12/03/2010 - 20h25
Presente na reunião mensal do Fórum de Organizações Não Governamentais ligadas a causa da aids no Estado de S.Paulo (Fórum de ONG/Aids), nesta quarta-feira, 12 de março, Kátia Abreu da área de assistência do Departamento de DST/Aids disse que “os médicos na ponta (infectologistas) talvez ainda não compreendam seu papel no encaminhamento cirúrgico”.
Abreu se referiu ao questionamento de alguns cirurgiões plásticos na reunião sobre a falta de pacientes lipodistróficos em cirurgias reparadoras oferecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Ou seja, médicos não encaminham pacientes para os serviços especilizados nessa área.
O estado de São Paulo é referência nesse tipo de procedimento utilizado em pacientes soropositivos. O Hospital Heliópolis, por exemplo, localizado na Zona Sul, foi pioneiro na realização deste tratamento. Para o infectologista do hospital, Heverton Zambrini, “é muito importante esse tipo de debate, parabenizo o empenho de todos os hospitais e cirurgiões que estão lutando para facilitar o acesso as cirurgias reparadoras ao paciente soropositivo, como o preenchimento da face”, disse.
“A cirurgia aumenta a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e aids, mas não é a solução para a lipodistrofia. No momento, é o que temos, além de exercícios físicos e boa alimentação.”
Ainda segundo Zambrini, “nem sempre é possível fazer uma correção cirurgica, é preciso que os pacientes tenham calma”, explicou.
O cirurgião plástico que atende no município de Botucatu, interior de São Paulo, Aristides Palhares, trouxe um dado significativo: “O hospital tem estrutura para realizar em média uma cirurgia por semana, porém a demanda de pacientes é pequena, atendemos um ou dois casos novos por mês.”
Já o cirugião plástico, Rogério Ruiz, que atua em Sorocaba, explicou que o paciente soropositivo só pode fazer a cirurgia se estiver bem de saúde. “Nenhuma pessoa com HIV é recusada, o que acontece é que se não estão aptas neste momento, a cirurgia de reparação é postergada, não contra indicada”, afirmou.
Segundo o médico cirurgião que integra a equipe do Hospital do Servidor Público de São Paulo, o Dr Mario Warde, o local atendende até mesmo pessoas que não são funcionários públicos.
“Atendemos cerca de oito à dez pacientes por mês. Tivemos um avanço muito importante, hoje temos um fila, coisa que nunca aconteceu”, disse.
A coordenadora do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, Maria Clara Giana, também esteve presente nesta reunião. Segundo ela, um dos desafios do programa neste momento é a ativação de novos hospitais que possam atender todos os pacientes do Estado.
“Existe uma rede de serviços que o programa criou para ampliar as cirurgias. Em São Paulo, muitos hospitais apresentam infraestrutura para realizar esse processo. Por exemplo, em São José do Rio Preto, o hospital tinha todos os equipamentos mas não fazia cirurgias. Conversamos com a equipe para mudar isso. Já em Botucatu, acontece o aumento do número de profissionais especializados”.
Outro exemplo citado por ela, é o Instituto de Infectologia Emílio Ribas. A intenção é a realização de pelo menos oito cirurgias reparadoras por semana no local.
Para Abreu, do Departamento de DST, o Estado de São Paulo, mesmo com alguns problemas, é referência nesse tipo de procedimento. ”Dos 15 serviços cadastrados no Ministério da Saúde que realizam cirurgias plásticas reparadoras, nove são paulistas.”
Giana divulgou na reunião que a proposta do Programa este ano é realizar um encontro de Serviços de Atendimento Especializados em DSTs e Aids, e uma das propostas é debater justamente esse tema.
Campanha
Como uma das soluções para a divulgação e a ampliação das cirurgias plásticas reparadoras, Kátia Abreu afirmou que o Ministério da Saúde vai lançar uma Campanha de Lipodistrofia. Segundo ela, um dos objetivos é informar que existe uma cirurgia que combate os efeitos colaterias dos medicamentos usados no tratamento antirretroviral.
Serão distribuídos nos locais especializados cartazes e folders, em especial para os médicos.
Talita Martins
www.agenciaaids.com.br
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