Governo quer melhorar o acesso aos insumos de prevenção às DST/aids
17/06/2010
Gestores de saúde e ativistas se reúnem em Brasília para discutir problemas e soluções no setor
O Ministério da Saúde irá elaborar um documento com orientações para Estados e municípios sobre a distribuição de insumos preventivos, como preservativos masculinos e femininos, géis lubrificantes, seringas descartáveis para usuários de drogas injetáveis e materiais informativos. A informação é da assessora técnica do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Governo Ellen Zita Ayer.
Com o objetivo de juntar informações sobre a atual distribuição desses materiais no País e sugestões de como melhorar esse serviço, o Ministério incluiu uma reunião técnica sobre o assunto na programação do VIII Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids e I Congresso Brasileiro de Prevenção das Hepatites Virais, que começam oficialmente na noite de hoje em Brasília.
Durante essa reunião, ocorrida nesta tarde, o Diretor do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e Aids, Pedro Chequer, disse que o Brasil precisa produzir mais preservativos. "Já temos a fábrica em Xapuri, no Acre (criada pelo governo em 2006), mas ainda não é suficiente", comentou.
A Coordenadora do Programa de DST/Aids do Estado de São Paulo, Maria Clara Gianna, representou na reunião o Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para ela, deveria ocorrer uma mudança no processo de repasse de preservativos por parte do governo federal aos Estados. "Recebemos milhares de camisinhas na nossa central em São Paulo, mas leva um tempo para elas irem aos municípios e os trâmites de logísticas são complicados. Talvez esses insumos pudessem ser enviados diretamente para algumas regiões do Estado", sugeriu.
Do total de preservativos distribuídos pelo governo, 80% são de responsabilidade da União, 20% dos Estados e os municípios fazem as distribuições complementares, informou Clara.
A Coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo, Maria Cristina Abbate, criticou o fato dos preservativos femininos não aparecerem entre as prioridades dos insumos de prevenção. "A todo o momento, falamos que temos que combater a feminização da epidemia, mas as discussões sobre ampliar de fato a compra e a distribuição da camisinha para mulheres são sempre deixadas de lado", disse.
Segundo Cristina, o alto custo do produto, cerca de R$ 7 a unidade, não pode ser um empecilho para os programas de prevenção. "Nossa última compra (município de São Paulo), pagamos aproximadamente R$ 7.50 cada preservativo feminino, mas o Ministério da Saúde, comprando em grande escala, pagou menos de 2 reais", comentou. "Podemos talvez colocar nossas demandas em atas do Ministério para também pagarmos menos", acrescentou.
O preservativo masculino, também quando comprado em grande quantidade, custa em média 7 centavos.
Representando a sociedade civil, o presidente do Grupo Pela Vidda-São Paulo, Mário Scheffer, fez pesadas críticas ao Governo. "Sempre vemos anúncios do Ministério (da Saúde) de que bateram o recorde, comprando centenas de milhares de preservativos, mas quando vamos checar o número de camisinhas distribuídas nunca bate", disse. "Assim fica difícil acreditar nos números do Ministério", acrescentou.
Mário reforçou aqueles, que segundo ele, são os principais desafios no acesso aos insumos de prevenção no País: quantidade insuficiente, capacidade de distribuição limitada e materiais não chegam a aonde devem chegar, ou seja, às pessoas que precisam do produto, mas não os têm.
"Diferentemente do que fazemos na área da assistência, onde nós ativistas conseguimos ter um grande controle social e sempre alertar sobre a falta de medicamentos, na área de insumos de prevenção, temos dificuldade em fazer uma monitoria", finalizou.
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