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sexta-feira, 10 de junho de 2016

QUANDO OS HOMENS EXERCEM SEUS PODRES PODERES. Por:Marilsa Prescinoti

                                            
QUANDO OS HOMENS EXERCEM SEUS PODRES PODERES. UMA HISTÓRIA REAL

 NOTA PESSOAL: Esta mensagem foi escrita em 2013
Mas relata o que esta acontecendo com muitos, ainda hoje, que contribuiram e não conseguem nem aposentar nem ter auxílio doença aprovado.
NGB

Este texto foi publicado no site da #Radio #RadarNews


13/08/2013
Quando os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede como sendo gestos naturais. Fica a sobra, o fio da dignidade, a injustiça, o sub humano.

Criamos um Sistema em que o homem, o ser humano, pouco ou nada importa; o que conta são os interesses, o dinheiro, o privilégio, a vantagem do melhor rendimento, a meta.

Um sistema podre, onde os homens, exercendo qualquer forma de poder, impõe ao cidadão toda sorte de humilhação, desesperança, revolta ou resignação.

Vou contar a história de Roberto Maciel Junior.

Cidadão brasileiro, 51 anos, alto, porte atlético, trabalhador, contribuinte.
Numa noite, de agosto de 2006 subindo uma rua tranquila próxima a sua casa, com uma moto Cargo 125c/c, é violentamente atropelado por um carro em alta velocidade que se perdeu na curva. O motorista: um jovem de 18 anos cuja carteira ainda era provisória.  Roberto foi socorrido pelo SAMU. O motorista, que nada sofreu, nunca mais se viu.
Sabe-se que o carro era do pai, que também nunca se apresentou para saber o estado de saúde de  Roberto ou prestar qualquer tipo de auxilio.
O processo criminal? Parado na 40º delegacia de policia. Acredito que o pai se preocupou muito com o seu filho.

Roberto, canhoto, teve sua perna esquerda decepada na hora e seu braço esquerdo  sofreu várias fraturas, sendo a mais grave uma fratura  exposta no cotovelo. Sem contar as 3 paradas cardíacas e os 87 dias de internação no HOSPITAL GERAL DE VILA PENTEADO (DR. JOSÉ PANGELLA SÃO PAULO).
Roberto Maciel Jr, que era músico por hobby, quando recobra os sentidos e se dá conta da perda da perna e o grave estado do braço, pergunta ao médico:
- Vou poder tocar violão?
- Somente por milagre.
O braço, com os ossos moídos, corria risco de amputação.

Roberto volta para casa e começa sua a luta pela recuperação do braço. Foram 2 anos de tensão e 5 cirurgias. A placa de sustentação do cotovelo precisou se removida por rejeição, fragilizando totalmente o braço e dificultando ainda mais a adaptação de quem já não tinha uma perna.

Hoje, agosto de 2013, o risco de perder do braço é remota. Roberto Maciel Jr. mora em um quarto adaptado, onde custeia suas necessidades  de  alimentação moradia. Quando sai de casa, de táxi ou carona, caminha com o auxilio de muletas. Em casa se locomove com cadeira de rodas. Todo cuidado é pouco: seu braço sempre será frágil e com movimento limitado. Sem falar das dores.
Sim. Por milagre, consegue tocar seu violão.

O Estado “concedeu” a Roberto um auxilio doença aproximado de R$1.200,00,  uma prótese, que não o ensinaram a utilizar, varias perícias e muitas horas de esperas nos postos do INSS. Que não quer aposenta-lo por invalidez e insiste em recoloca-lo no mercado de trabalho. Como? O encaminharam para um curso de reabilitação, de segunda a  sexta-feira durante 3 meses, para “prepara-lo” para  atender a cota de alguma empresa.
Nas entrevistas, ao avaliarem as limitações do braço e as dificuldade de  locomoção, o reprovaram. Roberto era moto boy, antes da tragédia.

Hoje, 21/08/2013, Dr. João Américo Raspa, Perito do INSS matricula n º 1.641.123 (agência Sta Marina. Av. Santa Marina, 1.217) zona Oeste da Capital Paulista,  sem pedir um exame para avaliar a condição do seu braço, sem lhe fazer uma pergunta sobre sua condição de ser/estar/sobreviver, sem ao menos levantar o rosto e olhar para Roberto, exercendo  todo poder que lhe é concedido, decreta a suspensão do auxilio doença sob uma alegação mentirosa: “Recusa ao Programa de Reabilitação”. Não houve recusa. Não houve falta às entrevistas. Não houve, sequer, um auxilio para custear as despesas com transporte particular, uma vez que não há a menor possibilidade de usar o público.
A pergunta que fica: E agora? Como vai sobreviver até o desenrolar dos fatos? 
Dependendo da boa vontade de alguém? De favores?  De esmolas no farol?

O Dr. João Américo Raspa certamente vai dormir em paz: assinou os papéis e cumpriu as exigências do empregador. Independente de erro ou acerto, seus rendimentos estão garantidos. O podre sistema, recheado de funcionários  intocáveis pelas leis que regem suas contratações, por vezes onipotentes despreparados, sem compromisso com o que é justo, sem compromisso com a eficiência e por vezes, (muitas, eu diria) vêm submetendo o cidadão a situações humilhantes, deixando-os a mercê da interpretação, má vontade, mau humor e despreparo de quem os atende.
Sabemos, por convivência ou por denuncia, que inúmeros benefícios são concedidos a quem não precisa, conquistado de maneira escusa e desonesta,  por convincentes cenas teatrais do segurado. Ou por corrupção mesmo. 
É claro que existem os profissionais sérios que cumprem seu dever e honram sua profissão.

Mas tal qual roleta russa, neste sistema estabelecido, há que se contar com a sorte.

Estou falando do podre sistema, que privilegia os amigos do rei.

Esse, no qual vivemos e que faria Calígula se roer de inveja.

Marilsa Prescinoti

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