Eles, o sexo frágil
16/08/2010
Nos últimos anos, os homens abandonaram os tabus e passaram a buscar exames preventivos, mas eles ainda são as principais vítimas do próprio descuido, que resulta em doenças graves
Nos últimos anos, os homens têm participado mais do planejamento familiar e enfrentado melhor os tabus relacionados a exames preventivos do câncer de próstata. Entre 2003 e 2009, triplicou o número de PSAs (Dosagem de Antígeno Prostático Específico), teste que detecta atividade anormal da próstata. O empresário Renato Oliveira, 55 anos, entra nessas estatísticas. Aos 38 anos, ele sofreu o primeiro infarto. Hoje, tem três pontes no coração — de safena, mamária e radial — e toma mais de 20 comprimidos por dia. Além da cardiopatia, diabetes, pressão alta e problemas renais e de circulação fazem parte da rotina do empresário, casado com a servidora pública Mércia Gomes, 58 anos. Após os sustos que teve com os diversos problemas de saúde, ele fez o PSA(1). “Melhor prevenir o câncer do que não fazer o exame e depois ouvir do médico que não existe mais solução.”
Renato e Mércia estão juntos há mais de 10 anos e foi a mulher que ajudou o marido a cuidar melhor da saúde. “Até 2006 ele fumava e bebia, comia muita gordura e fritura”, conta. Só depois da última internação grave, decorrente de um edema pulmonar, Renato começou a mudança de hábitos. “Hoje vou ao médico, faço exames periódicos e controlo minha alimentação”, diz.
Muitas histórias parecidas com a de Renato nem sempre têm o mesmo fim. A principal causa de morte dos adultos brasileiros está relacionada a problemas cardíacos, sendo que a maioria deles poderia ser evitada com a prática de exercícios físicos e alimentação equilibrada. De acordo com dados do Ministério da Saúde, os homens só buscam serviços de saúde quando o problema já evoluiu, tendo que recorrer aos hospitais. Para o diretor do departamento de ações programáticas e estratégicas do Ministério da Saúde, responsável pela Política Nacional de Saúde do Homem, José Luiz Telles, essa falta de iniciativa em buscar atendimento médico faz com que aumentem as incidências de diagnósticos tardios e, consequentemente, leva ao agravamento das doenças. “O homem tem a cultura do não cuidar, considera-se acima das doenças e teme procurar o serviço médico para não encontrar o que não quer ver”, afirma.
Expectativa
Já as mulheres se preocupam e cuidam melhor da saúde e da qualidade de vida do que os homens, e por isso vivem mais. A expectativa de vida delas é de 77 anos, enquanto eles vivem em média até os 69 anos. Quanto à prática de exercícios físicos, 18% dos homens não fazem exercício, contra 9% das mulheres. Além disso, eles comem mais carne vermelha do que elas e fumam mais — 43% dos homens admitiram comer carne com excesso de gordura, e apenas 24% das mulheres têm o mesmo hábito. “Tradicionalmente os homens vivem menos, exatamente pelo fato de se exporem mais aos fatores de risco, como a violência, o tabagismo e o alcoolismo, além de terem menor cuidado com a alimentação”, explica o diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, José Francisco Kerr Saraiva.
1 - Ações
Em Sorocaba (SP), um dos municípios que aderiram às ações de política de saúde do homem, um ônibus itinerante com dois consultórios oferece exames urológicos gratuitos, como a ultra-sonografia de próstata. O Ministério da Saúde distribuiu R$ 613 milhões entre 80 municípios do país para ações e serviços voltados ao público masculino.
Mais vasectomias
Entre 2003 e 2009, o número de vasectomias aumentou 79% — no ano passado foram realizadas mais de 30 mil cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Os homens estão assumindo mais as responsabilidades que antes ficavam exclusivamente para as mulheres”, afirma o diretor do departamento de ações programáticas e estratégicas do Ministério da Saúde, responsável pela Política Nacional de Saúde do Homem, José Luiz Telles. O analista de sistemas Anderson Camelo, 32 anos, há um ano decidiu fazer a cirurgia. Casado e pai de dois filhos, ele e a esposa Jeanne decidiram que essa seria a melhor forma para evitar outra gravidez. “Minha esposa teve algumas complicações nas vezes em que ficou grávida e também concluímos que já estávamos satisfeitos com as duas crianças”, conta.
cortesia:Clipping Bem Fam
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