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sábado, 13 de março de 2010

Comissão de DST/Aids gera polêmica

Comissão de DST/Aids gera polêmica

A criação de uma comissão especial para tratar de assuntos referentes à Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids), dentro do Conselho Municipal de Saúde, votada e aprovada em reunião do Consaúde nesta semana, está gerando polêmica entre profissionais que atendem os portadores de HIV/Aids na cidade. Enquanto o representante da Ong SOS-Vida e da Pastoral da AIDS - CNBB , o psicólogo Antônio Carlos de Souza Pires (Cal), que há mais de 12 anos criou a entidade para atender pacientes soropositivos e seus familiares, defende a criação da comissão especial sobre o assunto, a coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids e enfermeira Maria Inês Ferreira, que há mais de 20 anos trabalha com portadores do vírus HIV, é contrária à iniciativa, por considerar que o atendimento aos portadores de DST/Aids não apresenta problemas que justifiquem a criação de uma comissão específica sobre o assunto.
“Acho estranho que se crie uma comissão sobre DST/Aids, dentro do regimento do Consaúde, quando Petrópolis tem problemas muito mais graves que deveriam ser priorizados. A minha opinião como coordenadora do programa municipal de DST/Aids é que não se justifica a criação de uma comissão para tratar de um assunto que não está entre os maiores problemas do município”, afirma Maria Inês, lembrando que o Programa Municipal de DST/Aids de Petrópolis é referência nacional.
Ao contrário da coordenadora do programa municipal, o representante do SOS-Vida, Antônio Carlos Pires, defende que a comissão especial de DST/Aids é um avanço para a cidade. “Vemos que esta é uma tendência nacional. A existência de uma comissão permanente é um avanço para o movimento social. Significa que mais uma vez Petrópolis está saindo na frente. A intenção com a criação dessa comissão é fortalecer um trabalho que já é bom na cidade. Se Petrópolis é reconhecida, queremos fortalecer esse trabalho. O município e as pessoas só têm a ganhar com isso. Algumas pessoas não tiveram o entendimento disso e foram contrárias à criação dessa comissão, mas estamos com todo respaldo. A criação da comissão teve o apoio de todos os vereadores, foi votada e o resultado foi a demonstração de união e coesão da sociedade civil”, afirma Antônio Carlos Pires.
O representante do SOS Vida acrescenta que a ong e a Pastoral da Aids estão dispostos a contribuir com o trabalho da Secretaria Municipal de Saúde. “Aprovamos a criação dessa comissão, que foi uma proposta do conselheiro Thiago Pires. Estamos trabalhando pela aprovação dela desde janeiro e agora isso se concretizou. Trabalho com portadores de HIV há 19 anos. A função do poder público é cuidar dessa questão, e nós do SOS Vida e da Pastoral da Aids estamos abertos a contribuir e fortalecer o bom trabalho que vem sendo feito”, finaliza Antônio Carlos.
Maria Inês, que está há sete anos à frente da coordenação do Programa Municipal de DST/Aids, lembra que o programa sempre esteve aberto a dialogar com as entidades, mas reafirma que não entende a necessidade de criação de uma comissão somente para tratar da questão das DST’s. “O programa sempre atuou junto com as ong’s. Eu gostaria de entender a criação dessa comissão, porque não existe demanda para isso, não temos problemas no atendimento a pacientes de DST/Aids em Petrópolis. Acho fundamental o trabalho do Consaúde, mas não que isso esteja voltado apenas para uma causa que não está entre os maiores problemas do município”, afirma, acrescentando: “Estamos abertos a conversar com as entidades e com os vereadores sobre as políticas públicas de DST/Aids que vêm sendo aplicadas. Nosso trabalho é transparente. Nossa prestação de contas e nosso relatório de atividades estão disponíveis para quem quiser ver. Nossas ações são baseadas tecnicamente nas questões epidemiológica e comportamental do município. Convido todos os vereadores e o Conselho Municipal de Saúde a conhecer e fiscalizar o Programa Municipal de DST/Aids”, finaliza Maria Inês Ferreira.

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