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quinta-feira, 11 de março de 2010

O despertar político e social da mulher

O despertar político e social da mulher

Autor(es): Carlos Alberto Rabaça

Jornal do Brasil - 10/03/2010

RIO- Quando, em 1857, operárias de uma fábrica em Nova York reivindicaram uma jornada mais justa de trabalho e um melhor salário, sem temer ameaças e represálias e à custa de suas próprias vidas, teve início no mundo inteiro o movimento feminino que rompeu barreiras e derrubou obstáculos. Mulheres começaram a escalar os degraus do poder no mundo ocidental, ainda no século 19, em campanhas pelo direito do voto que chocaram seus contemporâneos. No século 20 continuaram a luta para que os homens reconhecessem o valor de sua opinião e de sua força de trabalho. No Brasil, a partir de 1922, com a organização da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, sob a direção de Berta Lutz, iniciou-se a luta pelo direito do voto, mas a mulher só alcançaria o direito de votar e ser votada pelo Código Eleitoral de 1932. No ano seguinte, a mulher participou ativamente da campanha eleitoral, elegendo a primeira deputada da história brasileira, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz, e a professora Almerinda Farias Gama que integrou a Assembleia Constituinte de 1934.

A partir de 1942, depois de vários anos de ditadura, as forças políticas democráticas começaram a se rearticular e a lutar contra o Estado Novo.Mais uma vez a mulher esteve presente, de forma ativa, contra a entrada do Brasil na guerra contra o nazi fascismo, na luta pela anistia, pela Constituinte e pela liberdade de expressão. Com a redemocratização, em 1945, a mulher passou a ter maior participação nos partidos políticos e em entidades classistas.

O início da década de 60 assinalou o avanço significativo de forças sociopolíticas, que colocaram na ordem do dia um conjunto de exigências com o objetivo de promover mudanças democráticas no país. Nessa conjuntura a mulher esteve presente nas lutas políticas, junto a forças conservadoras ou revolucionárias, que culminaram com o movimento militar de 1964. Nos anos seguintes a participação política da mulher e de toda a sociedade brasileira sofreu uma queda brusca com a implantação do regime de exceção. Na década de 70, as forças democráticas se reorganizaram e se articularam numa ampla frente contra o regime ditatorial, e, nesse contexto, ressurgiu com maior vigor a participação política da mulher nos mais variados setores de atividades. Mulheres brilhantes romperam barreiras e foram marcantes no processo histórico das reivindicações femininas, como a jornalista polemista Adalgisa Nery, eleita para três mandatos até sua cassação em 1969; Carmen da Silva, jornalista feminista que fez a cabeça de suas leitoras; Cecília Meireles defendeu a modernização da educação brasileira; Eneida de Moraes, linha de frente na defesa de temas como anistia e organização de associações; Helena Ferraz, crítica irreverente e satírica; Hilde Weber, caricaturista que retratou fatos políticos e seus personagens; Lena Frias, a repórter que denunciou o colonialismo cultural; Nair de Teffé, a Rian, que escandalizou a sociedade do século passado e irritou políticos como Rui Barbosa;Elvira Boni, militante anarcossindicalista e líder no movimento operário; Carmem Ghioldi e Olga Benário, sacrificadas por seus ideais socialistas.

Ainda na década de 70, o movimento feminino ressurgiu fortemente contra o custo de vida. Outra reivindicação importante nesse período é a luta por creches nos locais de trabalho e moradia, objetivos que são perseguidos até os dias de hoje. Alguns dados estatísticos conhecidos demonstram a mudança de status da mulher na sociedade brasileira. As mulheres representam 41 % da força de trabalho no nosso país. Hoje elas chefiam 35 % dos lares, respondem por 46 % das transações com cartões de crédito e estão à frente de 52 % das pequenas e microempresas, segundo pesquisa da SD&W. Há muito mais mulheres que terminaram a universidade, informa o IBGE com dados de 2009. A parcela de mulheres ocupadas com nível superior completo era de 19,6 %, superior ao dos homens, com 14,2 %. Na faixa dos adultos, em torno de 30 anos, elas já investem 50 % a mais que os homens em educação, aumentando a escolaridade das que procuram trabalho. A participação da mulher na vida política e social é significativa,vencendo assim a batalha do preconceito, haja vista a presença de vereadoras, deputadas, senadoras e ministras no Legislativo e Executivo do nosso país, além de executivas nas grandes empresas nacionais e internacionais

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