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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Teste de gravidez brasileiro

Um teste de gravidez made in Brazil

BRASIL ECONÔMICO

19/FEVEREIRO/2010

Especializada na elaboração de produtos biotecnológicos, a gaúcha FK Biotecnologia lança exame totalmente nacional e desenvolve outros para doenças como HEPATITE C

Ao desenvolver o anticorpo específico para o produto, a FK Biotecnologia conseguiu reduzir o custo de fabricação do teste em cinco vezes

Fernando Kreutz está empolgado com a mais recente criação de sua empresa, a FK Biotecnologia, especializada em elaboração e desenvolvimento de produtos biotecnológicos. Trata se do NeoTest, um autoteste para gravidez produzido totalmente com tecnologia própria, isto é, 100% brasileira. O produto, que deve chegar às farmácias no próximo mês, funciona como os demais já existentes no mercado: ele possibilita que a mulher verifique em casa se a concentração de gonadotrofina coriônica humana (hCG) em sua urina está elevada. O organismo aumenta a produção desse hormônio logo após a fecundação e a implantação do óvulo no útero. Quanto isso ocorre, a gravidez é praticamente certa.

Segundo Kreutz, as características do NeoTest são iguais a similares importados, com a vantagem de ele ser elaborado - dos reagentes à formulação do papel - com tecnologia nacional. "A indústria farmacêutica brasileira é basicamente de empacotadores. O processo de nacionalização é muito superficial. As empresas importam matéria prima de fora e apenas fazem a formulação aqui", diz.

Ao desenvolver o anticorpo específico para o produto, a FK Biotecnologia conseguiu reduzir o custo de fabricação do teste em cinco vezes. "Quando o produto é importado, paga se pela tecnologia", diz Kreutz. Larga escala

Segundo ele, não foi preciso transpor uma barreira científica para elaborar o NeoTest. O desafio foi desenvolver um processo compatível com a produção em larga escala."Há toda a questão da industrialização. Não se trata apenas de produzir na bancada. É preciso fazer o produto em uma escala capaz de suprir o mercado. Essa tecnologia de escalonamento, sim, era uma barreira."

O desenvolvimento do NeoTest foi importante também porque permitiu à empresa desenvolver um processo que será usado para elaborar testes de doenças - como HIV, hepatite e dengue - e mudanças hormonais. "O primeiro a sair, ainda neste semestre, será um teste para HEPATITE C. Mas ele usará sangue, não soro sanguíneo como ocorre hoje", afirma.

Distribuição

O NeoTest será fabricado pela brasileira Lifemed, uma das parceiras da FK Biotecnologia. "Esse modelo é bacana pois viabiliza a comercialização. Somos uma pequena empresa de Porto Alegre. Como é que eu vou distribuir esse kit em Manaus? Por isso vamos usar a rede de distribuição deles", diz Kreutz.

FINANCIAMENTO

Da ajuda de um investidor anjo ao projeto de IPO

Criada por Fernando Kreutz em 1999, a FK Biotecnologia tem uma história de financiamento incomum para os padrões brasileiros. Em seu portfólio carrega, entre outros, o desenvolvimento de vacinas celulares anti câncer e imunoensaios. Fundada em 1999 em uma incubadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), já no ano seguinte recebeu US$ 20 mil de uma corretora da Merrill Lynch, que decidiu apoiar a empresa como angel investor, nome usado pelo mercado para quem decide investir em projetos iniciantes. Em seguida, a FK recebeu um aporte de cerca de US$ 600 mil do RSTec, fundo de recursos administrado pela Companhia de Participações (CRP). Depois disso, obteve capital de diversas fontes, tanto públicas quanto privadas. Só com a Financiadora de Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), foram R$ 3,6 milhões para projetos em parceria com universidades e outro de R$ 5,7 milhões do programa de subvenção econômica. Nesses dois últimos casos, o capital ainda está em fase de liberação. Agora, a empresa está intensificando sua presença no exterior. "Estamos criando a FK Nova, no Canadá", diz. A meta é abrir o capital da unidade canadense em 2012.

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