*QUANDO SE INICIOU O ONTEM*
Por Denise de Carvalho
A reflexão que faço sobre todo o processo que se iniciou ano passado para o afastamento da Presidenta Dilma, que teve seu desfecho lamentável ontem, é a seguinte;
Faz-se óbvio que em 2013 com a sucessão de fatos desastrosos para o governo existiram motivos reais para o afastamento da Presidenta.
Faltou coragem ao Parlamento e, também, autoridade moral para este passo, uma vez que os pecados cometidos pelos parlamentares eram infinitamente mais graves superiores que manobras administrativas.
Tínhamos (e ainda temos) parlamentares respondendo por estupro, violência doméstica, improbidade administrativa, crimes eleitorais dos mais diversos e daí por diante. Havia até um suposto homicídio. Neste momento o parlamento estava desnudado perante a opinião pública e não acreditou que fosse viável a aprovação de pedido de impeachment.
Logo depois surge o Movimento Vem Para Rua, pedindo mudanças radicais e gerais. No Rio um milhão de pessoas.
Um alívio para aqueles que desejavam o afastamento da Presidenta, primeira mulher Chefe do Executivo, que não rasgava seda nem acarinhava o ego de Deputados e Senadores sexistas, machistas, racistas, homofóbicos, misóginos. Pronto! Estava resolvido o problema. Nas eleições de 2014 que estavam tão próximas, o povo iria votar por mudanças, respondendo ao clamor das ruas. Com Lula enfraquecido em sua popularidade, com uma militância acabrunhada e, de certa forma, envergonhada com tantos escândalos, o pensamento naquele momento era: “Não precisaremos fazer nada para nos livrarmos dela”.
Um erro. Já com capital político próprio, Dilma vence as Eleições de 2014 e deixa a Direita Conservadora perplexa. Pela primeira vez, desde a implantação das urnas eletrônicas seria solicitada a recontagem de votos por duas vezes pelo candidato derrotado. Não teve jeito, Dilma venceu as eleições para um segundo mandato.
Dois meses depois a Fundação Ulisses Guimarães contrata Consultoria para a realização de Seminários onde foi traçado um caminho para se chegar ao dia de ontem. Tudo milimetricamente previsto.
Eduardo Cunha torna-se Presidente da Câmara e conhecendo o Regimento Interno como ninguém, dá início a execução do Plano.
Dali para frente o Brasil passou a assistir a um festival de absurdos que colocou o país em uma imensa insegurança jurídica. Com argumentos frágeis prós e contras o processo avançou.
Inaugurou-se a temporada da Ditadura Parlamentar com o beneplácito do Judiciário, que deu apoio a natureza constitucional do processo, mas fechou os olhos para o mérito.
E assim efetivou-se o Tchau Querida.
Eu na minha humilde condição de brasileira, que por sinal em nenhuma das duas vezes votei em Dilma só posso dizer: *Até Breve, Querida! Conte comigo!*
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