Saúde, Sexualidade & Afins
27/12/2013
Batalha mutante contra o HIV
Correio Braziliense
Ao mesmo tempo em que registra um aumento no número de infectados, o Brasil adota tratamentos considerados de ponta por especialistas e impulsiona o combate à Aids em países da América Latina
Mais de 35 milhões de pessoas estão infectadas pelo HIV no mundo, anunciou, neste ano, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). O número de novos casos caiu 33% nos últimos anos, de 3,4 milhões em 2001 para 2,3 milhões em 2012. Na mesma direção, o número de mortes reduziu de 2,3 milhões em 2005 para 1,6 milhão no ano passado. Na contramão dessas taxas, o Brasil amarga um aumento no número de infectados. Em 2011, foram registrados 38.776 casos, o maior desde a descoberta da doença, segundo o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.
A perigosa estabilidade é observada nos três anos anteriores: 37.359, 38.188 e 38.529, respectivamente. O número de óbitos também encontrou ameaçador equilíbrio, com cerca de 12 mil mortes pela doença desde 2009. A taxa só é menor que a registrada em meados da década de 1990, antes do coquetel de antirretrovirais ser oferecido no atendimento público de saúde. Os dados não chegam a anunciar uma segunda epidemia da doença, apesar de se aproximarem dos números que causaram tanta comoção na época em que a Aids eclodiu no mundo ocidental.
"Em alguns meios artísticos, por exemplo, as pessoas perdiam alguém conhecido praticamente de três em três meses", conta Edgar Hamann, professor e médico do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília. Mas o especialista desconfia que haja, no Brasil, um processo de banalização da doença, fenômeno também observado em países europeus. "As pessoas pensam: 'Agora estão sobrevivendo, estão bem. Então, acham que a Aids é curável, o que não é verdade."
A mudança de mentalidade é vista como um retrocesso pelo médico, pois pode ter motivado uma queda no uso do preservativos, já constatada em pesquisas com jovens. "A gente não pode ver isso como um fenômeno individual. A pessoa está se descuidando por que não sabe, por que não procura se interar ou por que não está entendendo bem? Não é nenhuma dessas respostas. Normalmente, são atitudes que por baixo têm uma partilha, uma concessão de um grupo", analisa o professor.
Epidemia concentrada - Diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita considera a "nova interpretação" sobre a Aids controversa. "Precisamos ter um mecanismo de esclarecimento de que o medicamento é bom, tem eficiência e pode tornar a doença uma condição crônica controlável, mas o melhor é não tê-la." Segundo Mesquita, o Brasil nunca esteve sob uma epidemia da doença que fosse considerada generalizada. Entre as três gradações usadas para a classificação internacional, o país sempre esteve em um estágio intermediário, chamado de epidemia concentrada.
"Ela é associada principalmente à população de alto risco, mas não só", explica. A epidemia generalizada é vista em regiões como a África Subsaariana, onde mais de 1% da população tem o HIV . "O Brasil nunca teve esse perfil da epidemia. Embora tivesse avançando bastante, (a doença) nunca tomou essa dimensão", garante.
"Precisamos ter um mecanismo de esclarecimento de que o medicamento é bom, tem eficiência e pode tornar a doença uma condição crônica controlável, mas o melhor é não tê-la" - Fábio Mesquita, Diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde
SP oferece mamografia sem agendamento a mulheres com mais de 50 anos de idade
Veja.com
Exame poderá ser feito em 300 ambulatórios médicos de especialidades (Ames) e em quatro unidades itinerantes, que percorrerão a capital e o interior
As moradoras do Estado de São Paulo com mais de 50 anos de idade poderão fazer mamografia no mês de aniversário, sem necessidade de agendamento, em mais de 300 ambulatórios médicos de especialidades (Ames) e em quatro unidades itinerantes, que percorrerão a capital e o interior. O primeiro veículo de exames será inaugurado nesta quinta-feira em Santo Amaro, na Zona Sul da capital, pela Secretaria de Estado de Saúde. O atendimento nas Ames e nas outras unidades começará em janeiro.
A expectativa é de que cada ponto itinerante do projeto, batizado de "Mulheres de Peito", faça 1.000 atendimentos por mês. As carretas de exames terão estrutura para realizar mamografias, biópsias, exames histológicos (para detecção de câncer) e marcação de consultas, em caso de resultado positivo. Para cada 1.000 mamografias, é prevista a necessidade de cerca de 50 biópsias (retirada de amostras de tecido para análise).
"Queremos que todas as mulheres do Estado de São Paulo se previnam contra a principal causa de morte por câncer entre elas", diz o secretário estadual de Saúde, David Uip. O programa não tem prazo para terminar, e a pasta ainda definirá os trajetos das unidades móveis de exame. Serão privilegiados os pontos de maior vulnerabilidade no acesso às unidades médicas onde há aparelhos de mamografia. A ideia é que elas fiquem entre 15 e 20 dias em um local e depois migrem para atendimento em outra região.
Cuidados — O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), José Luiz Pedrini, alerta para a importância do diagnóstico rápido. "A identificação precoce da doença evita cerca de 30% das mortes", afirma. Embora a recomendação do governo brasileiro seja a de que a mamografia seja realizada a cada dois anos em pacientes com mais de 50 anos, a SBM recomenda que os primeiros exames de mama sejam feitos em faixa etária ainda mais jovem, a partir dos 40 anos. "A idade mínima ainda é motivo de debates acadêmicos no Brasil e no exterior", diz Pedrini.
Pedrini alerta, no entanto, para o índice de exames que não conseguem identificar a doença. Em cerca de 20% dos casos, de acordo com ele, a mamografia não detecta o câncer. "É necessário que os programas de governo prevejam ainda mais consultas e acompanhamento das pacientes", diz.
Para ele, unidades itinerantes de consulta servem como incentivo, mas é fundamental conscientizar as mulheres sobre a prevenção. "É mais barato convencer as pessoas a irem aos locais de exame do que levar toda a tecnologia de diagnóstico para vários lugares.”
Retrocesso no Plano Nacional de Educação
Correio Braziliense
PRISCILA CRUZ - Diretora-executiva do movimento Todos Pela Educação
Há algumas semanas, neste mesmo espaço, comentei os importantes avanços que a Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado tinha promovido no texto do projeto de lei que institui o Plano Nacional de Educação (PNE), que demonstrava um compromisso verdadeiro de tornar a educação prioridade no país. Foi com grande frustação e preocupação, contudo, que vimos ser aprovado na plenária da Casa outro texto, que retrocedeu em muitos pontos.
A meta que mais sofreu retrocesso foi a de número 20, que trata do financiamento do setor, na qual a CE havia pertinentemente incluído um trecho sobre a gestão e os mecanismos para combater a desigualdade educacional que assola os municípios mais vulneráveis do país. Os termos gestão e recursos são indissociáveis, pois um não tem poder transformador algum no sistema educacional sem o outro. As estratégias que previam mais clareza na ampliação dos recursos pelos entes federados também foram deixadas de fora.
O texto aprovado ainda deixou genéricas as estratégias relativas ao Custo Aluno-Qualidade (CAQ), além de ignorar a estratégia que determinava a complementação da União aos entes federados que não conseguissem atingir os valores definidos por esses padrões.
Não haverá redução da desigualdade educacional sem mecanismos específicos para dar mais a quem tem menos. É preciso, de uma vez por todas, que, de fato, nos preocupemos com os alunos em situação de maior vulnerabilidade social, econômica e educacional. E a União é o ente federado que mais pode colaborar, investindo mais recursos nos municípios e estados que não têm conseguido atingir uma base digna sobre a qual alunos e educadores possam construir uma educação de qualidade.
O aprendizado dos alunos, que deveria nortear todas as metas e estratégias desse plano, também foi prejudicado, com a não adoção de uma mudança simples, porém muito significativa, que havia sido proposta pela CE: a alteração do termo “educação em tempo integral” para “educação integral”, que indica ir além da simples ampliação do tempo que os alunos passam na escola, mas aponta para uma educação comprometida com o desenvolvimento integral dos alunos, preparando-os para a vida no século 21. Ao não compreender esse importante tema, o texto aprovado se exime de mais uma responsabilidade que foi demandada por diversos atores da sociedade civil ao longo dos três anos de tramitação do PNE.
Além disso, garantir educação em tempo integral para apenas 25% dos alunos da educação básica na rede pública é muito pouco para combater a grande desigualdade educacional e o baixo índice de aprendizagem que ainda temos no Brasil. Se estamos falando em investir 10% do PIB em educação, então deveríamos ser muito mais ambiciosos e perseguir uma meta de no mínimo 50% dos alunos em educação integral.
Destacamos sempre que a execução do plano é mais importante que a sua elaboração, mas ter um plano na direção certa é um primeiro passo importantíssimo. O PNE que volta à Câmara em 2014 deixa de refletir em diversos aspectos os debates e expectativas da sociedade brasileira que atua pela melhoria da qualidade da educação.
Com a demora na aprovação e o tratamento dado pelo Congresso a esse projeto de lei, com debates muitas vezes mais influenciados por questões partidárias do que pela garantia plena do direito de todos a uma educação de qualidade, o país perde. Ainda temos agendas educacionais de séculos passados a resolver, e para que o Brasil consiga dar o salto de qualidade tão necessário, é fundamental ter um plano que alinhe investimentos e esforços de diferentes atores e setores da sociedade.
Encerramos o terceiro ano sem PNE, com grande expectativa de que a Câmara retome os pontos importantes que haviam sido incluídos pela CE do Senado e dê ao país uma resposta efetiva a essa demanda que é um direito constitucional e foi um dos mais reivindicados pela população nas manifestações do ano de 2013: educação de qualidade para todos.
PT se une a religiosos e desagrada a movimento gay
O Estado de S. Paulo
Para grupos de combate à homofobia, partido de Dilma, historicamente ligado à causa, prioriza projeto político em 2014
A força dos políticos evangélicos, que se apoiam em cadeias de rádio e TV mantidas por denominações religiosas ligadas a eles, está provocando o esfriamento das relações entre o PT e os movimentos de defesa dos direitos da minoria gay.
Na avaliação de representantes dos movimentos de combate à homofobia ouvidos pelo Estado, o novo cenário teria como causa o projeto político do PT, de continuidade no poder.
Para manter sua base de apoio e garantir a reeleição, o governo da presidente Dilma Rousseff e os parlamentares petistas estariam fazendo cada vez mais concessões a setores ultraconservadores, representados prioritariamente no parlamento brasileiro pela bancada evangélica.
A situação atual contradiz a história do partido de Dilma, que, desde seu surgimento, na década de 1980, foi simpático às causas do movimento gay.
Do total de 97 proposições que tramitam no Congresso envolvendo de maneira direta ou indireta assuntos relacionados a essa minoria, 38 são de autoria de petistas, segundo pesquisa concluída dias atrás, com patrocínio do Ministério da Justiça.
Intitulada Estudo Sobre Direitos Sexuais, essa pesquisa também mostra que, em segundo e em terceiro lugares, aparecem, bem atrás, o PMDB, com 10 proposições e o PV, com 9. O PSDB está em sexto lugar nessa lista.
Ao chegar à Presidência da República, em 2003, o PT sinalizou que manteria a proximidade com o movimento gay. Foi no governo de Luiz Inácio Lula da Silva que surgiu o programa Brasil Sem Homofobia. Também foi organizada a i.a Conferência Nacional LGBT, em 2008, da qual saíram o 1.° Plano Nacional LGBT, contra a discriminação, e um programa de enfrentamento da epidemia de Aids voltado para gays e travestis.
Apesar das boas intenções, a maior parte dessas propostas não saiu do papel, na avaliação de Oswaldo Braga, coordenador de projetos do Movimento Gay de Minas. "No caso do Brasil Sem Homofobia, surgiram grupos de trabalho e muitos documentos, mas poucas ações concretas", afirma Braga.
O coordenador lembra que em 2011 a presidente Dilma Rousseff vetou a distribuição de material educativo sobre diversidade sexual em escolas; e, em fevereiro do ano passado, mandou retirar do ar o vídeo que estimulava o uso de preservativo entre jovens homossexuais. "Os evangélicos pressionaram e a propaganda, focada no segmento mais vulnerável à Aids, não foi veiculada", diz.
Para Luiz Henrique Coletto, vice-presidente da Liga Humanista Secular, "há um apagão deste governo em relação à população LGBT". Ele assinala que parte da bancada petista e setores do Executivo, como a Secretaria de Direitos Humanos, mantêm a tradição de defesa dos gays. Essa não seria, no entanto, a direção do núcleo político do Planalto.
Aprova mais recente da guinada petista, segundo Coletto, ocorreu na semana passada, no Senado. Ao votarem o destino do Projeto de Lei 122 de 2006, que criminaliza a homofobia, assim como racismo e o antissemitismo, os senadores decidiram apensá-lo ao debate do projeto do novo Código Penal. Essa era a solução que menos interessava aos gays, porque vai arrastar o debate por vários anos. "Mas era a solução que interessava ao Planalto, que não queria votar a matéria antes das eleições", diz Coletto.
Na votação, os senadores do PMDB e outros partidos da base de apoio do governo apoiaram o apensamento, assim como os do PSDB. Quanto aos petistas, não votaram de forma homogênea. Dos doze senadores que compõem abancada do partido de Dilma, apenas seis estavam presentes na hora da votação. Desses, quatro votaram contra o apensamento, como desejavam os gays e de acordo com a orientação da liderança partidária. Mas um se absteve e outro votou pelo apensamento, ao lado dos evangélicos.
Autoridades fazem 1.456 voos em jatinhos da FAB em seis meses
Terra
O campeão de milhagem é o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo
Um levantamento feito pela rádio CBN mostra que, desde julho, quando a Força Aérea Brasileira começou a divulgar as informações sobre o uso de jatinhos da FAB por autoridades, já foram feitas 1.456 viagens, o que representa uma média de 240 voos por mês.
Os destinos são variados e incluem desde um país no exterior, como Venezuela, aos extremos do País, do Oiapoque ao Chuí.
O campeão de milhagem em voos da FAB é o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que usou as aeronaves em 76 oportunidades. Em seguida está o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com 74 voos, seguido por Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com 66.
O dia preferido das autoridades para viajar é sexta-feira, com média de 20 voos. No dia 29 de novembro, no entanto, 29 ministros embarcaram numa única sexta. Os voos também ocorrem aos sábados e domingos, num total de 224 decolagens.
Apesar de ser final de semana, a maioria alega que está em trabalho para solicitar o jatinho. Do total apenas 117 justificaram a viagem como sendo de retorno para residência. A FAB informou que por questões de segurança não pode divulgar os custos operacionais dos voos.
Eleição no Alemão (Felipe Patury)
Pesquisadores contratados pelo PMDB entraram nas 15 favelas do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, para levantar a intenção de voto de seus 60 mil moradores. Marcelo Crivella (PRB) lidera com 35% das preferências. Em segundo, vem o deputado Anthony Garotinho (PR), com 16%. Seguem-no o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), com 14%, e o senador Lindbergh Farias (PT), com 9,5%. Foi o melhor resultado obtido por Pezão nas pesquisas do PMDB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário