29 de setembro 2011 |
Estudo pioneiro revela que falta investigação na cobertura dos jornais brasileiros sobre direitos das mulheres |
Realizado pela ANDI, Instituto Patrícia Galvão e Observatório Brasil da Igualdade de Gênero/SPM-PR, o projeto Monitoramento da Cobertura Jornalística como estratégia para a promoção da equidade de gênero analisou a cobertura de 16 jornais de todas as regiões brasileiras em 2010 sobre os temas Mulheres e Política, Mulheres e Trabalho e Violência Contra as Mulheres. No dia 3 de outubro, os resultados dessas pesquisas inéditas serão debatidos no seminário Imprensa e Agenda de Direitos das Mulheres – uma análise das tendências da cobertura jornalística, organizado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. O evento reunirá profissionais de imprensa e especialistas na agenda de equidade de gênero. Local: Auditório do Anexo I do Palácio do Planalto - Brasília-DF O evento é aberto ao público. Inscrições online pelo site: http://adm.informacao. Veja a seguir a programação do Seminário e alguns destaques das pesquisas: Cobertura sobre Mulheres na Política em 2010 ficou aquém de seu potencial Jacira Vieira de Melo - pesquisadora e diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão – Mídia e Direitos (11) 3262.2452 / 7618.9731 - jacira “O ano de 2010 poderia ter sido um ano excepcional para a cobertura jornalística sobre Mulheres na Política; contudo, o monitoramento demonstra que essa pauta ficou aquém do seu potencial de debate. Na cobertura das eleições 2010, faltou investigação jornalística sobre as estratégias dos partidos para recrutar candidatas e sobre o tipo de apoio disponibilizado às candidaturas de homens e mulheres. Faltou desvendar como as mulheres são abordadas dentro das regras políticas atuais e da lógica de competição eleitoral dos partidos. A mídia analisada falhou em seu dever de monitorar o cumprimento da legislação e investigar os partidos que não atenderam o dispositivo de “preencher” a cota mínima de 30% de candidaturas para cada sexo. A imprensa é o espaço por excelência do debate público sobre espaços de poder e democracia. A pauta Mulheres na Política está relacionada com desenvolvimento político, econômico, cultural e social de um país. Os profissionais de mídia, por desinformação ou preconceito, parecem ainda não compreender essa importante questão." - Saiba mais acessando o resumo executivo da pesquisa que será apresentada por Jacira Melo sobre o tema Mulheres e Política Cobertura sobre violência contra a Mulher banaliza o crime e não aprofunda a questão Marisa Sanematsu - jornalista, pesquisadora e editora-chefe da Agência Patrícia Galvão (11) 3262.2452 - msanematsu@uol.com.br -http: “A cobertura jornalística banaliza o crime e não investiga as causas da violência contra a mulher. Há uma atenção sensacionalista, sem uma abordagem aprofundada da questão. Um exemplo: 35% das matérias sobre violência doméstica foram publicadas nos cadernos locais e nas páginas policiais dos jornais, e abordadas somente pelo viés criminal. Os entrevistados são, na maioria, os policiais. Por um lado, isso é positivo, pois mostra que a violência contra a mulher é um crime. Porém, a imprensa faz uma abordagem individualizada, ou seja, traz notícias de casos isolados de violência sem aprofundamento do problema. Não existe um trabalho jornalístico que aprofunde a questão e busque um olhar mais amplo e questione as diferentes esferas de governo para prevenir a violência e penalizar os agressores. Em 96% das matérias analisadas, não foi encontrada qualquer tipo de informação sobre serviços de denúncia e de atendimento às mulheres vítimas de violência.” - Saiba mais acessando o resumo executivo da pesquisa que será apresentada por Marisa Sanematsu sobre o tema Violência contra a Mulher A imprensa só retrata a Violência contra a Mulher como caso de polícia Wania Pasinato - socióloga e pesquisadora sênior do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV/USP) e pesquisadora colaboradora do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Unicamp (11) 3091.4951 / 9263.8365 - waniapasinato@uol.com.br -ht “O monitoramento da mídia é um instrumento importante de reflexão para nós, estudiosas e estudiosos do tema, sobre como a mídia noticia a violência contra a mulher. As matérias superficiais, concentradas somente na abordagem policialesca, apontam a falta de profundidade e de informação dos jornalistas ao tratar o assunto. Mesmo nas matérias policiais, há maior investimento de cobertura da imprensa para determinados crimes do que para crimes de violência contra as mulheres, que só ganham destaque quando há interesse no perfil do autor ou da vítima. A imprensa não está retratando a violência contra a mulher como um problema mais amplo, de governo, de políticas públicas, mas somente como um caso de polícia. Há ausência, por exemplo, de informações sobre a Lei Maria da Penha. Isso faz com que as informações sejam passadas de maneira superficial e precária para a população. O resultado é que, apesar de 94 % das pessoas declararem conhecer a Lei Maria da Penha, apenas 13% sabem sobre seu conteúdo, de acordo com a Pesquisa Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil, realizada pelo Instituto Avon/Ipsos.” Programação do seminário Imprensa e Agenda de Direitos das Mulheres – uma análise das tendências da cobertura jornalística - 03/10/2011 14h: Mesa de abertura. Boas-vindas, apresentação geral do projeto e da metodologia da pesquisa. Mesa 1. Lacunas da cobertura sobre violência contra as mulheres 14h30: Apresentação da análise dos dados – Marisa Sanematsu (Instituto Patrícia Galvão) 14h50: Comentários da especialista Wânia Pasinato (Universidade de São Paulo) 15h10: Comentários da jornalista Laura Capriglione (Folha de S. Paulo) 15h30: Debate aberto ao público 16h20: Pausa para café. Mesa 2. O noticiário sobre as mulheres e os espaços de poder 16h40: Apresentação da análise dos dados – Jacira Melo (Instituto Patrícia Galvão) e Albertina Costa (Fundação Carlos Chagas) 17h: Comentários do especialista José Eustáquio Diniz Alves (Escola Nacional de Ciências Estatísticas ENCE/IBGE) 17h20: Comentários da jornalista Cristiana Lôbo (Globo News) |
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