29/01/2010 17:17
Mães adolescentes têm qualidade de vida prejudicada
Estudo da Unifesp identifica que interrupção dos estudos e falta de oportunidades de trabalho são as perdas que mais afetam as jovens mães
SÃO PAULO [ ABN NEWS ] - As perdas de maior impacto na vida de meninas adolescentes que ser tornam mães são a evasão escolar e a baixa inserção no mercado de trabalho. É o que aponta uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que teve como base o questionário de qualidade de vida modelo “WHOQOL abreviado”, da OMS (Organização Mundial de Saúde). O estudo mostra que é no domínio social que as mães adolescentes têm menos qualidade de vida, comparando-se com adolescentes não mães.
Por seis meses, entre novembro de 2008 e abril de 2009, foram acompanhadas 116 adolescentes, mães e não mães, que são atendidas no ambulatório de Planejamento Familiar da Unifesp e que responderam a dois questionários, sendo um deles com dados sócio-demográficos. Pelo WHOQOL foram investigadas questões em quatro domínios: físico (dor e desconforto, sono, atividades físicas, dependência por medicamentos, capacidade para o trabalho); psicológico (auto-estima, sentimentos positivos e negativos, imagem corporal e espiritualidade); social (relações pessoais, suporte e apoio social, trabalho, atividade sexual - desejo e satisfação); e ambiental (lar, recursos financeiros, ambiente físico, recreação e lazer).
A média de idade das 40 adolescentes mães pesquisadas é de 17 anos e apenas 30% delas freqüentam a escola. Entre as 76 adolescentes não mães, a porcentagem das que estudam sobe para 76%. Foi identificado que 57,5% interromperam os estudos devido à gravidez e destas, apenas 27,5% retornaram após a maternidade. “Ao deixar a escola, a adolescente se isola da sociedade. O encargo reprodutivo da jovem, especialmente de baixo nível sócio-econômico, a direciona para a responsabilidade da criação do filho, das obrigações domésticas e do papel de esposa ou companheira. Ao afastar-se do meio social ela se esquiva do mercado de trabalho e consequentemente se perpetua na dependência financeira”, analisa a pesquisadora Ana Claudia de Souza Campos.
Em relação ao mercado de trabalho, 75% das mães não trabalham, sendo que destas, 33% não haviam conseguido emprego e 37% afirmaram que têm como ocupação principal cuidar dos filhos e por isso não trabalham. Entre as que não são mães, 63,2% não trabalham, mas a razão para 45% delas é ter o estudo como dedicação principal.
A partir deste estudo é possível identificar que no domínio social o nível de qualidade de vida das adolescentes mães é baixo. De acordo com uma escala de 0 a 100 estabelecida pela OMS, essas jovens marcam o índice de 66,8, enquanto as não mães registram a média de 75,6. Para Ana Claudia, o resultado foi uma surpresa, uma vez que esperava-se que outros domínios da análise seriam os responsáveis pelo maior impacto sobre a vida das jovens.
Para a orientadora da pesquisa, Márcia Barbieri, esses dados são preocupantes especialmente porque, segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) realizada em 2006 pelo Ministério da Saúde, a fecundidade entre 15 e 19 anos é de 23% da fecundidade total da população brasileira. “Essa é a única taxa de fecundidade que continua crescendo no País”, afirma a professora doutora. Ela reforça que, com o intuito de colaborar para a prevenção da gravidez no período da adolescência, a Unifesp mantém um serviço de planejamento familiar, coordenado pela co-orientadora da pesquisa, Cristina Guazzelli, que oferece assistência a adolescentes não gestantes a partir de 10 anos idade, com orientação médica, de enfermagem, psicológica e social.
Semanalmente, cerca de 30 meninas passam pelo atendimento multidisciplinar que envolve assistência ginecológica e orientações sobre sexualidade, prevenção de gravidez e DSTs (doenças sexualmente transmissíeis) e higiene feminina. “O suporte preventivo é muito importante para evitar que as meninas tenham filhos sem planejar e acabem reduzindo precocemente suas oportunidades de trabalho e qualidade de vida”, afirma Márcia Barbieri.
Serviço:
Atendimento de planejamento familiar para adolescentes não grávidas:
Local: Rua Loefgren, 1767 - São Paulo - SP
Horário: quintas-feiras, das 7h30 às 11h30 horas
SÃO PAULO [ ABN NEWS ] - As perdas de maior impacto na vida de meninas adolescentes que ser tornam mães são a evasão escolar e a baixa inserção no mercado de trabalho. É o que aponta uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que teve como base o questionário de qualidade de vida modelo “WHOQOL abreviado”, da OMS (Organização Mundial de Saúde). O estudo mostra que é no domínio social que as mães adolescentes têm menos qualidade de vida, comparando-se com adolescentes não mães.
Por seis meses, entre novembro de 2008 e abril de 2009, foram acompanhadas 116 adolescentes, mães e não mães, que são atendidas no ambulatório de Planejamento Familiar da Unifesp e que responderam a dois questionários, sendo um deles com dados sócio-demográficos. Pelo WHOQOL foram investigadas questões em quatro domínios: físico (dor e desconforto, sono, atividades físicas, dependência por medicamentos, capacidade para o trabalho); psicológico (auto-estima, sentimentos positivos e negativos, imagem corporal e espiritualidade); social (relações pessoais, suporte e apoio social, trabalho, atividade sexual - desejo e satisfação); e ambiental (lar, recursos financeiros, ambiente físico, recreação e lazer).
A média de idade das 40 adolescentes mães pesquisadas é de 17 anos e apenas 30% delas freqüentam a escola. Entre as 76 adolescentes não mães, a porcentagem das que estudam sobe para 76%. Foi identificado que 57,5% interromperam os estudos devido à gravidez e destas, apenas 27,5% retornaram após a maternidade. “Ao deixar a escola, a adolescente se isola da sociedade. O encargo reprodutivo da jovem, especialmente de baixo nível sócio-econômico, a direciona para a responsabilidade da criação do filho, das obrigações domésticas e do papel de esposa ou companheira. Ao afastar-se do meio social ela se esquiva do mercado de trabalho e consequentemente se perpetua na dependência financeira”, analisa a pesquisadora Ana Claudia de Souza Campos.
Em relação ao mercado de trabalho, 75% das mães não trabalham, sendo que destas, 33% não haviam conseguido emprego e 37% afirmaram que têm como ocupação principal cuidar dos filhos e por isso não trabalham. Entre as que não são mães, 63,2% não trabalham, mas a razão para 45% delas é ter o estudo como dedicação principal.
A partir deste estudo é possível identificar que no domínio social o nível de qualidade de vida das adolescentes mães é baixo. De acordo com uma escala de 0 a 100 estabelecida pela OMS, essas jovens marcam o índice de 66,8, enquanto as não mães registram a média de 75,6. Para Ana Claudia, o resultado foi uma surpresa, uma vez que esperava-se que outros domínios da análise seriam os responsáveis pelo maior impacto sobre a vida das jovens.
Para a orientadora da pesquisa, Márcia Barbieri, esses dados são preocupantes especialmente porque, segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) realizada em 2006 pelo Ministério da Saúde, a fecundidade entre 15 e 19 anos é de 23% da fecundidade total da população brasileira. “Essa é a única taxa de fecundidade que continua crescendo no País”, afirma a professora doutora. Ela reforça que, com o intuito de colaborar para a prevenção da gravidez no período da adolescência, a Unifesp mantém um serviço de planejamento familiar, coordenado pela co-orientadora da pesquisa, Cristina Guazzelli, que oferece assistência a adolescentes não gestantes a partir de 10 anos idade, com orientação médica, de enfermagem, psicológica e social.
Semanalmente, cerca de 30 meninas passam pelo atendimento multidisciplinar que envolve assistência ginecológica e orientações sobre sexualidade, prevenção de gravidez e DSTs (doenças sexualmente transmissíeis) e higiene feminina. “O suporte preventivo é muito importante para evitar que as meninas tenham filhos sem planejar e acabem reduzindo precocemente suas oportunidades de trabalho e qualidade de vida”, afirma Márcia Barbieri.
Serviço:
Atendimento de planejamento familiar para adolescentes não grávidas:
Local: Rua Loefgren, 1767 - São Paulo - SP
Horário: quintas-feiras, das 7h30 às 11h30 horas
Fonte:www.abn.com.br
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