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segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Saude Sexualidades e Afins ,
O desafio do balde e o “espertalhismo” brasileiro
Diário da Manhã
Bruno Rodrigues Ferreira
Na internet, brasileiros são conhecidos como gafanhotos! Eles invadem uma plantação, devoram tudo, e vão embora deixando a destruição para trás. Foi assim com o Orkut, com Fotolog, Facebook... e tem sido assim no Twitter, diversos games e até mesmo no Waze, um aplicativo de trânsito, em que alguns malas estão colocando alertas de acidentes, em suas rotas, para que outros motoristas desviem seus caminhos, deixando aquela rota exclusiva para eles. Em vários jogos on-line, você passa a ser hostilizado ao dizer que é brasileiro.
Claro que não poderia ser diferente no Ice Bucket Challenge, ou desafio do balde, como chamamos aqui no Brasil. O desafio começou nos EUA, pelo jogador de baseball Pete Frates, que foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que desafiou celebridades a doarem uma quantia para ajudar nas pesquisas em busca da cura desta doença, ou teriam que jogar um balde de água gelada na cabeça, desafiando mais três pessoas depois disso.
A doença é devastadora, a expectativa de vida após o diagnóstico, costuma ser de menos de uma década, e o sofrimento ligado a ela é altíssimo. Antes do desafio, a ALS Association (uma organização que investe em pesquisas para a cura da doença) arrecadou US$ 2,7 milhões durante todo o ano de 2013. Depois do desafio ter atingido as celebridades americanas, a instituição já arrecadou quase US$ 100 milhões, em menos de dois meses.
O desafio tomou proporções épicas, depois que Mark Zuckerberg entrou na brincadeira e desafiou outros três grandalhões dos EUA, um deles era Bill Gates, que entrou na brincadeira com estilo, e desafiou mais três pessoas. Em pouco mais de uma semana, o desafio já havia sido feito por milhões de pessoas e não tardou a chegar aqui.
Em poucos dias, muitas celebridades, à convite da Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (Abrela) e do Instituto Paulo Gontijo, que conduz pesquisas no Brasil sobre a ELA, entraram na brincadeira. Óbvio que muitas subcelebridades entraram na brincadeira, mesmo sem serem “desafiadas”, com o único objetivo de aparecer, deturpando completamente o objetivo da campanha, que era nobre. Muitos sequer citam os institutos que apoiam os portadores da doença, e outros que disseram ter doado, nunca provaram isso, a ponto de um represente de uma das instituições dizer em público que está aguardando a doação das celebridades brasileiras.
A questão é tão séria, que ao ser questionada sobre o desafio, a Xuxa disse que antes de cobrarem dela a participação, deveriam cobrar dos outros artistas a prova de que fizeram a doação, como ela mesmo fez. Resumindo, muitos aderiram ao desafio apenas para se promoverem, aproveitando os comentários e visualização gratuitos que teriam pela mídia.
Não há outra palavra, a não ser “nojo”, para representar o que sinto por pessoas que fizeram isso. De todos os “famosos” do Brasil, somente o Luciano Huck falou sobre doações. A grande maioria, somente usou o desafio para se promoverem. É muito baixo, asqueroso e mesquinho, usar uma doença grave, letal e incurável para auto-promoção. É duro usar o sofrimento de muitos para ser notícia em sites de fofoca e canais de TV. Além dos famosos, as subcelebridades e “pessoas comuns” aderiram em peso à campanha, e estão tentando ganhar seu lugar ao sol, aparecendo sem precisar enviar notas forçadas para canais de fofoca. Aparecer aqui se tornou regra.
Parabéns aos brasileiros. Conseguiram estragar mais uma campanha séria, que tinha por objetivo atrair a atenção da população para uma doença grave, tornando o desafio em uma simples troca de favores, para publicidade gratuita. Enquanto isso, o Instituto Paulo Gontijo espera as doações desses sem-vergonhas.
Se você quer fazer a diferença, entre nesse site: http://www.abrela.org.br/ e veja como doar e ajudar de verdade.
(Bruno Rodrigues Ferreira, jornalista e psicólogo, especialista em Educação e Tecnologia – @ferreirabrod)
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