Na semana 24 com o inibidor de proteases Boceprevir (Victrelis), 70% de indetectaveis
Resultados provisórios apresentados no "Infectious Diseases Society of America (IDSA)" de um ensaio clínico incluindo 98 pacientes co-infectados com HIV/AIDS e hepatite C que nunca tinham recebido algum tratamento anterior para hepatite C, foram então tratados com a combinação do inibidor de proteases Boceprevir (Victrelis), interferon peguilado e ribavirina, mostram que na semana 24 do tratamento 70,5% dos pacientes se encontram indetectaveis (negativos).
O resultado é animador já que no grupo de pacientes, para efeito de controle, que estão recebendo o tratamento tradicional, só com interferon peguilado, ribavirina e um placebo, o percentual de pacientes indetectaveis na semana 24 é de somente 34,4%.
Importante é destacar que os pacientes se encontravam em tratamento antirretroviral do HIV/AIDS. Para serem incluídos no estudo deveriam apresentar uma carga viral do HIV menor a 50 cópias/mL e uma contagem de células CD4 igual ou superior a 200 células/mm3.
Todos estão recebendo tratamento de 48 semanas, sendo as primeiras quatro semanas somente com interferon peguilado e ribavirina e as restantes 44 semanas incluindo o Boceprevir (Victrelis) ou uma pílula de placebo de formato e cor igual ao Boceprevir (Victrelis) no grupo controle. Por ser um estudo duplo-cego o paciente desconhece em que grupo se encontra.
Os efeitos colaterais e adversos encontrados entre os pacientes co-infectados que receberam o Boceprevir (Victrelis) são similares aos encontrados nos pacientes infectados somente com a hepatite C. Não houve variações inesperadas na carga viral do HIV ou na contagem de células CD4, demonstrando segurança na utilização do Boceprevir (Victrelis) nos co-infectados.
MEU COMENTÁRIO
Existe outro ensaio clínico realizado em co-infectados com o Telaprevir (Incivek ou Incivo) que apresenta resultados semelhantes, de 68%, porém fica impossível qualquer comparação. Enquanto no ensaio clínico com o Boceprevir os pacientes em tratamento do HIV/AIDS se encontravam realizando o tratamento com todos os antirretrovirais disponíveis, no ensaio clínico com o Telaprevir (Incivek ou Incivo) existiam exclusões que não permitiam a inclusão de pacientes tomando alguns medicamentos utilizados no tratamento do HIV/AIDS. Motivo pelo qual qualquer comparação entre os estudos não teria nenhum fundamento científico. É necessário aguardar resultados de algum outro estudo que compreenda todos os pacientes com uso de todos os antirretrovirais utilizando o Telaprevir (Incivek ou Incivo).
Cabe esclarecer que nos dois ensaios clínicos os resultados são provisórios, isto é, os pacientes ainda estão em tratamento, mas são altamente promissórios quando sabemos que nos pacientes infectados somente com hepatite C que se encontram indetectáveis nessa fase do tratamento possuem 80% de possibilidade de cura da hepatite C. Acredito que com os co-infectados não será muito diferente. A publicação da apresentação é encontrada em http://idsa.confex.com/idsa/
Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Sulkowski M et al. Boceprevir plus peginterferon/ribavirin for the treatment of HCV/HIV co-infected patients: interim on-treatment results. 49th Annual Meeting of the Infectious Diseases Society of America, Boston. Abstract LB-37.
Carlos Varaldo
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