04-01-2011 ////////
Chico Diaz
Ator estreia seu primeiro monólogo, baseado em romance de Campos de Carvalho
“Chamava-me então Adilson, mas logo mudei para Heitor, depois Ruy Barbo, depois finalmente Astrogildo, que é como me chamo ainda hoje, quando me chamo”. O personagem de muitos nomes (ou nenhum), criado por Campos de Carvalho em 1956, em seu primeiro romance, “A Lua Vem da Ásia”, descreve, em forma de diário, suas andanças pelo mundo, seja real ou imaginário. Ele organiza suas memórias hospedado em um hotel de luxo, que por vezes assume ares de campo de concentração ou manicômio. Através de sua prosa nonsense, questiona a própria noção de sanidade e “normalidade”, uma das marcas do escritor brasileiro tido como um dos precursores do surrealismo no país, que permaneceu obscuro por décadas, até ser redescoberto mais recentemente.
O personagem tomou os pensamentos de Chico Diaz durante quatro anos, até que o ator levou a cabo a adaptação do livro para o palco, no espetáculo homônimo em cartaz no CCBB Rio. Com direção de Moacir Chaves e supervisão dramatúrgica de Aderbal Freire-Filho (que adaptou para os palcos outro livro de Campos de Carvalho, “O Púcaro Búlgaro”), o primeiro monólogo da carreira de Diaz fica em cartaz na cidade até 27 de fevereiro, e depois segue para São Paulo e Brasília. Na entrevista abaixo, o ator, indicado ao Prêmio Shell no ano passado por sua interpretação do Capitão Ahab, em Moby Dick, conta como é o desafio de subir ao palco sozinho e o que lhe chamou a atenção na obra de Campos de Carvalho. Leia mais sobre o espetáculo.
Como é, para um ator habituado ao trabalho coletivo, encenar um monólogo pela primeira vez? Além do esforço redobrado nos ensaios, há uma preparação específica para subir ao palco sozinho?
Sem dúvida alguma, é um grande desafio. Mas me parece que se esse ofício não for norteado pelos desafios, perde a razão de ser. É importante criar novas musculaturas, afinando as antigas, à medida que os abismos se interpõem. Quanto à preparação, além da concentração solitária e da preparação física, não vejo nenhuma diferença em relação a qualquer outro papel no palco: conhecimento da partitura necessária, dos devidos matizes e dosagens de energia para os momentos certos.
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