Páginas

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Maranhão avança nas ações de combate à hanseníase

Maranhão avança nas ações de combate à  hanseníase
O ESTADO DO MARANHÃO 
25/10/2010 
Em São Luís, Açailândia e Imperatriz, a doença atinge níveis de hiperepidemia; entretanto, estudo do Centro de Referência Nacional em HANSENÍASE e Dermatologia Sanitária da Universidade Federal de Uberlândia está controlando a enfermidade 
Imperatriz - Um estudo do Centro de Referência Nacional em HANSENÍASE e Dermatologia Sanitária da Universidade Federal de Uberlândia 
(UFU) possibilitará  um grande impulso nas ações de combate à HANSENÍASE no Maranhão. 
Em São Luís, Açailândia e Imperatriz, a doença atinge níveis de hiperepidemia. Em Imperatriz, por exemplo, os últimos levantamentos da Secretaria Municipal de Saúde mostram que para cada grupo de 100 mil habitantes 165 pessoas estão com HANSENÍASE. O Ministério da Saúde preconiza como aceitáveis, no máximo, dois casos para cada grupo de 100 mil habitantes. 
"Todas as pesquisas realizadas em nível de Brasil são por meio deste Centro de Referência da UFU, que atua ainda em locais do país onde há hiperepidemia ou elevado número de casos de HANSENÍASE concentrados, para poder tentar reduzir estes índices ainda comuns a Rondônia, Acre, Mato Grosso, Pará, Maranhão e Piauí", ressaltou a hanseanóloga Maria Aparecida Gonçalves, uma das líderes do grupo de pesquisa que esteve em Imperatriz semana passada. 
Visitas - No Maranhão, o centro trabalha em São Luís, Açailândia e Imperatriz, onde a ação teve início em 2008. Desde então, os pesquisadores visitam Imperatriz pelo menos duas vezes por ano para desenvolver etapas do estudo. 
Com apoio da Secretaria Municipal de Saúde, Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e do Ministério da Saúde, os estudiosos fazem trabalho preventivo com os familiares dos hansenianos para quebrar a barreira de transmissão da doença. 
Na etapa da semana passada, o grupo examinou dezenas de pessoas que convivem ou conviveram com pessoas doentes, ao mesmo tempo em que reuniu as informações para o mapa municipal da enfermidade. 
"Atuamos com famílias, realizando abordagem, sensibilização e exames para ver quem está  contaminado, pois está comprovado cientificamente que o bacilo gosta de se alojar no nariz e na boca, mas a pessoa não adoeceu, ainda, e vamos romper essa barreira de transmissão em que um vai passando para o outro e o outro para o outro", informou a especialista. 
Os exames realizados pela equipe são o do raspado dérmico no nariz e boca e a biópsia da pele em casos de pacientes com lesões. As novidades são os exames de sorologia, semelhante ao usado para o diagnóstico do HIV, o vírus da AIDS, e o de genética molecular. Este último exame é sofisticado e permite diagnosticar precocemente a presença do bacilo no organismo de uma pessoa. 
A outra frente de atuação é a montagem do mapa. O do município está bem adiantada. A previsão é de que seja concluído nos próximos dias. O mapa será fundamental como estratégia para o enfrentamento da HANSENÍASE em Imperatriz, principalmente por possibilitar a localização dos casos via satélite. 
Otimismo - O dermatologista Pedro Júlio Gonçalves, médico do Programa Municipal de Combate à  HANSENÍASE, se disse muito otimista com a nova frente de trabalho. 
"Serão aproximadamente cinco anos de trabalho, o que significa que deverá ser concluído por volta de 2014. Em cada etapa vem uma turma. Nesta da semana passada vieram seis universitários da UFU e dois do Curso de Geografia da UFMA, do campus de São Luís, para fazer o mapeamento da cidade por meio de rastreamento de satélite (GPS), o que possibilitará avanços no tratamento", previu o médico. 
Programa se desenvolveu favoravelmente na cidade 
O dermatologista Pedro Júlio Gonçalves disse que, apesar do número de casos ser elevado, há o que se comemorar. Primeiro, em função da melhoria nas condições de atendimento e tratamento da enfermidade. O número de médicos do programa aumentou de um para quatro este ano. 
"Estou otimista porque a partir do momento em que a gente sai do marasmo e começa a ver situações novas, as nossas forças se renovam, o nosso otimismo melhora. A pesquisa visa melhorar e trabalhar com a família do doente, uma questão que para mim era inquietante", comemorou o dermatologista imperatrizense. 
Pedro Gonçalves ressaltou que atualmente o Programa de Combate à HANSENÍASE tem um centro de referência localizado em frente à Praça Tiradentes, onde é feito o diagnóstico da doença. 
Se positivo, o paciente recebe a medicação gratuitamente e é orientado a fazer o acompanhamento no posto de saúde de seu bairro, uma estratégia para estimular o enfermo a completar o tratamento. Em Imperatriz, o número de pacientes que desiste do tratamento é preocupante. 
Preconceito - Outra preocupação de Pedro Gonçalves, um veterano do programa, diz respeito ao preconceito, que ainda existe na sociedade com relação aos pacientes de HANSENÍASE. 
A HANSENÍASE está  associada ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). À medida que a família tem melhor condição de vida também tem acesso a alimentação mais substancial, que serve para proteger o organismo que se torna mais resistentes às doenças. 
"O preconceito está  diretamente ligado à falta de esclarecimento porque quando a gente leva a informação. O que acontece é que as pessoas se atualizam daquelas informações que vem do passado época em que a doença época era denominada de lepra, hoje graças a Deus isso acabou", comemorou Maria Aparecida. 
Ainda há pacientes que temem se expor por medo de ter a doença associada ao surgimento de deformidades no corpo, quadro de ainda provoca aversão em muita gente, até mesmo em profissionais que atuam na área da saúde. 
Imperatrizenses respondem bem a chamado de grupo de pesquisadores 
Médicos atendem em postos improvisados e orientam familiares de hansenianos sobre o mal e suas conseqüências 
Imperatriz - As campanhas nos meios de comunicação, em escolas e comunidades, sobre a importância da população procurar os postos de saúde para diagnóstico e tratamento da HANSENÍASE está provocando uma revolução silenciosa. 
No trabalho de campo, as informações também estão fluindo mais. Durante o mutirão de atendimento promovido semana passada, aquelas pessoas que convivem com pacientes de HANSENÍASE atenderam ao chamado dos pesquisadores, embora alguns ainda se mostrassem desconfiados. 
No posto montado em salas improvisadas da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Bairro Nova Imperatriz, muita gente compareceu para consultas e exames. Alguns receberam duas doses de medicamentos. Uma o paciente tomava na hora, enquanto a segunda era prescrita para 30 dias depois. 
Exemplo - A aposentada Beliza Barbosa de Sousa, 81 anos, é um exemplo dessa nova fase do tratamento da HANSENÍASE em Imperatriz."Eu vim sem nenhum problema. Fui bem tratada, gostei muito e acho importante esse trabalho", confidenciou. 
Beliza de Sousa elogiou o trabalho realizado pelo grupo de pesquisa, com apoio de médicos do programa, classificando-o como medida importante no combate à  HANSENÍASE, que acometeu o companheiro dela, João da Cruz, que está em fase adiantada de tratamento. 
A melhoria das condições de vida e o avanço do conhecimento científico modificaram significativamente o quadro da HANSENÍASE, que atualmente tem tratamento e cura. No Brasil, cerca de 47.000 casos novos são detectados a cada ano, sendo 8% deles em menores de 15 anos. 
Enfermidade 
- A HANSENÍASE é  uma doença crônica granulomatosa, proveniente de infecção causada pelo Mycobacterium leprae. Esse bacilo tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos. No entanto, poucos adoecem. 
- O domicílio é  apontado como importante espaço de transmissão da doença, embora ainda existam lacunas de conhecimento quanto aos prováveis fatores de risco implicados, especialmente aqueles relacionados ao ambiente social. 
- O alto potencial incapacitante da HANSENÍASE está diretamente relacionado ao poder imunogênico do bacilo. A donça parece ser uma das mais antigas que acomete o homem. 
- As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia, que, juntamente com a África, pode ser considerada o berço da doença. 
Sintomas 
- Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com perda ou alteração de sensibilidade. 
- Área de pele seca e com falta de suor. 
- Área da pele com queda de pêlos, especialmente nas sobrancelhas 
- Área da pele com perda ou ausência de sensibilidade ao calor, dor e tato. A pessoa se queima ou machuca sem perceber. 
- Sensação de formigamento. 
- Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas, inchaço de mãos e pés. 
- Diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos. 
 Cortesia: Bem Fam

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Inclua algum cometário: