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domingo, 25 de março de 2012

RJ: Um travesti assassinado por dia na Baixada

Jornal O DIA
25/03
 

Ataques violentos matam um travesti por dia na Baixada

Número de homossexuais agredidos é alarmante no Rio e Niterói

POR Bruno Menezes

Rio -  Um travesti é assassinado por dia em ataques homofóbicos na Baixada Fluminense, de acordo com levantamento informal feito pelo Centro de Referência LGBT, órgão da Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos. O crescente número de homossexuais, travestis e trangêneros agredidos por motivação homofóbica fez com que as autoridades estaduais planejassem a abertura de mais quatro centros de referência, além dos três já existentes. Dois deles, de acordo com Cláudio Nascimento, coordenador do Programa Rio Sem Homofobia, neste semestre.

 
“Temos um grande número de vítimas de ataques homofóbicos na Baixada Fluminense. E isso nos fez pensar em abrir um novo centro na região. Além de Caxias, a partir de junho também vamos oferecer serviços em Nova Iguaçu, abrangendo mais 10 municípios”, disse Nascimento. Segundo ele, outra cidade que também receberá um centro no mesmo mês será Niterói, onde também há grande número de homossexuais desassistidos. Os outros dois serão abertos em Cabo Frio e em Macaé até o mês de novembro.


Além de acompanhamento psicológico e social, os centros também oferecem apoio jurídico a vítimas de agressão motivadas por homofobia. “Buscamos informações sobre as investigações junto às delegacias e cobramos que os registros sejam feitos indicando a motivação homofóbica. É importante para que tenhamos estatísticas reais do que acontece no Rio”, explica o coordenador do Centro de Referência LGBT do Centro do Rio, Almir França.


De acordo com o órgão, de fevereiro de 2009 a março de 2011, 970 ocorrências foram registradas em 87 delegacias do Rio de Janeiro.


Dormência no rosto e braço quebrado


Com o lado esquerdo do rosto dormente, problemas na visão e na arcada dentária, além do braço esquerdo quebrado, o auxiliar administrativo Ricardo Sebastião Silva, de 34 anos, tenta esquecer da sessão de espancamento a que foi submetido na madrugada do dia 11.


“Estava na Praia do Recreio e cinco pessoas, entre elas uma mulher, já me acordaram com agressão. Cheguei a desmaiar. Estou chocado com o que aconteceu, mas tenho que seguir em frente. Sou gay, sim, e as pessoas precisam me respeitar”, desabafa.
Investigação com rapidez


Para a polícia, as políticas públicas para a comunidade LGBT, como o Disque Cidadania (0800-0234567), oferecem segurança para que as vítimas procurem as delegacias e registrem as agressões. “No caso do Ricardo, por exemplo, acredito que nossa atuação foi exemplar pela rapidez com a qual a polícia foi alertada da agressão. Prendemos três envolvidos, um deles estudante de Direito, por tentativa de homicídio”, conta a titular da 42ª DP (Recreio), delegada Adriana Belém. Os três estão presos no Presídio Ary Franco, em Água Santa.

 
 
Roberto Pereira
Coordenação Geral
Centro de Educação Sexual - CEDUS
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“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. Se não ousarmos faze-la, teremos sempre ficado à margem de nós mesmos.”     (Fernando Pessoa)

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