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sábado, 27 de março de 2010

Luta contra o bacilo e a ignorância (Editorial)

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26/03/2010

Luta contra o bacilo e a ignorância (Editorial)

Há certos fatos que, mais do que inaceitáveis, são incompreensíveis. Um deles: o Brasil estar no ranking das 22 nações que concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo. É o único país da América do Sul a figurar na lista. O Brasil se organizou para o tratamento da doença. Aperfeiçoou a apresentação dos medicamentos. Oferece remédios e acompanhamento médico grátis. Em casos de necessidade, psicólogos e assistentes sociais entram em ação.

Apesar do esforço, porém, os dados mais recentes mostram números preocupantes. Em 2008, foram 70.989 registros. Houve pequeno recuo em relação ao ano anterior, que acumulou 72.140 ocorrências. A queda mantém o Brasil em posição vexatória. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 19º lugar entre os países que apresentam maior incidência da infecção. O número de óbitos teve ligeiro recuo - de 4.823 para 4.735.

De acordo com o Ministério da Saúde, o combate à enfermidade não apresenta avanços significativos porque os pacientes abandonam o tratamento. A razão: em menos de um mês, os sintomas desaparecem. O doente tem a impressão de que está curado. Não está. Ele continua a transmitir a infecção, que volta muito mais agressiva. Em 2008, 4.735 pessoas perderam a vida em decorrência da tuberculose.

O inimigo, como fica claro, vai além do bacilo de Koch. A luta se estende à desinformação e à ignorância. É importante intensificar o monitoramento dos pacientes. A OMS recomenda que o acompanhamento seja feito nos seis primeiros meses do tratamento. Hoje, menos da metade dos novos casos (43%) têm esse cuidado. Impõe-se também investir no esclarecimento sobre o contágio e a cura do mal.

O Brasil tem larga experiência em campanhas educativas. As ações que desenvolveu contra a febre amarela e a paralisia infantil servem de modelos para o mundo. A erradicação ou a significativa redução do número de infectados depende da conscientização da sociedade. Devem ser adotados programas de esclarecimento contínuos e suprapartidários. Independentemente do detentor do cargo de ministro da saúde as medidas precisam manter o ritmo sem interrupções.

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