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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Medicamento genérico contra a Aids pode virar realidade

13/07/2011 - 14:33 - Atualizado em 13/07/2011 - 14:33
Medicamento genérico contra a Aids pode virar realidade
 
Após mais de uma década de guerra diplomática e ameaças de quebra de patentes, farmacêuticas e organismos internacionais de saúde chegaram a um acordo para produzir uma versão genérica dos antirretrovirais
Redação ÉPOCA, com Agência Estado
O primeiro medicamento genérico para combater a Aids pode estar disponível já nos próximos anos para a população mundial. Após mais de uma década de guerra diplomática e ameaças de quebra de patentes, farmacêuticas e organismos internacionais de saúde chegaram a um acordo para produzir uma versão genérica dos antirretrovirais por um consórcio internacional. O objetivo é fazer com que eles cheguem a 111 países pobres, gerando uma economia de US$ 1 bilhão (R$ 1,57 bilhão) por ano.

“Hoje estamos começando uma nova era na resposta mundial contra a aids”, afirmou o diretor executivo da Unaids (órgão das Nações Unidas que trata de aids), Michel Sidibé. “O acordo prova que os setores público e privado podem dar as mãos pelo bem da saúde do mundo.”

O laboratório Gilead Science foi o primeiro a levantar as patentes de quatro medicamentos para a Aids e hepatite B. O consórcio está ligado à Unitaid, um fundo internacional criado em 2003 pelo Brasil e pela França, que é alimentado com taxas que incidem sobre passagens aéreas. Na prática, trata-se de uma licença compulsória negociada.

O acordo inclui remédios como tenofovir e emtricitabine, dois dos principais componentes das novas terapias contra a aids. Medicamentos como cobicistat e elvitegravir, assim como uma combinação de remédios em uma pílula, também poderão ser produzidos na versão genérica. Muitos países em desenvolvimento não contam até hoje com esses remédios. “As pessoas nos países pobres têm de esperar por anos até ter acesso às novas tecnologias”, afirmou a diretora do consórcio, Ellen ’t Hoen. “Hoje, estamos mudando isso.”


Negociação


Durante meses, empresas multinacionais do setor farmacêutico resistiram à ideia. Elas temiam que os remédios acabassem em mercados como do Brasil e da China. O entendimento, porém, foi de que nações de renda média não poderiam ter acesso aos medicamentos produzidos pelo consórcio. A organização Médicos Sem Fronteira criticou a exclusão desses países, alegando que eles também enfrentam problemas para financiar o acesso a remédios.

O consórcio ligado à Unitaid negocia acordos similares com a GlaxoSmithKline, Pfizer, Bristol-Myers Squibb, Roche, Boehringer Ingelheim e Sequoia Pharmaceuticals. A aids afeta hoje 33 milhões de pessoas no mundo, mas apenas 6,6 milhões têm acesso a remédios. A ONU espera que, em 2015, pelo menos 15 milhões recebam os medicamentos.
LH

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