Belo Monte, a crise
O estilo “deixa estar, para ver como é que fica” é um sucesso. Mas eis que, diante do eterno abacaxi de Belo Monte, Dilma dá sinais de que finalmente mostrará quem é.
A OEA (Organização dos Estados Americanos) pediu a suspensão da licença de construção da hidrelétrica, em defesa das populações que serão atingidas pela barragem. Irritada, a presidenta determinou ao Itamaraty que reagisse “à altura”.
Estava demorando. O figurino Dilminha paz e amor até que resistiu bastante. Em algum momento ele ia se esgarçar. E para isso nem foi preciso uma crise de verdade.
Como se sabe, a usina de Belo Monte é um monstrengo – ambientalmente desastroso e economicamente estúpido. Mas, como também se sabe, o que a OEA diz ou deixa de dizer não tem a menor importância.
Aí entra em cena a habilidade política da grande gerente Dilma Rousseff. Diante do ganido da OEA, a presidenta ruge. E transforma o soluço em estrondo.
Atendendo à chefe, o Itamaraty solta uma nota classificando de “precipitadas e injustificáveis” as recomendações da OEA. Já seria exótico um governo batendo boca com um organismo obsoleto e desimportante, mas não parou aí.
Depois da nota, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, emendou uma declaração pública, avisando que o governo prepara uma resposta “ainda mais oficial”. Haja patriotismo.
Entre ações meio oficiais e muito oficiais, Dilma vai dando uma aula de como fermentar uma crise.
Belo Monte é um projeto aprovado a toque de caixa por Lula às vésperas das eleições, para embelezar a fantasia do PAC em favor de sua candidata.
O resultado é o projeto de uma usina antieconômica, em cujo lago vão afundar mais de 40 bilhões de reais em dinheiro do contribuinte – porque a iniciativa privada, obviamente, correu do mico.
Agora o mico está nas mãos certas. Se o presente era para a Mãe do PAC, ela que o embale.
Mas com toda essa gritaria oficial, vai ser difícil a criança dormir.
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