6%. “A aids entre os gays e travestis é um problema de saúde pública”, afirma.
Ele acredita que a luta para reduzir o estigma, o preconceito, a homofobia, a transfobia e a garantia da dignidade humana é uma necessidade urgente. “Estamos falando de equidade, prevista na Constituição Federal e nos princípios do SUS (Sistema Único de Saúde)”, disse. “E para os conservadores sugerimos que leiam o artigo 19 da Constituição Federal que garante o Estado laico”, acrescentou.
Segundo o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, o preconceito é uma barreira não só para a prevenção de novas infecções na população gay jovem, mas também para a qualidade de vida de todas as pessoas com HIV. Elas sofrem por conta da exclusão emocional, social e profissional.
A campanha terá como foco os jovens gays, entre 15 e 24 anos, das classes sociais menos favorecidas economicamente. Informações devem ser veiculadas na TV, rádio, internet e por meio de cartazes, folders e mobiliários urbanos.
Talita Martins (http://www.agenciaaids.com.br/noticias/interna.php?id=17993) |
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