SAIU NA IMPRENSA
01/DEZ./2015
DIA MUNDIAL DE
COMBATE À AIDS
1º de Dezembro: A volta ao passado da aids no
Brasil
Rodrigo Pinheiro*
O quadro atual da resposta
brasileira a epidemia de aids é um dos mais preocupantes desde o início da
doença nos anos 1980. Os medos daquela época parecem ressurgir traiçoeiros e
mais ameaçadores. Vivemos hoje as maiores taxas de aids (não de HIV) entre
homens. Em algumas regiões do Brasil, como o Rio Grande do Sul, há uma epidemia
generalizada com taxas de letalidade alarmantes. Os estados da Amazônia, Rio de
Janeiro e Santa Catarina estão seguindo pelo mesmo caminho. Um dos maiores
problemas no enfrentamento da doença é a ação dos governos, entre eles o federal,
não admitindo o tamanho do problema e vendendo o falso panorama de que 'tudo
está resolvido'.
Apesar de o Unaids (Programa
das Nações Unidas para o HIV/Aids) evidenciar a importância do financiamento
público para as ações da sociedade civil na luta contra a aids, vivemos uma das
piores fases neste campo, com muitos problemas burocráticos. Projetos aprovados
há quase dois anos ainda não tiveram seus recursos repassados e a burocracia
para a celebração de convênios com ONG está cada vez maior, impedindo atividades
e restringindo ações.
Na área da prevenção
assistimos a medicalização das pessoas. Todas as novidades neste campo são
bem-vindas, mas falta uma campanha que informe à população sobre a existência
da profilaxia pós-exposição sexual (PEP), disponível no SUS desde 2010. O
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais salienta com entusiasmo a chegada
da profilaxia pré-exposição (já aprovada há anos nos EUA), mas até agora não há
um anúncio claro para a adoção desta estratégia. É necessário investir na
promoção de outras tecnologias e pesquisas comportamentais que visem entender
os processos de riscos e infecção. Nos
preocupa o aumento das DST e as dificuldades de acesso a medicamentos,
informações e tratamento.
No campo da assistência,
muitos estados enfrentam enormes desafios na referência e contra referência, há
problemas até na regulação de encaminhamentos de pacientes. O diagnóstico
tardio também dificulta a luta contra aids, há muitos óbitos por falta de
perícia dos profissionais de saúde.
Isso contrasta com pesquisas
em países desenvolvidos, onde há evidências de que a expectativa de vida das
pessoas que adquiriram o HIV por via sexual e foram diagnosticadas
oportunamente é similar àquela das pessoas sem HIV. Morrem mais de 12 mil
pessoas por ano em decorrência da aids no Brasil.
As inovações ainda demoram a
serem inseridas no cotidiano dos pacientes. Eles sofrem com a angustia do
adoecimento e lutam pela vida. O 3 em 1, por exemplo, foi aprovado pela
FDA em 2006. E em 2011, o Encontro Nacional
de ONGs/Aids já pedia sua inclusão.
Diversos países estão dando
preferência a uma primeira linha de tratamento mais eficaz e com menor risco de
efeitos colaterais, baseada nos inibidores de integrasse, como o raltegravir e
o dolutegravir. Só agora o Brasil vai a incorporar o dolutegravir na grade de
medicamentos, mas ainda como terapia de resgate.
O combate a essa epidemia não
está somente no campo da saúde: ele se dá também na área dos direitos humanos,
da luta contra o estigma e discriminação. E neste sentido o Brasil abandonou a
digna trajetória que vinha percorrendo. Ter HIV no Brasil significa sofrer
discriminação.
Reconhecer e implementar o
direito à saúde para todos os brasileiros, incluindo as populações-chave só
será possível com uma política com base nos direitos humanos, que este governo
ainda deve abraçar. Por isto recentemente o 2ª Fórum Latino-americano e do
Caribe, reunido no Rio de Janeiro em agosto deste ano e posteriormente o Unaids
acrescentaram metas de tratamento conhecidas como 90-90-90. A discriminação
nutre a epidemia, e por isto deve ser combatida desde o campo da saúde.
Na atual democracia onde todos
os atores envolvidos nesta luta precisam ser ouvidos e chamados a contribuir, é
fundamental que seja ampliado o diálogo entre governo e sociedade civil
organizada, não excluindo entidades representativas por não concordarem com a
política implementada, em todo ou em parte.
Vivemos uma das piores fases
da epidemia no Brasil. Há uma tendência conservadora crescente, grande
limitação de recursos, dissociação cada vez maior entre saúde e direitos
humanos, diálogo dificultado, SUS ameaçado, preconceitos que achávamos
superados retornando. Conclamamos o governo a agir com coragem e ímpeto na
direção contrária, tendo a certeza que o controle da epidemia precisa de
ferramentas de saúde, mas também de muita solidariedade.
* Rodrigo Pinheiro é presidente do Fórum das ONG/Aids do Estado de São
Paulo.
1º de Dezembro: OMS diz que pessoas infectadas com
HIV devem ter rápido acesso a tratamento
EFE
A extensão do tratamento
antirretroviral a todos os soropositivos é um elemento essencial para acabar
com a epidemia de aids, afirmou nesta segunda-feira (30) a OMS (Organização
Mundial de Saúde). Com isso, à véspera do Dia Mundial de Luta Contra Aids, a OMS quis enfatizar em sua nova recomendação
que todas as pessoas infectadas com o HIV, sem levar em consideração suas
idades, devem ter acesso ao tratamento o mais rápido possível após o
diagnóstico da doença.
A OMS revisou recentemente
suas diretrizes sobre o tratamento de HIV. Estudos recentes mostram que se o
paciente for tratado logo depois da infecção ele tem mais chances de viver bem,
além de o risco de transmitir o vírus ser reduzido.
Além disso, a OMS recomenda
que todas as pessoas com risco substancial de contrair HIV deveriam ter acesso
ao tratamento. E alerta que a PreP
(profilaxia pré-exposição) deve ser uma opção adicional a outros métodos de
prevenção, como o uso de preservativos e seringas seguras, o acesso a apoio
psicossocial e sistemas de diagnóstico. Lembra que os antirretrovirais também
ajudam a prevenir a transmissão vertical, de mãe para filho.
Para que as recomendações
possam ser implementadas, os países deverão fazer um esforço adicional para
reforçar seus sistemas de diagnóstico antecipado e ampliar sua capacidade de
oferecer tratamento a todos àqueles que precisem. Se essas recomendações forem
consideradas, o número de pessoas "elegíveis" para obter tratamento
antirretroviral tem que crescer de 28 milhões que o recebem atualmente até 37
milhões de pessoas que convivem com o vírus no mundo.
Segundo o Unaids (Programa das
Nações Unidas sobre HIV/Aids), expandir o tratamento para todas as pessoas
soropositivas, assim como a ampliação das opções de prevenção, pode ajudar a
evitar a morte de 21 milhões de pessoas e prevenir 28 milhões de novas
infecções até 2030.
1° de Dezembro: Frente Parlamentar Mista de
Enfrentamento as DST/HIV/Aids debatem a incidência da aids entre jovens e
mulheres
Agência de Notícias Aids
Para a Frente Parlamentar
Mista de Enfrentamento as DST/HIV/Aids, o Dia Mundial de Luta Contra a Aids
também será um marco dos 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra as
Mulheres, pois, nesta terça-feira (1) às 9h, membros do governo, parlamentares,
profissionais da saúde, ONGs e sociedade civil organizada se reúnem no
seminário A Incidência da Aids entre Jovens e Mulheres, no auditório Freitas
Nobres, na Câmara dos Deputados, em Brasília.
“Marcar o dia de enfrentamento
a aids e fazer uma discussão sobre as campanhas, estratégias de prevenção e
perfil epideomológico dos jovens e mulheres infectados pelo HIV é um dos focos
desse seminário. A incidência da infecção entre os jovens tem crescido muito,
assim como a feminização da aids, então é necessário que se converse sobre
isso”, explicou Érika Kokay, coordenadora da Frente Parlamentar.
O seminário contará com duas
mesas, em que, além das discussões sobre a infecção entre os jovens e mulheres,
também abordará os Desafios das Estratégias de Enfrentamento. Segundo a
deputada, a reunião conta com o envolvimento do estado junto à sociedade civil
para a elaboração de políticas com base nos dados dos boletins epideomológicos.
“Uma das mais belas conquistas da sociedade civil é o enfrentamento do HIV/aids.
A sustentação dessa Frente é a sociedade civil é por isso que na mesa ela
estará presente junto com membros do governo”.
Victor Silba, do GIV (Grupo de
Incentivo à Vida), que falará sobre a incidência da epidemia entre os jovens,
diz que essa iniciativa tem papel fundamental na sensibilização dos
parlamentares, pois dá voz aos membros da sociedade civil que apresentam
demandas provenientes das bases. “É uma oportunidade de levar conceitos e
ideais de enfrentamento da epidemia pouco comentados entre aqueles que aprovam
as leis para as bases”.
O seminário contará ainda com
a presença de membros do Departamento de DST, Aids Hepatites Virais do
Ministério da Saúde, Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Unaids
(Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), ONG Amigos da Vida, GIV
(Grupo de Incentivo à Vida), ONU Mulher, Anaids (Articulação Nacional de Luta
Contra a Aids), ABIA (Observatório Nacional de Políticas de Aids), RNP+ Brasil
(Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/aids) e Cidadãs Positivas.
Um alerta: HIV triplica em jovens do sexo masculino
G1
Recentes dados divulgados pela
Secretaria Municipal de Saúde da Cidade de São Paulo apontaram que o número de
novos casos positivos para o HIV triplicou em jovens do sexo masculino, entre
15 a 19 anos, nos últimos 10 anos. Importante salientar que, neste mesmo
período, houve uma queda de 22% de novos casos na população geral. Acredita-se
que esta tendência também esteja ocorrendo em outras cidades do Brasil.
O que isto quer dizer?
Significa que o vírus continua em circulação e que estes jovens rapazes não
estão preocupados em se proteger. Não estão usando camisinha. Além disso, muito
provavelmente desconhecem a possibilidade da profilaxia pós exposição.
A doença AIDS ficou longe da
realidade desta jovem galera. Os portadores do vírus recebem diariamente seu
tratamento e – felizmente- a carga viral
em níveis baixíssimos permite a vida produtiva e com qualidade. A doença AIDS
caiu no esquecimento e para eles categorizou-se como uma remota possibilidade
improvável.
Os jovens, que por natureza da
própria idade sentem-se atraídos por desafios que os provem potentes
super-heróis que tudo vencem, imbuídos da sensação de imortalidade, transam sem
camisinha. Afinal, com eles nunca nada acontecerá. Triste engano. Os dados
estão aí para provar que não se brinca com a vida.
Resultado: estes rapazes, no
auge de sua vitalidade física, para terem uma vida sem sobressaltos e
internações hospitalares, devem tomar, todos os dias, sem falhas, antivirais.
Problema: estes medicamentos têm efeitos colaterais desagradáveis, que geram
extremo desconforto para muitos.
Há que se divulgar também,
para todos, homens e mulheres de todas as idades, a possibilidade da profilaxia
pós exposição pelo HIV. Poucas pessoas têm conhecimento que, se tiverem
exposição ou uma relação sexual suspeita, podem procurar um serviço público de
saúde e receber um antiviral que os protegerá de uma possível contaminação pelo
HIV. Quanto mais cedo procurarem o serviço de saúde melhor. Idealmente de 2
horas após a exposição até, no máximo 72 horas. Depois disso, a chance de
proteção é muito pequena e não estará mais indicada.
Estes dados precisam ser
divulgados para todos, especialmente para moças e rapazes. Não só pelas
autoridades de saúde, mas por todos nós. Exaustivamente. De preferência falando
sua linguagem e utilizando as redes sociais e todas as mídias digitais, que são
os meios pelos quais eles se informam do que acontece no mundo.
Será que transar sem camisinha
vale o resto da vida inteira tomando remédios?
Papa Francisco reconhece ‘perplexidade’ da igreja
sobre preservativo contra aids
O papa Francisco reconheceu
nesta segunda-feira (30) "uma
perplexidade" da igreja católica sobre a questão da utilização do
preservativo para lutar contra a aids, estimando que este era "um dos
métodos" mas que a África tinha "feridas maiores".
Questionado às vésperas do Dia
Mundial de Luta Contra a Aids sobre a polêmica oposição da igreja ao
preservativo, o papa argentino se mostrou descontente e se recusou a responder
diretamente.
"A moral da igreja
encontra-se diante de uma perplexidade diante deste problema”, reconheceu
Francisco diante da imprensa no avião que o levava de volta a Roma após uma
viagem pela África, onde a aids continua sendo a principal causa de mortes.
Assim como seus predecessores,
o papa não apoiou o uso do preservativo: "é um dos métodos" para
evitar a propagação do vírus, mas "as relações sexuais devem ser abertas à
vida".
"Não gosto de fazer
reflexões sobre questões casuísticas quando as pessoas morrem por falta de água
e comida (...) Sua pergunta me parece um pouco fechada, uma questão
parcial", disse o papa ao jornalista alemão que o entrevistou.
"O problema é
maior", insistiu, enumerando a desnutrição, o trabalho escravo, a falta de
água potável, o tráfico de armas.
Durante uma viagem a Camarões
e Angola em 2009, o papa Bento 16 foi muito criticado por suas posições contra
o uso do preservativo, ao qual a hierarquia da igreja, muito conservadora na
África sobre as questões de moral sexual, continua muito contrária.
Mesmo assim, muitos
missionários católicos no continente não proíbem o uso de preservativos nos
casos de emergência.
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