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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Revista Fórum - A Homofobia no país do futebol

Revista Fórum - A Homofobia no país do futebol


Caso Richarlyson expõe uma das piores chagas da sociedade brasileira, que ainda não aprendeu a lidar com a diferença

Por Cristina Uchôa

"Se fosse homossexual, poderia admiti-lo, ou até omitir, ou silenciar a respeito. Nesta hipótese, porém, melhor seria que abandonasse os gramados...” A frase consta da controvertida (e posteriormente anulada) decisão do juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho ao rejeitar uma queixa-crime proposta pelo jogador Richarlyson, do São Paulo, contra o dirigente do Palmeiras José Cyrillo Jr. O atleta alegava ter sido vítima de injúria feita por meio da mídia, relativa à sua orientação sexual, quando o palmeirense, em um programa de televisão, afirmou que ele seria homossexual.
A opinião do juiz, expressa em sua decisão, lhe rendeu uma investigação por parte da Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e do Conselho Nacional de Justiça. Mas, infelizmente, a homofobia do magistrado – que poderia até resultar em seu afastamento – não é um caso único e nem raro no Brasil. Esse tipo de atitude aparece também nas brincadeiras e comentários jocosos de jornalistas esportivos, dirigentes, jogadores, técnicos e mesmo entre o público que acompanha o esporte.
“Sabemos que o futebol tem um público homofóbico e machista, formado por pessoas que alimentam muito essa cultura”, explica o antropólogo Roberto Albergaria, estudioso das questões relativas ao gênero e à sexualidade. “A cultura homofóbica se desdobra a partir da cultura machista: você projeta no homossexual a figura feminina – geralmente o chamando de ‘mulherzinha’ – como se a ‘mulherzinha’ fosse menos do que o homem, forte”, analisa.
Para o antropólogo, o machismo é latente entre o público e os praticantes do futebol porque é uma forma de sublimar a homossexualidade que fica no ar, “em um limite meio nebuloso”, como define, quando se reúnem muitas pessoas do mesmo sexo. “Para superar essa ambivalência, é preciso afirmar que essa homossexualidade difusa não é uma homossexualidade ‘real’ (exercida)”, explica. Ou seja, há necessidade de negação, reforçando-se o estereótipo do “macho”. >>>>>><<<<<<

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