Morre a feminista Rose Marie Muraro aos 83 anos Escritora e feminista brasileira Rose Marie Muraro faleceu neste sábado (21) aos 83 anos, no Rio de Janeiro; ela lutava contra um câncer reincidente, mas a causa da morte foi uma infecçãooo urinária que se generalizou, de acordo com a assessoria de imprensa do Hospital São Lucas; intelectual que lutava pela igualdade de direitos para as mulheres, Rose Marie Muraro foi reconhecida em 2005 pelo governo federal como Patrona do Feminismo Brasileiro 21 de Junho de 2014 às 20:24 ¶ Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil A escritora e feminista brasileira Rose Marie Muraro faleceu neste sábado (21) aos 83 anos, no Rio de Janeiro. Ela lutava contra um câncer reincidente, mas a causa da morte foi uma infecção urinária que se generalizou, de acordo com a assessoria de imprensa do Hospital São Lucas. Ela será velada neste domingo (22) a partir das 8h, no Memorial do Carmo. Intelectual que lutava pela igualdade de direitos para as mulheres, Rose Marie Muraro foi reconhecida em 2005 pelo governo federal como Patrona do Feminismo Brasileiro. Nascida no dia 11 de novembro de 1930, com um problema na visão que a deixou praticamente cega durante parte da sua vida, a escritora deixou cinco filhos, doze netos e publicou 35 livros. Além de escrever livros que retratavam de forma quase que inédita no Brasil a condição da mulher na sociedade da época, como A Sexualidade da Mulher Brasileira, Rose foi importante para a disseminação de conteúdos estrangeiros sobre o tema, traduzindo e editando inúmeras publicações. Trabalhou durante 17 anos na Editora Vozes e depois fundou, junto com outras feministas, a Editora Rosa dos Tempos (hoje pertencente à Editora Record), criada para difundir um instrumento que desse voz às mulheres. De acordo com a professora da Universidade Federal Fluminense Hildete Pereira de Melo, a vida de Rose Marie Muraro foi influenciada pelo seu trabalho na Teologia da Libertação, segmento da Igreja Católica que transformou a vida da intelectual. Após publicar Por Uma Erótica Cristã, no entanto, as suas ideias não foram mais aceitas pela Igreja. Hildete contou à Agência Brasil que outro papel fundamental da intelectual foi na promoção de um seminário, há 40 anos, que culminou com a criação do Centro da Mulher Brasileira. O "papel vital" de Rose se deu não apenas na fundação da organização feminista, mas também no financiamento para que tal empreendimento se viabilizasse. Pelo Twitter, a presidenta Dilma Rousseff lamentou a morte de quem considerou um ícone da luta pelos direitos das mulheres. "Intelectual notável, Rose Marie foi uma mulher determinada em tudo, na luta contra a barreira da cegueira, na luta pelas suas ideias. Somos todas gratas à dedicação incansável de Rose Marie", escreveu. "Ela é um patrimônio das mulheres brasileiras, pela sua inteligência, vivacidade, pelo desprendimento na luta para vencer o patriarcado da sociedade e o machismo, na luta pela liberdade política democrática e pela igualdade das mulheres. Hoje, as mulheres estão órfãs", declarou Hildete, que prepara uma homenagem neste domingo com muitas flores, o que, segundo ela, era desejo de Rose Marie Muraro antes de falecer. A ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Menicucci, participa do velório no Rio de Janeiro. Abaixo texto do site "Muda Mais" sobre a escritora: O tamanho da eternidade de Rose Marie Muraro] Faleceu neste sábado, aos 83 anos, a feminista Rose Marie Muraro, de acordo com a rádio CBN (link is external). Estava internada no hospital São Lucas, no Rio de Janeiro. A causa da morte ainda não foi divulgada. Muraro foi uma das principais precursoras do movimento feminista no Brasil. Livre pensadora, dedicou-se aos estudos de gênero e à luta pelos direitos das mulheres. Rose teve forte atuação prinicipalmente durante as duas primeiras onda do movimento feminista no Brasil, nas décadas de 60 e 70. Ativista muito ligada aos movimentos eclesiais de base e à Teologia da Libertaçã, esteve ao lado de Dom Helder Câmara (link is external) e Leonardo Boff (link is external). Também foi editora. Na sua explicação, a escolha por este ofício foi porque viu “que eram os livros que punham fogo no mundo”. Ela se orgulhava de ter conseguido obrigar o sistema a pagar para que ela falasse mal dele, porque seus livros geravam lucro. "Você vê como o sistema é? Ele não se incomoda que falem mal dele, desde que ele possa lucrar", explicava, sempre demonstrando sua insatisfação com as regras postas, as etiquetas nas quais as pessoas acabam por se enquadrar, as convenções que oprimem. Rose nasceu praticamente cega e, após uma cirurgia aos 66 anos de idade, ganhou a visão e, ao ver seu rosto nitidamente pela primeira vez, afirmou: "Sei hoje que sou uma mulher muito bonita." Em sua obra "O Espírito de Deus pairou sobre as águas", Rose escreveu: "Liberta-nos, Senhor, de nós mesmos Para que possamos beber até o fim o amargo cálice da vida Que vai um dia medir O tamanho da nossa eternidade" A eternidade de Rose Marie Muraro está gravada nas conquistas das mulheres brasileiras. O documentário "Memórias de uma mulher impossível", de Márcia Derraik, retrata sua saga (veja aqui).
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