ONGs fomentam discórdia e põem acordo em risco
Autor(es): Fiona Harvey, Financial Times
Valor Econômico - 01/02/2010
As negociações sobre mudanças climáticas foram reiniciadas no fim de semana, depois que a cúpula caótica em Copenhague terminou com um acordo parcial.
O penoso processo -já em andamento desde 1992 -, pretende concluir até o final deste ano um tratado com força de lei que seria o primeiro a exigir de países desenvolvidos e de países em desenvolvimento uma limitação de suas emissões de gases-estufa.
Se a ONU e os defensores de tal acordo estão seriamente empenhados em seus propósitos, a melhor coisa que poderiam fazer seria manter os ambientalistas de fora do processo. Os grupos ativistas verdes desempenharam um papel extremamente destrutivo nas duas semanas da Cúpula de Copenhague. Eles fomentaram a discórdia entre os países em desenvolvimento e sua rejeição a todos as composições deram cobertura aos governos interessados no fracasso das negociações. Céticos quanto à realidade das mudanças no clima alegraram-se: os verdes estavam fazendo um trabalho muito melhor do que eles seriam capazes, no sentido de destruir Copenhague.
Copenhague estava fatalmente destinada a ser um fracasso, aos olhos de grupos ativistas como Greenpeace, Friends of the Earth e Oxfam. Os governos dos países desenvolvidos nunca poderiam satisfazer suas exigências para reduzir as emissões em 40% até 2020, em comparação com os níveis de 1990.
Sem a distorção das "lentes verdes", no entanto, o acordo não pode ser tão facilmente desprezado. As cenas de caos nas horas finais da cúpula puseram em segundo plano sua conquista: as maiores economias do mundo, ricas e pobres, concordaram, pela primeira vez, em reduzir as emissões e limitar o aquecimento mundial.
Antes da cúpula, os objetivos da ONU eram de que os países ricos deveriam fixar metas de redução de emissões para 2020; que os países pobres deveriam concordar com medidas para conter o crescimento das emissões; que o mundo rico deveria disponibilizar financiamento aos pobres; e que os governos devem estabelecer um calendário para um acordo com força de lei.
Os três primeiros foram alcançados. Houve uma ressalva: os governos não especificaram suas metas de emissões, mas deveriam fazê-lo até 31 de janeiro.
Não foi, então, o fracasso absoluto que muitos alegaram. É verdade que resta definir muitos dos detalhes: por exemplo, de que forma elevar para US$ 100 bilhões por ano o montante que os países ricos comprometeram-se a disponibilizar até 2020. O acordo também não foi tecnicamente aprovado na íntegra, graças as "travessuras" de um punhado de países, principalmente Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Sudão.
A próxima tarefa, converter o acordo num tratado com força de lei será muito mais difícil do que as negociações até agora. Numa série de reuniões que culminarão no México, em dezembro, os grupos verdes poderão causar ainda mais estragos.
Cortesia: Clipping Bem Fam(01/01/010)
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