O Brasil vai continuar enfiando remédio anti-aids em quem ainda nao precisa, até quando?
Alexandre Grangeiro tá certo.
Precisamos discutir isso nos encontros das redes, dos erongs, enongs.
Até quando pessoas que nao precisariam estar vivendo com efeitos colaterais dos antiretro-virais vão ter que tomar remedios?
O ESTADO DE S. PAULO - SP | VIDA
AIDS | DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVEIS
14/02/2011
Dados indicam que pode estar ocorrendo excesso do uso de medicamento sem benefício imediato para os pacientes
O estudo feito por Alexandre Grangeiro sugere que a antecipação do início do tratamento de pacientes com AIDS, recomendada pela Organização Mundial da Saúde e adotada por vários países - incluindo o Brasil -, não esteja provocando o impacto esperado nas estatísticas da doença. "Outros trabalhos precisam ser realizados. Mas os números até agora apresentados indicam que a estratégia pode estar provocando o excesso do uso de medicamento sem benefício imediato para pacientes", completa.
Quando o paciente tem confirmada a infecção, é submetido a testes para verificar a contagem de células T, encarregadas da defesa do organismo, e de carga viral, que identifica o nível de circulação do HIV. Somente quando o paciente atinge determinados limites o tratamento com remédios para combater a infecção começa a ser indicado.
Esse limite foi alterado pela Organização Mundial da Saúde. O tratamento começa a ser feito quando os níveis das células de defesa do organismo estão numa quantidade maior que no passado, o que indicaria um estágio menos avançado da infecção. "A decisão foi adotada tomando por base estudos que demonstravam que o risco de morrer entre pacientes que seguissem esse tratamento era um quarto do risco que corriam os que começassem a usar a medicação no período tradicional", observa Grangeiro.
No entanto, ele observa que a morte entre pacientes que iniciam o tratamento em período adequado já é um evento raro. "Há um risco menor. Mas, por outro lado, o uso de medicamentos também tem riscos: efeitos colaterais, risco maior para resistência. É preciso verificar até que ponto isso vale a pena", diz.
Para ele, há outro ponto importante: o acesso ao medicamento. "No Brasil, não há dúvida de que todos terão remédio garantido. Mas em países africanos, a realidade é outra." Com isso, o que pode ocorrer é a oferta de remédio para pessoas que clinicamente estão em boas condições, em prejuízo de outras que dependem diretamente da medicação para continuar vivendo.
O diretor do DEPARTAMENTO DE DST, AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Dirceu Greco, diz que não há razões para dúvidas. "Por menor que seja o ganho, vale a pena."
Liorcino Léo Mendes
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