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sábado, 20 de setembro de 2014

Um Aceno do Papa p/ Dilma?

---------- Mensagem encaminhada ---------- De: Fabio Grotz Data: 19 de setembro de 2014 18:51 Assunto: Um aceno do Papa Francisco para Dilma? Para: Fabio Grotz Um aceno do Papa Francisco para Dilma? http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Um-aceno-de-Francisco-para-Dilma-/4/31828 O contraste entre Bergoglio e Ratzinger é nítido: o argentino visitou uma favela e falou de justiça social, recebendo o apoio de Leonardo Boff e Frei Beto. 0 A A+ Darío Pignotti, Página/12 @DarioPignotti Brasília - Coincidências (eleitorais?) entre Dilma e Bergoglio. “Meu governo tem uma concepção da família baseada na realidade, nós não fazemos uma definição do que deve ser a família, não queremos interferir em um assunto da sociedade; no Brasil, há vários tipos de família”, opinou a presidenta e candidata à reeleição, dois dias após o papa Francisco casar um casal composto por uma mãe solteira e um homem cujo primeiro casamento foi dissolvido pela Igreja. A chefe de Estado brasileira, divorciada, citou palavras de Francisco ao desenvolver sua ideia sobre a família no século XXI, falando diante de jornalistas, pouco antes de participar de um programa de televisão diante de sua adversária Marina Silva, organizado pela CNBB (Conferência Nacional de Bispos do Brasil), do país católico mais povoado do mundo, com 202 milhões de habitantes. Raymundo Damasceno Assis, presidente da CNBB e anfitrião do debate realizado a cada quatro anos, entregou aos candidatos um projeto de reforma política que inclui o fim do financiamento privado de campanha, proposta defendida pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e que tem resistência de empresários e dos grandes meios de comunicação. Desse modo, o cardeal Damasceno Assis escolheu orientar o debate de uma perspectiva mais política do que moral ou religiosa (aspectos que também foram discutidos), diferentemente do que aconteceu em 2010, sob o reinado do papa Bento XVI, quando o programa debateu insistentemente o aborto e o casamento homoafetivo. Na campanha anterior, o papa bávaro orientou os bispos contra Dilma por ela ter cometido o sacrilégio de apoiar a interrupção legal da gravidez, provocando uma interferência política que congelou as relações entre Brasília e o Vaticano até sua recomposição em março de 2013, quando Jorge Mario Bergoglio passou a ser o papa Francisco. Em julho do ano passado, Bergoglio, com aval político de Dilma e do governo do PT, foi recebido no Rio de Janeiro por milhões de jovens, exortando para que eles tomassem as ruas e as favelas – porque tem consciência do terreno perdido diante das igrejas neopentecostais que conquistaram quase 25% dos brasileiros – e pouco se preocupou em falar de aborto. O contraste entre o legado de Bergoglio e Ratzinger foi nítido: o argentino visitou uma favela e falou de justiça social, recebendo o apoio de Leonardo Boff e de Frei Betto, enquanto o alemão ordenou que milhares de jovens não tivessem relação sexual antes do casamento ao discursar no Pacaembu durante sua gélida visita a São Paulo em 2007. Para reforçar a distância com Bento, Francisco disse que no voo do Rio para Roma em julho do ano passado não poderia julgar os homossexuais, afirmação que mereceu elogios do movimento LGBT brasileiro. Segundo informações que circularam na imprensa, o Vaticano não vai repetir o erro do papa emérito Ratzinger nas eleições em que Dilma e Marina se enfrentarão e adotará uma posição discreta. Porém, entende-se que é impossível que Francisco faça algum gesto de apoio à candidata ecologista e não se pode descartar alguns gestos que poderiam indicar sinais de simpatia em relação a Dilma, católica pouco praticante, que construiu uma relação fluida com o ex-arcebispo de Buenos Aires. A atitude do cardeal Damasceno Assis no debate televisivo seguramente seguiu instruções do Vaticano. As falas e gestos do chefe da CNBB não podem ser lidos como apoio direito a Dilma, mas sim como decisão política de arquivar a posição militar de Ratzinger contra ela em 2010, quando seus bispos convocaram a votar por José Serra (vale lembar de sua desenfreada campanha contra o aborto). Dilma e a evangélica Marina Silva, do PSB (Partido Socialista Brasileiro), foram as protagonistas do debate composto por outros seis candidatos que fazem parte da disputa presidencial de 5 de outubro. Enquanto Dilma e Marina se maquiavam nos camarins antes de entrar no estúdio da emissora católica, a rede Globo divulgava uma pesquisa do Ibope em que a petista seguia com 36% das intenções de voto, seguida pela ambientalista, com 31%. Não foi uma boa notícia para a presidenta, que perdeu três pontos em relação à pesquisa anterior, enquanto Marina retrocedeu apenas um. Somente no eleitorado católico, Dilma está na frente, com 41%, diante dos 36% de Marina. Se forem medidas as intenções de voto somente entre os evangélicos, Marina ganha com volta, 41 a 27. Em um eventual segundo turno em 26 de outubro, Marina continua na frente, com 43% de todo o eleitorado, número igual ao de duas semanas atrás, enquanto Dilma soma 40%, tendo retrocedido 2 pontos. A hipotética vitória de Marina no segundo turno foi motivo de otimismo na Bolsa de Valores de São Paulo – onde rogam pragas contra o PT – cuja rodada de negócios subiu mais de 2%, enquanto as ações da Petrobras avançavam cerca de 5%. E Marina evitar mencionar que entre as suspeitas de corrupção está Eduardo Campos, candidato presidencial do PSB que faleceu. Nada de novo: quando uma pesquisa indica que Marina ganhará do PT em 26 de outubro, motiva números positivos no mercado, onde sabem que a ecologista vai restaurar a posologia liberal aplicada na década de 90 por seu aliado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Marina possivelmente seguirá os passos de FHC na política de privatização gradual da Petrobras, talvez revisando leis sancionadas nos governos petistas, possibilidade que anima os detentores privados de ações da empresa e as petroleiras estrangeiras, particularmente as norte-americanas, as mais prejudicadas pelas reformas realizadas durante os governos de Dilma e de Luiz Inácio Lula da Silva. A Petrobras foi motivo de um acalorado embate de opiniões no programa transmitido pela rede católica, onde esteve também o pastor Everaldo, evangélico, com 1% de intenções de votos, apoiador de um projeto de governo com três pontos: privatização total da Petrobras, proibição do aborto e redução da maioridade penal. Marina Silva é tão inimiga do aborto e pouco simpática a famílias de pessoas do mesmo sexo como seu companheiro de fé, o candidato Everaldo. Ela é mais ponderada do que o pregador pentecostal quando propõe revisar a gestão da Petrobras (a candidata foi repudiada nesta semana pelo sindicato dos petroleiros) e opta por um discurso tecnocrático, prometendo convocar “os melhores técnicos” no lugar de políticos “petistas” que transformaram a empresa em um suposto “antro” de negócios obscuros. Neste sentido, a dirigente oposicionista Marina menciona insistentemente os casos de corrupção denunciados na Petrobras, envolvendo um ex-diretor, atualmente preso, que recentemente foi interrogado pelos membros de uma comissão investigadora do Congresso.   Tradução: Daniella Cambaúva

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