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domingo, 28 de março de 2010

Justiça foi feita mas vazio ficou, diz mãe de Isabella


Agência Estado

Justiça foi feita mas vazio ficou, diz mãe de Isabella




Sáb, 27 Mar, 04h04

"A justiça foi feita, mas o vazio ficou. Minha filha não vai voltar", disse a mãe de Isabella Nardoni, Ana Carolina Oliveira, sobre o resultado do júri que condenou o casal Nardoni pela morte da menina. Ana Carolina falou, na tarde deste sábado, por cerca de 20 minutos com repórteres que estavam em frente ao prédio onde ela mora com pais, na Vila Maria, zona norte da capital. Ela desceu acompanhada de parentes e da mãe, Rosa Maria Oliveira. Durante toda a entrevista, ficou abraçada a uma menina, filha de uma vizinha.


"Minha vida vai entrar em uma nova fase", afirmou ela. Ana Carolina estava tranquila no início da entrevista, mas ficou abalada e chorou quando falou da filha, morta em 29 de março de 2008.

Aparentando muito cansaço, Ana Carolina disse que só conseguiu dormir por volta das 5 horas da manhã, pois "a adrenalina estava alta". Ela disse que o juiz Mauricio Fossen foi muito competente e que a condenação de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foi justa. Ela afirmou ainda que estava muito confiante nessa condenação, pois todas as provas estavam no processo.

Ana Carolina também descreveu a sala do Fórum de Santana, na zona norte da capital, onde ficou confinada durante quatro dias. Segundo ela, era uma sala pequena, sem ventilação e sem janelas. Ela chegou a ser encaminhada à enfermaria do Fórum com queda de pressão.

A mãe de Isabella disse ainda que a terapia ajudou a enfrentar o momento em que prestaria o depoimento, mas quando falou aos jurados regrediu ao estágio emocional no qual se encontrava há dois anos, quando a filha morreu.

O Tribunal do Júri condenou o casal nesta madrugada. O pai de Isabella ficará 31 anos, um mês e 10 dias na prisão, enquanto a madrasta pegou 26 anos e oito meses de reclusão, segundo sentença definida pelo juiz Maurício Fossen.

Já a avó materna de Isabella Nardoni, Rosa Maria Cunha de Oliveira, afirmou que a família Oliveira está muito aliviada com a decisão da Justiça. "Não é porque eles têm dinheiro que iriam ficar impunes", disse Rosa.

"Eles (Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá) foram condenados porque foram eles (que cometeram o crime)". Ela afirmou ainda que a condenação é um exemplo para as pessoas que pensam que um crime como esse pode ficar impune.

Regime fechado

O casal Nardoni foi condenado por homicídio triplamente qualificado (meio cruel, sem defesa para a vítima e para assegurar impunidade em outro crime), além de fraude processual. Por esse crime, Nardoni e Anna Jatobá pegaram, cada um, mais oito meses de prisão em regime semiaberto.

Na sentença, o juiz Maurício Fossen afirmou que as penas ficariam acima da base definida no Código Penal em razão da "culpabilidade" do casal e das circunstâncias, em que os réus, disse, demonstraram "frieza emocional e insensibilidade acentuada".

Ao contrário do clima tenso e de hostilidade na saída do Fórum de Santana, foi muito tranquila a chegada dos Nardoni aos presídios localizados em Tremembé, a 140 km da capital, onde deverão cumprir suas respectivas penas.

Na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, poucos repórteres e nenhum curioso aguardavam a chegada de Alexandre Nardoni, que ocorreu por volta das 2h50 deste sábado. Dez minutos depois, o comboio que conduzia Anna Carolina Jatobá chegou à Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, que fica no centro de Tremembé.

Anna Jatobá ficará detida em regime fechado pelos próximos nove anos, quando terá cumprido dois quintos da pena e poderá pedir o semiaberto. Nardoni terá de cumprir 11 anos de prisão antes de poder requerer o mesmo benefício.

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