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quarta-feira, 21 de julho de 2010

O "mal-brasileiro"/Triplicou nos consultórios médicos o número de pacientes com SÍFILIS. A maioria é composta de jovens que, por acaso, se descobrem i

O "mal-brasileiro"

VEJA

19/07/2010

Adriana Dias Lopes

Triplicou nos consultórios médicos o número de pacientes com SÍFILIS. A maioria é composta de jovens que, por acaso, se descobrem infectados. Eles, claro, não usam CAMISINHA

Deixei de usar CAMISINHA uma vez na vida, com meu ex-namorado. Dois meses atrás, descobri que eu estava com SÍFILIS. Fiquei completamente transtornada.

Nem sabia que essa doença ainda existia. Soube por acaso, numa consulta com um dermatologista. Agora, estou curada. Mas entro em pânico só de imaginar que alguém possa desconfiar que fui portadora. Na cabeça das pessoas. SÍFILIS é doença de gente promíscua. Não sou assim." O relato da estudante A.M., de 19 anos, ilustra uma realidade que tem se tornado comum nos consultórios dos médicos brasileiros: o crescimento de pacientes com SÍFILIS, uma doença grave e carregada de estigma. Oficialmente, há 1 milhão de doentes no país. Esse número, na verdade, é muito maior.

Segundo um levantamento feito por VEJA com dezesseis especialistas de três estados, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, a quantidade de pacientes com SÍFILIS triplicou no último ano. "Em duas décadas de formado. nunca vi tantos casos", diz Omar Lupi, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia. A principal origem do problema está no descaso com a CAMISINHA. De acordo com pesquisa do Ministério da Saúde, apenas 21% dos brasileiros usam PRESERVATIVO -31% menos do que a média dos países desenvolvidos. A SÍFILIS chama a atenção dos médicos por ser a única doença venérea a reunir duas características temerosas: sintomas que podem passar despercebidos e alta capacidade de transmissão. "Isso facilita a explosão de uma epidemia", conclui o infectologista Artur Timerman.

A SÍFILIS é causada pelo Treponema pallidum, uma bactéria que se liga as células da pele do pênis e da mucosa vaginal. A transmissão da doença, portanto, ocorre, sobretudo, por meio da relação sexual. O processo infeccioso, que pode durar até dez anos, é interrompido com uma dose de antibiótico. O cenário muda na etapa avançada, quando a bactéria começa a matar os neurônios. Em tal fase, o tratamento nem sempre é eficaz e cerca de 10% dos pacientes morrem em decorrência da doença. Até o surgimento da penicilina, em 1928, os doentes eram submetidos a procedimentos ou inócuos ou tão nocivos quanto a própria doença, como banhos quentes e ingestão de mercúrio. Uma das primeiras notícias de infecção em massa causada pela doença data de 1494, ano em que o exército do rei da França, Carlos VIII, invadiu a Itália para conquistar Nápoles. O episódio ficou conhecido como "a guerra da fornicação". Metade dos 12000 soldados foi vitimada pela doença - e a SÍFILIS recebeu o apelido de "mal-francês". O nome SÍFILIS surgiu em 1530, quando o médico e poeta italiano Girolamo Fracastoro (1478-1553), ao descrever a enfermidade, fez referência ao mito grego do pastor Syphilus, que amaldiçoou Apolo e foi punido com o que seria essa doença venérea. Escreveu Fracastoro: "Não te entregues a Vênus... Mais do que nada, evita o suave deitar com alguém. Não há nada que seja mais nocivo". Mas, com CAMISINHA, não é preciso ser celibatário.

Bactéria-bomba

A SÍFILIS é causada pelo Treponema pallidum, uma bactéria com alta capacidade de transmissão e que pode agir de forma silenciosa.

Contágio

90% das vezes ocorre pela relação sexual.

10% se dá por meio do beijo, toque em lesões na pele e durante a gestação, para o feto.

Sintomas

- Uma ferida, na maioria dos casos, microscópica.

- Pequenas manchas avermelhadas na pele, sobretudo nas mãos e nos pés.

- Na fase avançada da doença, problemas neurológicos, como descoordenação motora e demência.

Prevenção

- Além do uso de PRESERVATIVO durante a relação sexual, evitar qualquer contato físico com o parceiro durante a manifestação das lesões.

Tratamento

- A SÍFILIS tem 100% de cura com uma dose de penicilina. A partir do momento em que a infecção se agrava, ou seja, quando a bactéria penetra no sistema nervoso central, requer internação hospitalar e nem sempre o tratamento é eficaz.

Cortesia: Clipping Bem Fam(19/07/010)

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