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segunda-feira, 5 de março de 2012

Principal desafio para combater a tuberculose é reduzir abandono



Principal desafio para combater a tuberculose é reduzir o número de pacientes que abandonam o tratamento

04/03/2012
_GeraThumbBinary.asp.jpgDe acordo com dados do ministério, nove em cada 100 pacientes que iniciam o tratamento não o levam até o fim. O máximo tolerável, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é quase a metade disso: cinco em cada 100.

Reduzir as taxas de incidência da tuberculose no Rio de Janeiro é fundamental para mudar o panorama da enfermidade no país.
Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Diminuir a taxa de abandono do tratamento contra a tuberculose é o principal desafio do país no combate à doença, segundo afirmou o coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, Draurio Barreira. De acordo com dados do ministério, nove em cada 100 pacientes que iniciam o tratamento não o levam até o fim. O máximo tolerável, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é quase a metade disso: cinco em cada 100.
Embora a taxa de incidência da tuberculose venha caindo no país nas últimas décadas – atualmente é 37,7 casos para 100 mil habitantes – ainda morrem a cada ano cerca de 4.800 brasileiros em função da doença, na maior parte das vezes porque o paciente não concluiu o tratamento.
“O número de mortes por tuberculose no país representa apenas um décimo da mortalidade mundial, mas é um número absoluto que nos preocupa, porque se trata de uma doença que tem diagnóstico simples, tratamento altamente eficaz e medicamento gratuito oferecido pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. A gente não deveria ter esse número e de fato muito se deve ao abandono do tratamento."
Barreira explicou que a adesão ao tratamento, inversamente proporcional ao abandono, é fundamental para quebrar a cadeia de transmissão da doença e evitar o aumento de resistência da bactéria causadorada enfermidade, o bacilo de Koch.
“Muitas pessoas abandonam o tratamento, que leva em média seis meses, nas primeiras semanas, que é quando têm a sensação de estarem curadas, porque se sentem melhor, ganham apetite e peso. Isso ocorre porque a carga do bacilo diminui, mas com o abandono essa carga volta rapidamente e pior ainda, muitas vezes já com característica de resistência”, ressaltou.
Ele destacou que o fortalecimento da atenção básica, como as ações do Programa Saúde da Família, do governo federal, executado pelos municípios, pode contribuir para reverter esse quadro. Barreira explicou que para monitorar a gestão dos municípios e o desempenho da atenção básica no tratamento da tuberculose, técnicos do ministério obedecem a um cronograma estabelecido para visitar a cada dois anos todas as 181 cidades consideradas prioritárias nessa área.
A superintendente de Unidades de Saúde da Secretaria Municipal do Rio, Betina Durovni, citou a comunidade da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, como um caso de sucesso em termos de redução das taxas de abandono do tratamento. Embora o local lidere o número de casos de tuberculose no município, com cerca de 300 ocorrências por 100 mil habitantes, o fortalecimento da atenção básica, especialmente com a implantação de uma clínica da família que garante cobertura de 100% da população residente na comunidade, contribuiu para que taxa de cura superasse o patamar recomendado pela OMS, que é 85%.
Segundo ela, esse movimento está diretamente relacionado à redução no índice de abandono do tratamento. “É como se fossem dois pratos de uma mesma balança. Quanto menor o abandono, maior a cura, porque o tratamento, embora simples, é longo, leva em média seis meses, por isso o acompanhamento das equipes de saúde é tão importante, para garantir que o paciente não desista antes da cura total."
A superintendente da Secretaria Municipal de Saúde acrescentou que durante esse período, o paciente precisa tomar regularmente a medicação, fornecida gratuitamente pelo Ministério da Saúde e disponibilizada nas unidades municipais.
Para a dona de casa Sueli, moradora de uma comunidade da zona sul do Rio, a orientação dos profissionais na unidade de saúde onde buscou atendimento foi fundamental. Ela, que pediu para não ter o sobrenome identificado por medo de ser alvo de preconceito, está em tratamento há um mês contra a tuberculose.
“Foi fundamental, porque eu fiquei muito assustada no início. Mas quando tive o diagnóstico, os profissionais me orientaram, dizendo que a tuberculose não é um bicho de sete cabeças, mas que eu tinha que seguir todo o tratamento e tomar os medicamentos todos os dias, certinho”, contou ela, que embora já sinta redução nos sintomas, garante que não vai abandonar o procedimento até ter certeza da cura.
O governo do Rio de Janeiro também prepara um plano de combate à tuberculose e à aids, que piora a condição do paciente, já que reduz sua imunidade e o deixa mais suscetível a contrair a doença. A iniciativa seria lançada este mês, mas por "problemas logísticos" foi adiada para maio.
De acordo com o superintendente de Vigilância Epidmiológica e Ambiental da Secretaria Estadual de Saúde Alexandre Chieppe, o plano prevê uma pactuação política com municípios fluminenses para garantir maior capilaridade das ações de controle da doença no estado. Ele disse que mais detalhes sobre o plano serão divulgados no momento do lançamento.
“A tuberculose é um importante problema de saúde pública no Rio e merece um enfrentamento mais contundente para reduzir os casos."
De acordo com dados do Ministério da Saúde, com aproximadamente 11 mil novos casos da doença a cada ano, o estado lidera o ranking de incidência nacional da tuberculose. Enquanto a média nacional é 37,7 casos por 100 mil habitantes, no Rio de Janeiro ela chega a quase o dobro: mais de 70 ocorrências por 100 mil habitantes.

Fortalecimento do sistema de atenção básica à saúde pode reduzir casos de tuberculose

04/03/2012
Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Reduzir as taxas de incidência da tuberculose no Rio de Janeiro é fundamental para mudar o panorama da enfermidade no país, segundo avaliação do coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, Draurio Barreira. Para ele, o fortalecimento do sistema de atenção básica, como a expansão das clínicas da família na capital fluminense, é o principal fator que pode contribuir para isso.
A cada ano são notificados aproximadamente 11 mil casos da doença no estado, que lidera o ranking de incidência nacional da doença: mais de 70 ocorrências por 100 mil habitantes, quase o dobro da média nacional (37,7 casos por 100 mil habitantes). O Brasil tem até 2015 para contabilizar 25,8 casos por 100 mil habitantes, conforme um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
“A gente vê com bastante expectativa esse movimento de fortalecimento da atenção básica, como a expansão das clínicas da família, cujos profissionais conhecem de perto esse portador [da doença], os hábitos de vida, a casa. Eles têm a capacidade de interferir positivamente na relação dessa pessoa com seus hábitos de saúde”, explicou Barreira.
Segundo ele, o Rio de Janeiro tem não só a maior incidência da doença, como concentra, em números absolutos, o maior número de casos do país. "Então, se mudar a realidade do estado e do município, que concentra metade dos casos do estado, vai mudar o panorama da tuberculose no país."
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, foram inauguradas, nos últimos quatro anos, 56 clínicas da família, permitindo uma ampliação da cobertura de 3,5% para 31,6% nesse período, o que representa cerca de dois milhões de pessoas assistidas pela estratégia.
A superintendente de Unidades de Saúde da secretaria municipal, Betina Durovni, explica que o grande diferencial desse projeto, que integra o Programa Saúde da Família (PSF), do governo federal, é a proximidade dos profissionais e pacientes, que podem monitorar melhor a continuidade do tratamento.
A expansão da atenção primária por meio das clínicas da família é um passo fundamental para o controle da tuberculose e de outras doenças. O papel dos agentes comunitários, da supervisão do tratamento e da proximidade [entre profissionais e pacientes] é fundamental para elevar os índices de cura da doença."
Para Miguel Aiub, diretor do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, ligado à Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), a redução nos índices da doença dependem de um acolhimento eficiente pelo serviço de saúde, o que inclui acesso facilitado e continuidade do tratamento, que leva em média seis meses, mas também da melhoria da qualidade de vida principalmente da população que vive em comunidades carentes.
“As clínicas da família ajudam porque com o tratamento adequado, evita-se que novas pessoas sejam contaminadas. Mas é preciso também que as populações vulneráveis, como as que moram em favelas, tenham melhorias na qualidade de vida. Os índices de maior incidência estão localizado em populações mais empobrecidas, de rua, e indígenas, por exemplo", explicou.
O coordenador da comissão de tuberculose da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio, Marcos Conde, acrescentou que em regiões onde há bolsões de pobreza a busca ativa por pacientes contaminados é decisiva.
“Em geral, esses locais são pouco ventilados, há pouca entrada de luz solar e, por isso, são mais propícios aos casos de tuberculose. A busca por pacientes contaminados é importante porque numa situação de tantos problemas sociais, a tosse, um dos principais sintomas da doença, acaba sendo um problema menor para essa parcela da população, que acaba demorando para buscar atendimento e a doença vai se propagando”, destacou.


Carlos Basília
Fórum ONGs Tuberculose RJ
Observatório Tuberculose Brasil
Instituto Brasileiro de Inovações em saúde Social - IBISS

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