"Supervirus" da AIDS chega a BAURU e infecta 80 pacientes
Uma mutação mais poderosa do vírus da aids tem preocupado as autoridades de saúde brasileiras. Chamada popularmente de “supervírus”, a mutação multirresistente do HIV é conhecida pelos especialistas desde o início dos anos 80, época em que a doença foi identificada pela primeira vez.
Nos últimos tempos, porém, o supervírus tem assustado os médicos pela agressividade com que se manifesta. Enquanto uma pessoa infectada pela forma comum do HIV pode demorar até dez anos para apresentar os primeiros sintomas da moléstia, um indivíduo que apresente a mutação multirresistente em seu organismo cairá doente em menos de um ano e meio.
A Secretaria Municipal de Saúde estima que aproximadamente 80 pacientes com aids em Bauru estejam infectados pelo supervírus. Esse número representa em torno de 10% do total de indivíduos que se submetem a tratamento contra a doença na cidade.
A infectologista Maristela Pastore de Oliveira, chefe do Serviço de Moléstias Infecciosas da Secretaria Municipal de Saúde, explica que o supervírus é capaz de resistir a vários medicamentos usados no combate à aids. “O coquetel utiliza cinco classes de remédios. Dessas, pelo menos três não surtem efeito contra o vírus multirresistente” , salienta.
De acordo com Oliveira, a situação tende a se tornar mais crítica no caso de o paciente já estar com o vírus inoculado e voltar a ser infectado pelo HIV. “Nessas situações, o tratamento se torna mais complicado, pois cada medicamento é eficaz para um tipo específico de vírus. Por isso, é importante que a pessoa use sempre preservativo durante as relações sexuais, mesmo que apresente o HIV em seu organismo”, afirma.
A não adesão do paciente ao tratamento é um outro fator que ajuda a fortalecer o vírus. Atualmente, grande parte dos especialistas acredita que o HIV tende a se tornar mais agressivo e resistente a remédios quando o portador da doença não segue à risca as recomendações médicas.
Oliveira reconhece, porém, que a rotina dos pacientes não é das mais fáceis. “Uma pessoa que esteja com o quadro controlado toma, em média, três comprimidos ao dia. Há situações, porém, em que o indivíduo precisa ingerir mais de 20 pílulas diárias”, explica.
Pessoas em tratamento contra a aids têm que seguir uma rotina bastante regrada. Além de tomar os remédios na hora certa, precisam adotar uma dieta balanceada e evitar todo tipo de excesso. Álcool, por exemplo, nem pensar.
Entre 1984 e o ano passado, foram notificados 1.899 casos de aids em Bauru, dos quais cerca de 1.200 resultaram em algum tipo de tratamento. Do total de doentes identificados no período, quase metade acabou vindo a óbito.
Diagnóstico precoce ajuda
Segundo a infectologista Maristela Pastore de Oliveira, chefe do Serviço de Moléstias Infecciosas da Secretaria Municipal de Saúde, o diagnóstico precoce favorece o tratamento dos portadores do HIV. “Se a infecção é descoberta mais cedo, fica mais fácil de ser controlada”, afirma.
Nos últimos tempos, porém, as autoridades sanitárias de todo o País têm enfrentado problemas para fazer esse diagnóstico precoce. Muitos portadores do vírus só procuram auxílio médico depois que os primeiros sinais da doença se manifestam.
Aliás, é bastante complicado para um leigo identificar os sintomas iniciais da aids. “Os sinais costumam variar. O paciente pode apresentar desde diarreia até emagrecimento acentuado”, afirma Oliveira. O exame para detecção da doença pode ser feito gratuitamente em qualquer unidade básica de saúde. Atualmente, o resultado demora em média quatro semanas para ser divulgado.
A Secretaria Municipal de Saúde também disponibiliza testes rápidos de aids no Centro de Testagem e Aconselhamento. O procedimento (que inclui uma entrevista de triagem com especialistas) dura cerca de uma hora e o resultado do exame é conhecido no mesmo dia. Porém, os interessados precisam agendar horário com antecedência.
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