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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Refeições não devem ser substituídas por shakes

Agência Estado

Refeições não devem ser substituídas por shakes

Qui, 29 Abr, 02h06

(Atualizado em 01 de maio de 2010)


Por Cristiana Vieira

Para muitas pessoas, é difícil resistir à tentação de perder peso rapidamente, conforme prometem os shakes, apresentados como substitutos das refeições. Esses "milagrosos" produtos estão ao alcance de todos que passam pelas gôndolas de farmácias e supermercados ou por lojas de produtos naturais. Geralmente, os consumidores trocam o café da manhã ou o jantar por esse alimento, na expectativa de eliminarem alguns quilos extras.

A nutricionista, pesquisadora e doutoranda do Centro de Referência para Prevenção e Controle de Doenças Associadas à Nutrição, da Faculdade de Saúde Pública da USP, Samantha Caesar de Andrade, é avessa a esse tipo de dieta. "Deve-se aprender a se alimentar adequadamente." Diz que, com essas substituições, a pessoa emagrece e logo volta aos hábitos anteriores.

Além disso, quem perde peso rapidamente não elimina só gordura, mas massa muscular também, e ainda desregula o metabolismo, que fica mais lento. E há perdas nutricionais, pois, enquanto uma refeição balanceada tem cerca de 600 calorias, esses pacotinhos contêm, no máximo, 300.

Samantha calcula que um indivíduo acostumado a comer pouco no café da manhã (um copo de leite e uma fatia de pão, por exemplo) vai manter a mesma quantidade de calorias quando substituir essa refeição light pelo shake.

Embora não recomende os shakes, a nutricionista acredita que podem ser adequados quando receitados por um especialista, dentro de uma dieta de educação alimentar. "Mas lembro que, como o shake é industrializado, contém corante e conservante", ressalva.

A secretária Sandra Rocha de Oliveira tem 49 anos e está com cerca de 30 quilos acima de seu peso. Decidida a emagrecer, começou a participar de encontros promovidos por uma empresa fabricante de shakes. Só que ela tomava o substituto de refeição e passava o resto do dia comendo seus saborosos pastéis. Um mês depois, quando subiu na balança, tinha um quilo a mais.

A vendedora dos produtos esteve em sua casa e lhe passou as devidas orientações: seguir uma dieta de reeducação alimentar, cortando refrigerantes, aumentando a quantidade de verduras e legumes, e evitando bebidas durante as refeições. Recomendou também a prática de atividade física.

VERSÕES
A doutora Andrea Dario Frias, PhD em Nutrição, que atua na pesquisa e desenvolvimento de alimentos funcionais, já desenvolveu alguns shakes e alerta para o fato de que há versões que são complementos nutricionais, e não substitutos da refeição.

Defende que os substitutos podem funcionar se inseridos numa dieta balanceada, para compensar a possível falta de algum nutriente. Além disso, deve ser batido com leite, de preferência desnatado ou de soja, para chegar ao valor nutricional exigido. "O objetivo é introduzir o shake em um cardápio de reeducação alimentar." É uma ferramenta temporária, acrescenta ela, que não deve durar mais de dois meses.

Segundo Andrea, os shakes têm muita fibra, o que estimula a produção do colecistoquinina (CCK), um hormônio que ajuda a controlar a fome. "Geralmente, é introduzido naquela refeição em que a pessoa costuma comer mais." Quando se chega ao peso desejado, o consumo só é indicado esporadicamente.

A massoterapeuta Mayda Contar, de 33 anos, faz uso de shakes há cerca de cinco anos. Começou a tomá-lo antes de ir para a academia, numa época em que estava com alguns quilinhos a mais. Mas só perdeu peso quando aprendeu a receita com sua nutricionista, que a ensinou a prepará-lo com grãos e leite adequados para ela. "Tomo o shake todos os dias. É o meu café da manhã", diz.

No ato da compra, é importante verificar se o produto tem registro na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), que exige alguns critérios para a venda. Entre eles, o de não ter menos que 200 calorias nem mais 400 por porção. Na embalagem, deve constar a quantidade de proteína, lipídios, vitaminas e minerais, entre outros.

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