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Hoje, realmente, não estou com o menor saco de fazer balanço nenhum de semana nenhuma. Mas acho ótimo que essa discussão sobre o bullying esteja vindo à tona, apesar de vir como conseqüência de um horror que matou 12 crianças. O bullying existe por que os responsáveis das escolas, no caso dele rolar lá dentro (ele também existe em prédios, em grupos de rua, etc) permitem, fazem o que a sociedade civil brasileira adora fazer: olhar pra cima ou para o lado oposto do que está ocorrendo, fingir que não está vendo, e ser conivente pelo silêncio e a omissão. E aí, sofrem as gorduchas e os gorduchos, o menino mais delicado, a menina mais ativa e que gosta de brincar com os meninos, os negros, as crianças deficientes ou com alguma deficiência, o menino de óculos, que é vesgo, e o que não é vesgo, e por aí vamos. Ou seja: é conivente com a discriminação, com o por de lado “o diferente”. Como faz com as vítimas de homofobia, cuja morte cresceu 31%, em 2010, aqui neste patropi. Como faz com os negros, mantendo, inclusive, uma relação indecente , na maioria das vezes, com a empregada doméstica da sua casa; em alguns lugares comem qualidade diferente de comida; em outros, mal têm uma folga ou têm que servir o jantar na hora que madame e monsieur chegarem do trabalho; levantar às 6 da manhã para dar o café das crianças ou dos marmanjos que vão estudar. Carregar um carrinho de feira digno de um malhador. É uma relação simultânea de total intimidade e discriminação. De uns anos pra cá “já podem” entrar pela portaria social dos edifícios. Mas numa batida policial, são negros e negras que recebem a “dura”, da “muito escura viatura”, de imediato. Hoje, pela violência estabelecida pelo tráfico, todos tremem à aproximação de 4 ou 5 rapazes negros e sarados, alguns de cabelos oxigenados, que estão apenas passando para ir à praia. Lá, serão vistos como “ratos de praia”, prontos para levarem algo de algum banhista distraído. Em São Paulo, o grupo dos “carecas” sai pelas noites à caça de negros mas, especialmente, de homossexuais, para encherem-nos de porrada e, quando dá, matarem. São rapazes de 17 a 22 anos, normalmente, e essa é a diversão dos fins-de-semana. Isso dura décadas sem que ninguém faça nada. Uma parte, as autoridades, não age, e a outra, finge que não vê ou acha “bem feito”. Quando eu estava no segundo ano ginasial, havia um “pele”entre os meninos, e aquilo nada mais era do que o, hoje, chamado bullying. Chamava-se Emílio, e os garotos jogavam tudo nele, livros, terra, giz, e ainda o chamavam de oxiúro -um verme intestinal – centenas de vezes por dia. Foi, pelo menos, um ano inteiro assim. Não sei que fim nenhum deles levou, mas torço para que o Emílio tenha se dado bem na vida. Nem a que cenas como essas vocês assistiram na escola, mas todos sabemos que o sofrimento dos emílios se dá, dava e dará, principalmente, pela omissão dos professores, diretores e todo um sistema que nos circunda. Normalmente, os fustigadores e agressores ficam onde estão, e o “pele”, troca de colégio para poder manter a sanidade mais ou menos a salvo, pois, após um ano de corredor polonês moral, não há mais sanidade íntegra possível. Mais uma vitória da impunidade que amalgama o país - que, além de “racista e homofóbico”, como disse muito bem em entrevista ao Estadão, a Dra Margarida Pressburger, do Subcomitê de Prevenção da Tortura da ONU, dia 3 de abril deste ano, também temos a corrupção permeada no cotidiano e tratada como se só fosse exercida em Brasília. Quando damos 50 pratas para o guarda não levar o nosso carro, é o quê? Quando pagamos um troco para furar uma fila de documentos? Essas 50 pratas viram 50 mil se o guarda tiver virado deputado ou ocupe algum posto político, porque a corrupção não é determinada pela quantia, mas pelo ato em si. Quem deu a grana e quem a recebeu são igualmente corruptos. Ou não? Melhor ir ficando por aqui. O CURTIR TAMBÉM É CIDADANIA de hoje será com D. Ivone Lara, a mágica do samba, que fez 90 anos esses dias. Uma ida ao site vai dar a vocês muitos textos interessantes e matérias que, aposto, a maioria não viu. Bom fim-de-semana, lembrando que a inflação está aí. A toda. E que calar diante de uma violência em que se possa intervir, é ser conivente. E que violência não é só porrada física. Três meses após chuvas, 60 famílias seguem em abrigos em Nova Friburgo. As enchentes de janeiro deixaram mais 900 mortos na Região Serrana do RJ. Mais um tanto nunca foi resgatado. O Morro do Bumba, em Niterói, tem mais de um ano e os desabrigados ainda estão sem casa. Muita comoção na hora da tragédia, e esquecimento logo depois. Somos assim. Marcia de Almeida Editora www.emdiacomacidadania.com.br | ||||
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