SAIU NA IMPRENSA 10/AGO./2016 A luta pela paz e o espírito internacionalista das Olimpíadas (Fátima Oliveira) O Tempo O povo brasileiro tem “espírito olímpico”, basta ler sobre o orgulho que a abertura despertou em todos nós. O governo do interino ignora que o sentido internacionalista dos Jogos Olímpicos é a luta pela paz, pois desencadeou repressão generalizada sobre quem ouse bradar a insatisfação política com a conjuntura brasileira. A postura do governo exibe ao mundo que era apenas um jogo de cena o simbolismo do garoto negro da Vila Olímpica da Mangueira, Jorge Gomes, de 14 anos, acender a “pira do povo” diante da igreja da Candelária, que há 23 anos foi o cenário de uma chacina que eliminou oito e feriu dezenas de jovens, a maioria negra! Sediar uma edição das Olimpíada é muita responsabilidade perante o mundo, que inclui manter acesa a chama do espírito olímpico, pois a tocha é o mais antigo símbolo dos jogos – acesa meses antes de cada edição em frente ao Templo de Hera, por “11 mulheres caracterizadas como sacerdotisas” – é o elo entre os jogos da Grécia Antiga e os atuais, e simboliza a paz, a união e a amizade. Não há consenso sobre a data de origem dos Jogos Olímpicos, em Olímpia, na Grécia. Todavia, 776 a.C. é o mais aceito pela “prova” de inscrições sobre uma corrida a pé da qual o campeão olímpico foi o cozinheiro da cidade de Elis, Coroebus. Não se sabe exatamente quando as Olimpíadas antigas foram encerradas, apenas que foi por repressão política – para uns, foi em 393 a.C., para outros, 426 d.C. Os Jogos Olímpicos da Antiguidade “eram realizados a cada quatro anos, e esse período, conhecido como uma ‘olimpíada’”! O consenso é que os Jogos Olímpicos da Antiguidade foram realizados do século VIII a.C. ao século V d.C. Embora um renascimento das Olimpíadas fosse do interesse grego desde o início da guerra de independência da Grécia do Império Otomano (1821), só foram retomadas no século XIX, quando, em 1894, o barão Pierre de Coubertin (1863-1937), pedagogo e historiador francês, fundou o Comitê Olímpico Internacional (COI). Este se tornou o órgão dirigente do Movimento Olímpico, cujas atribuições estão na Carta Olímpica – “codificação dos princípios fundamentais do olimpismo; regras e regulamentos adotados pelo Comitê Olímpico Internacional”. Hoje, Olimpíadas são “um evento multiesportivo global”, com Jogos Olímpicos de Verão (1896), de quatro em quatro anos, a grande festa mundial do esporte; Jogos de Inverno (1924); Jogos Paralímpicos (2010); e Jogos Olímpicos da Juventude (2010). A celebração de uma edição das Olimpíadas é um ritual quase místico, desde a cerimônia de abertura à do encerramento em torno dos símbolos olímpicos, que são a tocha, os anéis olímpicos, o lema, as medalhas e os mascotes. Os anéis olímpicos – cinco aros de cores diferentes interligados – exprimem o universalismo e o humanismo, cada um representando um continente: azul, a Europa; amarelo, a Ásia; preto, a África; verde, a Oceania; e vermelho, as Américas. O fundo branco representa a paz entre os continentes. O lema, que data de 1984, é a expressão latina “Citius, altius, fortius”, definidora do espírito olímpico: “O mais rápido, o mais alto, o mais forte”. As medalhas, cunhadas pelo país-sede dos Jogos com a imagem da deusa Nike, são feitas com 494g de prata com 92,5% de pureza, e 6 g de ouro. Os mascotes, instituídos nas Olimpíadas de Munique (1972), representam características regionais. Nosso mascote é uma mistura de vários animais de nossa fauna e se chama Vinicius, em memória do poeta Vinicius de Moraes (1913-1980), que nos disse: “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”.
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