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segunda-feira, 10 de maio de 2010

No Pará, 65% das gestantes do estado não fazem pré-natal Diário de Pará 10/05/2010

Sindicato dos Médicos diz que atendimento às mães no Estado ainda é precário

O pré-natal é o exame mais importante para as futuras mamães. Através dele, o médico acolhe a mulher desde o início da gravidez, assegurando o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar da mãe até o nascimento.

O Ministério da Saúde determina que o exame pré-natal ideal consiste em uma consulta mensal nos seis primeiros meses, quinzenalmente a partir do sétimo mês e semanalmente no nono mês. Mesmo assim, muitas mães paraenses não fazem o exame regularmente e passam até os nove meses de gravidez sem fazer nenhum tipo de consulta médica, colocando em risco sua saúde e a do filho.

E são as gestações de risco que o Hospital da Fundação Santa Casa de Misericórdia recebe todos os dias. A cada dia, são cerca de 30 nascimentos ali, sendo muitas por problemas identificados na gestação ou de mães que não fizeram consultas, em todos os municípios do Pará. "A qualidade do pré-natal tem a ver com a qualidade da consulta. Não é só examinar, simplesmente", explica José Cavalcante, obstetra responsável pelo Pré-Natal de Alto Risco da Santa Casa. "O pré-natal é medicina preventiva e exige um acompanhamento completo que, infelizmente, nem todos os municípios dispõem", avalia.

Durante o pré-natal, são realizados os exames de laboratório (ABO-RH), glicemia, VDRL, Urina Tipo I, Testagem anti-HIV, Sorologia para hepatite B e Toxoplasmose. Nas consultas, são avaliados riscos gestacionais, com a realização de exames clínicos obstétricos, imunização com antitetânica, exames de laboratório, avaliação do estado nutricional, prevenção e diagnóstico precoce de doenças como câncer do colo do útero e da mama. O pré-natal encerra com a consulta do puerpério (resguardo), até 42 dias após o parto. "Ele pode detectar doenças que a mulher já tinha e que pode comprometer a saúde dela e do bebê", diz a médica ginecologista Neila Dahás. "São doenças da gravidez, como pressão alta e a eclampsia".

A eclampsia é caracterizada pela hipertensão (alta pressão arterial) e proteinúria (presença de proteína na urina). Acomete mulheres na segunda metade da gravidez (após a 20ª semana de gestação). A própria pressão alta é muito comum em grávidas. Foi o que aconteceu com Joyce Pinto, 25 anos, moradora do município de Marituba. Ela descobriu o problema ao fazer um exame no 8º mês de gravidez. A médica a encaminhou à Santa a Casa por não conseguir ouvir o coração do bebê. O parto foi realizado com sucesso na segunda (03 de maio) e ela deu à luz a saudável Helen Patrícia.

O acompanhamento também foi importante para que Patrícia Pangracio, 37 anos, mãe de Enzo, seis anos e Nicholas Pangracio de Matos, um ano e 8 meses, tivesse uma gravidez tranquila. "Não tive enjoo e nenhum dos sintomas de grávida. Nem engordar engordei, emagreci mais de 13 quilos", lembra.

Procura baixa e qualidade de atendimento precária

"Temos mais de 140 mil gestantes por ano no Pará e somente 35% fazem o pré-natal adequado", calcula Hélio Franco, coordenador do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa). "A procura ainda é baixa e a qualidade, precária. É uma responsabilidade constitucional. Dos nascimentos do Estado, 30% são de adolescentes com grande parte de crianças com baixo peso e prematuros".

O médico relaciona os problemas que houveram até recentemente na Santa Casa a isso. "Tivemos um avanço no Sistema Único de Saúde no investimento à atenção básica", lembra. Porém, ele considera esses investimentos ainda aquém do que os municípios precisam. "Podemos avançar mais nisso".

Nazaré Falcão, da coordenação Estadual do Saúde da Mulher da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), diz que dados apontam a melhora desse panorama. O Sipresnatal - Sistema de Informação do Programa de Pré-Natal - mostra que 51.624 mães se inscreveram no programa e realizaram a primeira consulta. Porém, 52,53% do percentual das mães realizaram de 4 a 6 consultas durante a gravidez: ou seja: pelo menos a metade não cumpre normas de promoção de saúde nos municípios.

Nesse caso, caberia ao Estado apenas acompanhar esses casos. "Como são procedimentos da atenção básica, os municípios é que dão essa assistência", explica ela, lembrando que a falta de informações e a frequência no atendimento são os nós.

Peculiaridades

Em locais de difícil acesso no Estado, acabam sendo as parteiras as responsáveis pelo nascimento de muitas crianças. Para se ter uma ideia, há 700 parteiras no Estado, segundo o Ministério da Saúde. A cada ano, são cerca de oito mil partos domiciliares no Pará.

Nesta segunda-feira, se as previsões estiverem corretas, Jaqueline, 16 anos, deve dar à luz seu primeiro filho. A gravidez de Jaqueline não foi complicada, mas só na última semana ela resolveu procurar assistência médica para fazer um pré-natal, em Novo Horizonte, Aurora do Pará."Quero que meu filho fique bem. É só isso que quero para ele", diz.

Clipping Bem Fam(10/05/010)

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