SAIU NA IMPRENSA
11/MAIO/2015
Saúde materna: Abismo entre favela e asfalto põe Brasil em posição de risco
BBC
Um estudo sobre o bem-estar de mães e bebês pelo mundo destaca o abismo entre favela e asfalto quanto à qualidade dos serviços de saúde ofertados, tanto em cidades brasileiras como em metrópoles internacionais.
O levantamento anual "O Bem-Estar das Mães do Mundo 2015", feito pela ONG Save the Children, coloca o Brasil em 77º lugar do ranking entre 179 países analisados, abaixo de países latino-americanos como Argentina e México.
O relatório compila dados levantados por outras instituições - de saúde materna, mortalidade infantil, educação, renda per capita e até representatividade feminina no governo - e, no caso brasileiro, cita um estudo realizado no Rio que aponta que a taxa de mortalidade de recém-nascidos chega a ser 50% maior em favelas do que em bairros mais ricos.
"Há crescentes evidências de que os bairros onde se vive têm muito a ver com o acesso à saúde de qualidade. Hospitais de boa qualidade muitas vezes estão reservados a mães que têm poder econômico", diz à BBC Brasil Beat Rohr, diretor regional da Save the Children na América Latina.
Ele lembra que, historicamente, a saúde mundial tendia a ser melhor nas áreas urbanas do que nas rurais. "Mas hoje vemos que dentro das próprias cidades essa disparidade é muito grande, e isso se reflete em mortalidade materna e infantil. Se algumas gestantes têm acompanhamento regular em bairros ricos, isso nem sempre ocorre em bairros pobres, onde às vezes o médico não está, a consulta não é frequente e etc."
No Brasil, mulheres têm uma chance em 780 de morrer de causas relacionadas à gravidez - nesse indicador específico, o país fica em 82º lugar entre os 179 analisados.
Dados de março deste ano apontam que a mortalidade materna vem caindo, mas em ritmo insuficiente para que o país alcance até o fim deste ano o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) no quesito.
A altíssima taxa de cesáreas, o excesso de intervenções desnecessárias, a falta de treinamento de equipes especializadas e a proibição do aborto são alguns dos fatores apontados como barreiras para que o risco diminua mais no país.
Representatividade política - Entre os indicadores usados pela Save the Children, o Brasil se sai pior em representação política feminina, apesar de ter uma mulher na presidência.
"As mulheres têm menos de 10% dos assentos no Congresso, colocando o país em 151º lugar no mundo nesse indicador", diz o levantamento.
Questionado a respeito da influência disso na saúde materna e infantil, Rohr explica que "há indicativos de que, quando têm poder político, as mulheres (no Legislativo) tendem a votar mais em políticas sociais, ainda que isso não seja uma regra".
Problemas observados nos centros urbanos brasileiros são semelhantes aos de outras grandes cidades do mundo, diz o relatório da ONG ao citar "disparidades devastadoras em saúde entre ricos e pobres".
"Para bebês nascidos em muitas das cidades que mais crescem no mundo, (é uma questão de) sobrevivência dos mais ricos", diz Jasmine Whitbread, executiva-chefe da Save the Children.
Em 19 dos 40 países em que há dados de tendências de longo prazo, cresceu o abismo entre áreas prósperas e marginalizadas no que se refere a taxas de sobrevivência infantil.
EUA, o pior país rico para se dar à luz - O relatório concluiu também que mulheres dão à luz nos Estados Unidos têm mais chance de morrer no parto do que em qualquer outro país rico.
Uma mulher americana tem, em média, probabilidade dez vezes maior de morrer na gravidez ou durante o nascimento da criança do que as gestantes da Áustria, por exemplo.
Apesar de o país ter uma das maiores rendas per capita do mundo, ficou em 33º lugar do levantamento, dois abaixo do relatório do ano passado.
"Em algumas cidades americanas, a diferença entre a sobrevivência de crianças urbanas ricas e pobres é maior do que em muitos países desenvolvidos", diz o texto.
Em Washington, a capital americana, crianças nascidas nas partes mais pobres tinham probabilidade dez vezes maior de morrer antes de seu primeiro aniversário do que crianças que moram nas regiões mais ricas da cidade, diz o relatório.
A Save the Children elogia, por outro lado, a redução da mortalidade materna e infantil em capitais como Campala (Uganda) e Adis Abeba (Etiópia).
O ranking da ONG é liderado por países nórdicos: a Noruega ficou em primeiro lugar em saúde materna e infantil, e Finlândia, Islândia, Dinamarca e Suécia também tiveram boas colocações.
Países africanos devastados por guerras e conflitos internos - Mali, República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Somália - são os piores para mulheres que vão dar à luz.
Brasil tem mais de 20 milhões de mães solteiras, aponta pesquisa
Agência Brasil
O Brasil tem 67 milhões de mães, segundo pesquisa do Instituto Data Popular. Dessas, 31% são solteiras e 46% trabalham. Com idade média de 47 anos, 55% das mães pertencem à classe média, 25% à classe alta e 20% são de classe baixa. Pouco mais de um terço dos filhos adultos (36%) ajudam financeiramente as progenitoras.
De acordo com o estudo, as mães do século 21 são menos conservadoras e mais interessadas em tecnologia do que as do século 20. Entre as mães do século passado, 75% acreditavam que uma pessoa só pode ser feliz se constituir família. O percentual de verdade dessa premissa cai para 66% para as mães da nova geração. Para 58% das mães da geração anterior é um dever da mulher cuidar das refeições. Enquanto esse pensamento prevalece em apenas 45% das progenitoras do século 21.
A geração anterior também acha que é principalmente papel do homem trazer dinheiro para dentro de casa (55%) e que as tarefas domésticas são dever da mulher (60%). Entre as mais novas, 43% acreditam no papel do homem provedor e 48% veem a mulher como responsável pelo lar.
Em relação a tecnologia, 35% das mães da geração atual disseram que não imaginam a vida sem internet, contra 14% das que experimentaram a maternidade antes dos anos 2000. 63% das mães do século 21 disseram que adoram produtos tecnológicos de última geração. Entre as mais velhas, o percentual é de 38%.
Sobreviventes do ebola devem evitar sexo inseguro indefinidamente
BBC Brasil
Caso de mulher na Libéria despertou suspeita sobre tempo de sobrevivência do vírus no sêmen após a cura da doença
O Centro de Controle de Doenças americano (CDC, na sigla em inglês) alertou os sobreviventes do vírus ebola para que usem camisinha obrigatoriamente ou evitem sexo no futuro próximo.
A orientação anterior era esperar 90 dias após ser declarado curado da doença para ter relações sexuais sem proteção. Isso garantiria que o vírus não seria transmitido a seus parceiros.
A mudança de orientação veio após a descoberta, por médicos da Organização Mundial de Saúde (OMS), do caso de uma mulher liberiana de 44 anos que teria contraído o vírus após manter relações com um sobrevivente, seis meses depois de ele ter sido curado.
Amostras foram enviadas para o CDC para exames e, se a hipótese for confirmada, pode significar que o vírus sobrevive no sêmen masculino mais que o dobro do período considerado originalmente.
"Mesmo que a amostra tenha sido positiva para fragmentos do vírus, isso não prova que ele foi contraído sexualmente. É preciso ter muito cuidado e muita clareza sobre isso", disse à BBC, em abril a médica Nathalie Broutet, da OMS.
A CDC recomenda uso "correto e consistente" de camisinhas - ou até a abstinência sexual - a sobreviventes do ebola
Alguns sobreviventes, no entanto, demonstraram irritação ao saber sobre a mudança na orientação sobre as relações sexuais.
A BBC falou com um motorista de ambulância liberiano, que afirmou que o CDC deveria ser responsabilizado pelo fato de as instruções iniciais não estarem corretas.
Um correspondente da BBC em Monróvia, capital da Libéria, afirmou que a mensagem está sendo passada adiante e, de um modo geral, os sobreviventes a estão levando a sério.
O ebola se espalha pelo contato com fluidos corporais de uma pessoa que tenha o vírus ativo e apresente sintomas da doença, como febre alta.
Mas os especialistas ressaltam que pessoas recuperadas da doença não oferecem risco ao público em geral e não devem ser isoladas.
Drogas na adolescência (Jairo Bauer)
O estado de SP
Um relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA), divulgado há duas semanas, apontou uso elevado de drogas entre adolescentes, associado a uma baixa percepção dos riscos que essas substâncias podem trazer.
O Relatório sobre Uso de Drogas nas Américas 2015, divulgado pela agência de notícias AFP, revela ainda a facilidade de acesso às drogas, bem como a ampla variedade delas.
O consumo de maconha pelos jovens de 13 a 17 anos, por exemplo, teria aumentado em todo o continente americano no último ano, com o Chile ocupando o primeiro posto. Para especialistas, o uso da droga combina dois pontos importantes: o jovem não vê riscos na droga e, ainda, percebe que ela é muito acessível. Seis em cada dez adolescentes disseram que é fácil conseguir maconha. A combinação desses fatores pode explicar a explosão do seu uso entre os mais novos.
O arranjo entre baixa percepção de risco, facilidade de compra, capilaridade da distribuição e ampla variedade de substâncias pode explicar, também, o aumento do consumo pelos jovens de outra categoria de drogas, as novas drogas sintéticas, em boa parte do mundo, incluindo a América Latina.
De 2008 a 2013, segundo o Escritório de Drogas e Crimes das Nações Unidas (UNODC), foram identificadas mais de 350 novas drogas sintéticas. Elas costumam funcionar como forte atrativo para os jovens, já que são consideradas as "drogas da vez", com certo apelo de moda e modernidade. Na Europa, muitos jovens já trocam as drogas tradicionais, como maconha e cocaína, pelas novas sintéticas.
Essa troca pode estar se processando também nas Américas e até mesmo no Brasil, segundo reportagem publica da na semana passada no UOL, durante o Congresso do Cérebro, Comportamento e Emoções, que aconteceu em Porto Alegre. Em abril, por exemplo, foi decretado um alerta em Nova York, depois de mais de 160 internações hospitalares por uso de canabinoides sintéticos (substâncias que imitam a maconha, mas que têm uma potência muito mais elevada).
Ainda segundo a reportagem do UOL, em fevereiro de 2015, foram apreendidos 220 gramas de NBOMe pela Polícia Federal no Espírito Santo. Essa quantidade de droga poderia produzir 200 mil micropontos. Bom lembrar que essa foi a substância encontrada no corpo do estudante de 20 anos que se afogou na raia da Universidade de São Paulo (USP), após uma festa, no final de 2014.
O fenômeno do uso de drogas pelos jovens não é novidade, mas uma série de pesquisas tem reforçado que o início do contato é cada vez mais precoce. Quanto mais cedo começa esse consumo, maiores os riscos de abuso, dependência e problemas de saúde.
Sem poder avaliar o impacto que o uso de substâncias pode ter em sua vida (muitas vezes, sem nem ter noção do que está sendo consumindo), o jovem se toma uma presa fácil dessa nova categoria de drogas.
Os médicos têm visto casos cada vez mais graves de confusão mental, agressividade, delírios, surtos de ansiedade e alucinações em jovens que consomem as novas drogas sintéticas. Sem contar problemas como hipertermia, convulsões, crises de hipertensão, arritmias cardíacas e enfarte, que colocam a vida em risco.
Além de identificar cada vez mais rápido as novas drogas, seria importante trabalhar com os mais jovens (em casa, na escola, na mídia, na internet) a noção de que é difícil prever o impacto que uma substância pode ter no corpo, nas emoções e no comportamento, quando mal se sabe o que está sendo consumido. Além disso, contaminações por outros produtos e problemas de dosagem (já que elas são produzidas, em geral, em laboratórios clandestinos) tornam essa previsão ainda mais incerta e perigosa.
Má-fé (Hélio Schwartsman)
Folha de SP
SÃO PAULO - No Brasil eles são poucos, mas nos EUA já são em número suficiente para causar furor na mídia e aparecer em certas estatísticas de saúde. Trata-se dos grupos que recusam tratamento médico por razões religiosas. Há desde Testemunhas de Jeová, que hoje rejeitam só transfusões de sangue, até a Ciência Cristã, que admite pouquíssimas ações médicas, como para curar ossos quebrados. No meio do caminho, várias denominações proíbem ou desencorajam a vacinação.
Não vejo problema em deixar que maiores de idade sejam soberanos no que diz respeito à sua saúde. Se um seguidor da Ciência Cristã preferir morrer a tomar antibiótico, é uma escolha pessoal que tem de ser respeitada por todo sistema jurídico civilizado. A questão é mais complexa quando menores entram na jogada.
É para propor que o Estado seja mais ativo na defesa dos pequenos que Paul Offit acaba de lançar "Bad Faith" (má-fé). O livro traz casos estarrecedores de pais que deixaram seus filhos morrer porque preferiram rezar a levá-los ao hospital. Fala também dos surtos de sarampo provocados por objeções religiosas à vacinação e relata outros desserviços que certas interpretações da vontade de Deus causam à saúde pública.
Para Offit, o problema dos EUA é que praticamente todos os Estados criaram brechas para que religiosos não precisem se submeter às leis que obrigam pais a zelar pela saúde dos filhos. Concordo só em parte com o autor. Se ainda há tempo, cabe ao poder público assegurar que a criança receba tratamento mesmo contra a vontade dos pais. Se o pior já aconteceu, porém, não creio que seja o caso de punir os genitores com rigor máximo. Tudo indica que eles acreditavam sinceramente agir nos melhores interesses do filho. Mandá-los para a cadeia tende, portanto, a ser inócuo.
É meio cruel dizê-lo, mas essas tragédias talvez sejam a forma que a evolução encontrou para melhorar o pool genético da humanidade.
JOVENS, POBRES E GRÁVIDAS
Informe O Dia
A gravidez na adolescência aumentou na cidade. Entre 2010 e 2013, o número de filhos de mães com menos de 20 anos pulou de de 13.398 para 14.325. Dos nascimentos contabilizados em 2013, 16% foram de filhos de adolescentes. Das seis áreas que registraram maiores percentuais, cinco são favelas: Rocinha, Maré, Cidade de Deus, Jacarezinho e Alemão nelas, o índice varia de 22% a 26%. Em bairros como Botafogo, Lagoa e Barra, a taxa fica entre 5% e 7%. Os dados foram avaliados pelo Movimento Rio Como Vamos.
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