Folha de S. Paulo: Mundo vive epidemia oculta de tuberculose resistente a remédios |
21/05/2011 - 10h10 Um iceberg de tuberculose resistente a tratamento pode estar debaixo da superfície da epidemia da doença no mundo, em especial na África. O número de novos casos de tuberculose no mundo está caindo devagar, em torno de 1% ao ano. De acordo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o número de casos de tuberculose resistente a medicamentos (conhecida pela sigla MDR-TB) é muito maior do que o conhecido hoje. A OMS estima que só 12% (30 mil) dos casos dessa versão da doença foram reconhecidos em 2009. Menos de 5% receberam tratamento adequado. DIAGNÓSTICO Na África, continente mais afetado pela tuberculose, só 22 de 46 países têm dados sobre a forma resistente da doença. Assim, o número de casos pode ser bem maior. A combinação de tuberculose com HIV é particularmente letal na África. A doença, que afeta o pulmão e é causada por uma bactéria (bacilo de Koch), é um típico mal da pobreza que afeta mais adultos jovens, prejudicando ainda mais a economia de países pobres. A forma resistente de tuberculose é causada por uma bactéria imune aos antibióticos mais usados (isoniazida e rifampicina). O tratamento é feito com drogas mais caras, mais tóxicas e por mais tempo (até dois anos, em vez dos usuais seis meses). Só os remédios custam de 50 a 200 vezes mais. Em 2009, cerca de 3,3% dos novos casos de tuberculose eram de MDR-TB. Os dados mais recentes, de dezembro de 2010, informam que 69 países, inclusive o Brasil, tiveram casos de MDR-TB. TRATAMENTO O Global Fund to Fight Aids, Tuberculosis and Malaria (Fundo Global para o Combate à Aids, tuberculose e Malária), com sede na Suíça, tem financiado o combate à doença em países pobres. Recursos do fundo, que vêm de governos e instituições privadas, pagaram 14 mil tratamentos de tuberculose resistente em 2009 -60% do total mundial, de 23 mil. A Tanzânia é um dos 22 países com altos índices de tuberculose. Há poucos casos de MDR-TB, mas a prevalência baixa pode estar mascarada por falta de diagnóstico. LABORATÓRIOS Uma prioridade em países africanos é o estabelecimento de laboratórios capazes de detectar a tuberculose resistente e enfermarias isoladas para o seu tratamento. O Hospital Kibong"oto, na região de Kilimanjaro, Tanzânia, é o centro nacional para tratamento de tuberculose. O Kibong"oto tem 340 leitos, 40 deles dedicados à MDR-TB. Lá, o Global Fund financiou um moderno laboratório de diagnóstico, completado no ano passado. "O paciente fica em média de seis a nove meses. Mas depois precisamos acompanhar o paciente no seu ambiente, para evitar a recidiva", diz o diretor do hospital, o médico Liberate John Mleoh. Um dos pacientes com a forma resistente da doença é o soldador Haruna Atuman, casado, com três filhos, diagnosticado em novembro. Vestido com uniforme branco e verde listrado para fácil identificação e sempre de máscara, ele toma 14 comprimidos por dia. Morador de Dar es Salaam, sua família não conseguiu visitá-lo nenhuma vez. "Me sinto bem, agora que estou sendo tratado. Mas no começo não foi nada bom", diz Atuman. "Como o ganhador de pão da casa, não me sinto feliz. Mas meus parentes têm de tolerar, eu estou doente". Fonte: Folha de S. Paulo |
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Um iceberg de tuberculose resistente a tratamento pode estar debaixo da superfície da epidemia da doença no mundo, em especial na África.
O número de novos casos de tuberculose no mundo está caindo devagar, em torno de 1% ao ano.
De acordo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o número de casos de tuberculose resistente a medicamentos (conhecida pela sigla MDR-TB) é muito maior do que o conhecido hoje.
A OMS estima que só 12% (30 mil) dos casos dessa versão da doença foram reconhecidos em 2009. Menos de 5% receberam tratamento adequado.
DIAGNÓSTICO
Na África, continente mais afetado pela tuberculose, só 22 de 46 países têm dados sobre a forma resistente da doença. Assim, o número de casos pode ser bem maior.
A combinação de tuberculose com HIV é particularmente letal na África. A doença, que afeta o pulmão e é causada por uma bactéria (bacilo de Koch), é um típico mal da pobreza que afeta mais adultos jovens, prejudicando ainda mais a economia de países pobres.
A forma resistente de tuberculose é causada por
uma bactéria imune aos antibióticos mais usados (isoniazida e rifampicina).
O tratamento é feito com drogas mais caras, mais tóxicas e por mais tempo (até dois anos, em vez dos usuais seis meses). Só os remédios custam de 50 a 200 vezes mais.
Em 2009, cerca de 3,3% dos novos casos de tuberculose eram de MDR-TB.
Os dados mais recentes, de dezembro de 2010, informam que 69 países, inclusive o Brasil, tiveram casos de MDR-TB.
TRATAMENTO
O Global Fund to Fight Aids, Tuberculosis and Malaria (Fundo Global para o Combate à Aids, tuberculose e Malária), com sede na Suíça, tem financiado o combate à doença em países pobres.
Recursos do fundo, que vêm de governos e instituições privadas, pagaram 14 mil tratamentos de tuberculose resistente em 2009 -60% do total mundial, de 23 mil.
A Tanzânia é um dos 22 países com altos índices de tuberculose. Há poucos casos de MDR-TB, mas a prevalência baixa pode estar mascarada por falta de diagnóstico.
LABORATÓRIOS
Uma prioridade em países africanos é o estabelecimento de laboratórios capazes de detectar a tuberculose resistente e enfermarias isoladas para o seu tratamento.
O Hospital Kibong"oto, na região de Kilimanjaro, Tanzânia, é o centro nacional para tratamento de tuberculose. O Kibong"oto tem 340 leitos, 40 deles dedicados à MDR-TB. Lá, o Global Fund financiou um moderno laboratório de diagnóstico, completado no ano passado.
"O paciente fica em média de seis a nove meses. Mas depois precisamos acompanhar o paciente no seu ambiente, para evitar a recidiva", diz o diretor do hospital, o médico Liberate John Mleoh.
Um dos pacientes com a forma resistente da doença é o soldador Haruna Atuman, casado, com três filhos, diagnosticado em novembro. Vestido com uniforme branco e verde listrado para fácil identificação e sempre de máscara, ele toma 14 comprimidos por dia.
Morador de Dar es Salaam, sua família não conseguiu visitá-lo nenhuma vez. "Me sinto bem, agora que estou sendo tratado. Mas no começo não foi nada bom", diz Atuman. "Como o ganhador de pão da casa, não me sinto feliz. Mas meus parentes têm de tolerar, eu estou doente".
http://www.agenciaaids.com.br/
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